O silêncio voltou por um tempo. Ela mexeu no celular e eu fiquei encarando minha própria mão sobre o joelho.
Minji se levantou.
— Só me avisa se for. E por favor... leva um boné. E uma máscara. E juízo. Porque coração... você já deixou com ele faz tempo.
Ela saiu sem me esperar responder.
Levantei, fui até a sacada e fiquei olhando a cidade lá fora. Do vigésimo andar, tudo parecia distante o bastante para não doer tanto.
Peguei o celular, abri a conversa com o Choi. Os últimos envios dele ainda estavam ali: as mensagens não respondidas, os áudios curtos, os emojis que ele tentava usar para parecer casual.
Escrevi.
Onde você queria ir?
Enviei.
Bloqueei a tela. Larguei o celular na mesa da cozinha e fui tomar banho. Quando saí, mais de uma hora depois, a notificação estava lá.
Tenho uma casa em Jeju. Meio afastada. Podemos ir pra lá, sem alarde esse fim de semana, se você não tiver nada.
Meu coração acelerou. A ideia de uma viagem já era intimidadora o suficiente. Mas para Jeju... só nós dois?
Passei a mão no rosto, respirei fundo. E, pela primeira vez em muito tempo, digitei uma mensagem sem pensar demais.
Ok. Me passa o endereço.
Logo em seguida, abri a conversa com a Minji.
Pode cancelar meus compromissos de sexta à noite até domingo? Diz que eu estou gripado ou algo assim. Preciso sair um pouco.
Ela respondeu quase na hora:
Você está falando sério? Achei que iria ver ele só por algumas horas, mas o final de semana todo?
Estou. Me cobre depois, se quiser. Mas dessa vez... deixa. Por favor.
Demorou alguns minutos até vir a resposta:
Tá. Mas me deve alguns presentes, soju e uma caixa de vitamina C.
Sorri pequeno.
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Fui até o armário, peguei uma mala pequena.
Nada muito chamativo. Algumas roupas leves, o moletom preto de sempre, um boné. Máscara. Óculos escuros.
Era uma sexta-feira nublada quando deixei Seul.
Minji me olhou torto na garagem do prédio, encostada no carro dela, os braços cruzados. Não disse nada. Só me entregou uma sacola com lanches saudáveis e uma garrafinha térmica.
— Vai. Antes que eu mude de ideia. — murmurou.
Assenti em silêncio. Entrei no carro. O motor ligou e a música começou baixinha, como se até ele soubesse que aquele não era um dia qualquer.
Foram cerca de seis horas de viagem até o porto. Peguei a balsa com o carro e, de lá, mais uma hora dirigindo até o ponto mais afastado da ilha onde a casa do Choi aparentemente estava. Decidi ir de carro para não chamar atenção no aeroporto. Essa decisão me rendeu dores na bunda, por tanto tempo sentado, dirigindo.
Durante todo o trajeto, a sensação era a mesma: eu não acredito que estou fazendo isso.
Meus dedos estavam gelados no volante. A cada curva da estrada litorânea de Jeju, entre os pinheiros e o céu coberto de nuvens pesadas, minha cabeça rodava em círculos.
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Fora do Script
FanfictionNos bastidores de uma das séries mais comentadas da Coréia, dois atores com carreiras em ascensão tentam manter os pés no chão enquanto tudo ao redor parece prestes a desmoronar. Ji-hoon e Hyun-wook interpretaram personagens inesquecíveis e a químic...
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