A expressão dele era dura.

— Está me seguindo agora? — perguntei.

— Não.

— Então o quê?

— Vim atrás de você — ele respondeu, simples.

Soltei uma risada curta, sem humor.

— Engraçado. Porque hoje parece que você estava ocupado demais.

Ele não respondeu de imediato.

Me encarou.

— Você viu.

— Todo mundo viu. — Dei de ombros. — Parabéns pelo namoro.

Ironizei. Talvez a bebida esteja me afetando muito.

— Ji-hoon... não aconteceu nada.

— Mas você sorriu.

Silêncio.

— E você também estava sorrindo — ele rebateu.

Dei dois passos pra frente.
Fiquei bem na frente dele.

— Eu sorrio pra muita gente, faz parte do meu trabalho.

— Não era o sorriso do trabalho.

Arqueei a sobrancelha.

— Agora você analisa meus sorrisos? — pisquei os olhos rápido, tentando não deixar tudo borrado.

— Quando são para outros caras, sim.

Soltei o ar com força.
A cabeça rodava um pouco.
Mas não o suficiente pra esquecer.

— Você está com ciúmes?

Ele me olhou como se a pergunta fosse ridícula.

— Estou tentando entender o que está acontecendo.

— Está acontecendo que eu estou tentando viver. E você...

— Eu o quê?

— Você me beija como se fosse me engolir — disparei, rápido demais. — Mas depois desaparece. E quando aparece... é com outra pessoa.

— Ji-hoon você está bêbado, não está falando nada com nada. — ele suspira forte. — Aquilo não foi nada, Ji-hoon, somos amigos.

Revirei os olhos e balancei a cabeça, rindo com amargura.

— Então por que está aqui? — Cruzei os braços. — Se não foi nada, por que você atravessou a cidade só para sentar calado do meu lado?

Ele abriu a boca, mas hesitou.

— Eram meus amigos — continuei. — Você sabe disso.

— Eu sei. — a voz dele veio baixa, quase um sussurro. — E mesmo assim, eu quis tirar um por um daquela mesa.

— Por quê?

Ele passou a mão no rosto, como se tentasse organizar as palavras que não queria dizer.

— Se você estava chateado, por que não falou comigo depois daquela matéria? — a pergunta veio crua, sem pausa. — Por que você não perguntou o que era? Não pediu explicação?

— Porque eu não queria te cobrar nada — respondi. — Porque eu achei que... se eu perguntasse, eu ia ouvir o que não queria.

Ele ficou me encarando por segundos longos. A respiração pesada, os olhos vacilando entre a minha boca e o meu olhar.

— Então pergunta agora.

— O quê?

— Me pergunta. — Um passo mais perto. — Pergunta se eu gosto de você. Se eu senti ciúmes hoje vendo você com meninos, sorrindo. Se a matéria era verdade. Se eu gosto dela. Se nós temos alguma coisa.

Fora do Script Where stories live. Discover now