Não era meu estilo sair do nada e nem convidar assim. Mas parecia que eu precisava.

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O bar não era grande, mas tinha um clima bom. Luz baixa, música leve, mesa no canto reservada só pra gente. Ryeoun, Min-jae e Min-young riam de alguma coisa boba, jogando conversa fora.

Por um momento, parecia que a cabeça havia dado um tempo. Nem pensei em notificação, nem em sorrisos alheios. Pensei somente no Soju na minha mão e na liberdade de poder falar qualquer besteira sem câmera por perto.

Até que percebi. Duas mesas adiante, alguém com uma câmera profissional pendurada no pescoço. Tentando disfarçar, mas de olho na nossa direção.

Fingi que não vi. Mudei de lugar com Ryeoun e fiquei mais pro fundo.

— Estão tirando foto, né? — Min-jae confirmou.

Assenti com a cabeça, mas deixei pra lá. Essas coisas aconteciam, eu só precisava me esconder mais um pouco.

Cerca de trinta minutos se passaram. Estávamos na terceira garrafa cada um, corpos mais soltos, cabeças mais leve e conversas mais bobas ainda.

Foi aí que ele apareceu.

Choi entrou como quem não devia estar ali. Casaco escuro, boné baixo, olhar direto. Pisquei meus olhos algumas vezes, pensando que eu estava vendo coisa, mas o álcool não nos fazia alucinar.

Os meninos ficaram em silêncio por um segundo. Surpresos.

— Olha quem está aqui! — Ryeoun foi o primeiro a dizer. Se levantou o cumprimentou o amigo.

— Vi que vocês estavam aqui — disse, simples. — Resolvi passar.

Sentou numa das cadeiras vazias, direto ao meu lado.

Mas não me olhou.
Nem por um segundo.

Cumprimentou o resto com um aceno e ficou em silêncio. Postura reta. Queixo travado.

A presença dele pesava.

Eu fiquei parado.
O copo ainda na mão.
Os olhos fixos na mesa.

Não sabia o que ele estava fazendo ali e nem como descobriu que estávamos ali.

A terceira garrafa já estava pela metade quando os risos começaram a sumir.

Um por um, os meninos foram indo embora.
Primeiro Ryeoun, depois Min-jae e Min-young.
Até que sobrou só nós dois.

Choi não havia encostado uma gota da álcool na boca a noite inteira. Mas não arredou o pé.

O bar já estava esvaziando. O som mais baixo, os garçons recolhendo copos e guardanapos.

Eu olhei para o copo meio vazio na minha frente, depois pro relógio.

Dei uma risada leve.
Talvez mais para mim mesmo.

Levantei meio torto, empurrando a cadeira com o joelho.

— Está indo? — ouvi a voz dele, baixa, atrás de mim.

Assenti, sem olhar.

Dei dois passos e senti os dedos dele no meu braço, puxando de leve. Eu puxei de volta, firme.

Comecei a andar. A porta do bar se abriu com o sino tilintando e o ar da rua bateu no rosto. Frio. A rua estava quase deserta. As luzes alaranjadas dos postes iluminavam pouco.

— Ji-hoon. — ele chamou, mais uma vez.

Parei.

Virei devagar, com o corpo já quente da bebida, mas o olhar firme.

Fora do Script Where stories live. Discover now