— Esse povo esquece que tem fãs de verdade assistindo. Criança vendo.

— Sim, é ridículo, mancha a imagem da indústria inteira.

Os passos se afastaram rindo.

A porta fechou.

Fiquei ali, sentado, sem mover um músculo.

O silêncio voltou. Mas era outro agora.

Mais pesado. Mais real. Mais sujo.

As palavras ficaram na minha cabeça, ricocheteando como se tivessem sido ditas diretamente para mim. Como se cada sílaba tivesse sido escrita na minha pele.

Abaixei a cabeça.
Fechei os olhos.

E pela primeira vez desde tudo isso...
Eu quis chorar.

Mas nem isso veio.

Me apoiei na lateral da cabine como se meu corpo pesasse mais do que o normal. Saí do banheiro como se nada tivesse acontecido.

Entrei no camarim e Minji estava ao telefone, de costas. Aproveitei o momento e fechei a porta com cuidado, trancando a maçaneta sem que ela percebesse.

Dei dois passos até o meio da sala.
Parei.

As palavras voltaram, uma a uma.

"Que nojo."
"Ele bêbado nas costas do outro."
"Imagina se isso vira normal?"

Pressionei os dedos contra o peito, como se quisesse estancar alguma coisa ali dentro.

O ar começou a falhar.

Me apoiei na penteadeira, a luz dos espelhos me cegando.

Os olhos ardiam.
A garganta fechava.

Tentei respirar fundo, mas parecia que tinha um nó amarrado no meio do peito.

Meus joelhos cederam.
Me sentei no chão.
A respiração descompassada, rápida demais.
As mãos tremiam.

O chão estalou sob meu peso. A madeira fina do camarim cedeu um rangido curto, mas alto o bastante.

Minji virou na hora, ainda com o celular na orelha.

— Ji-hoon?

Ela me olhou de relance, talvez esperando uma resposta qualquer — um "estou bem", um "só cansei".

Não respondi e ela prestou mais atenção. Parou de falar ao telefone no mesmo segundo.

— Espera um minuto... — murmurou para quem estava na linha e depois tirou o celular do ouvido. — Ji-hoon...? — agora a voz dela tinha mudado. Ficou mais baixa. Quase fraca.

Me encolhi mais, tentando respirar.
Mas o ar não entrava direito. Era curto, superficial, como se meu próprio corpo tivesse travado.

— Ei — me sacudiu, abaixando um pouco pra ficar na minha altura — O que está acontecendo?

Silêncio. Mãos tremendo. Suor escorrendo. Ar faltando.

— Você está tendo uma... — ela parou, engolindo seco — uma crise?

Senti minha cabeça balançar em um quase "sim".

— Merda... — ela murmurou, agachando completamente. — Respira comigo. Está me ouvindo? Respira comigo. Aqui, ó. Devagar. Assim...

Ela levantou uma mão no ar, guiando o ritmo da própria respiração.

— Inspira... isso. Agora solta. Mais uma vez. Isso.

Minji estendeu a mão, mas não me tocou.
Ficou ali, do meu lado. Sem forçar. Sem gritar.

— Está tudo bem você sentir isso, tá? — ela disse, com a voz mais firme agora. — Não precisa esconder. Eu tô aqui. A gente vai passar por isso. Mas respira, Ji-hoon. Por favor.

Fora do Script Where stories live. Discover now