Fora do Script

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As mãos suaram. O peito apertou.

Pensei em mandar uma resposta. Um "não quero fazer isso assim", um "isso está ficando grande demais", ou até um simples "me desculpa".

Mas não digitei nada.

Apertei o botão de bloqueio e fechei os olhos.

Naquele momento, a única coisa que eu queria...
era vê-lo.

Mas não como marketing.

Não como roteiro.

Só como ele mesmo.

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A noite parecia mais comprida do que o normal.

Zapeei pelos canais como quem procura por alguma resposta. Nenhuma apareceu. Nem um filme que me distraísse. Nem um som que me fizesse esquecer.

Aquela sensação...
Aquele peso no meio do peito...
Não era tristeza. Mas também não era exatamente ansiedade.

Era só falta.

Falta de alguma coisa que eu ainda não sabia nomear.

Olhei para o celular em cima da mesa de centro.
Pensei em ignorar.

Mas não consegui.

Peguei. Abri a conversa. Escrevi, apaguei. Escrevi de novo.

"Onde você tá?"

A mensagem foi enviada. Em menos de dois minutos, ele respondeu.

Choi Hyun-wook:
Em casa. Por quê?

Pensei mais uma vez.

Eu:
"Quer sair? Só andar. Tô precisando sair um pouco."

Mais alguns segundos.

Choi Hyun-wook:
Aquele café de antes?

Eu:
"Pode ser."

Peguei o casaco, o gorro, a máscara e desci sem avisar ninguém.

Cheguei no café e me encostei na porta.

Estava fechado.

Devia ter checado antes. Mas eu não me importava. O ar estava gelado, cortante. As mãos começaram a formigar de frio dentro do bolso.
Mas ainda assim, esperei.

Olhei para o céu escuro. Não havia estrela nenhuma.

Só o som distante da cidade dormindo.

Alguns minutos depois, vi a silhueta dele se aproximando pela calçada.

Casaco longo, mãos no bolso, cachecol preto cobrindo parte do rosto.

Parou diante de mim com uma expressão entre surpresa e confusão.

— Tá fechado — ele disse, rindo de leve.

Assenti.

— Percebi.

— E ainda está parado aqui?

Dei de ombros.

— A gente pode só andar, se quiser.

Ele pareceu avaliar por alguns segundos. Depois sorriu e assentiu.

— Tá. Mas tá um frio do caramba.

Começamos a andar pelas ruas do bairro. Era uma parte calma da cidade, quase sem carros àquela hora. As luzes dos postes davam uma iluminação amarelada ao caminho. Algumas janelas acesas. Algumas lojas fechadas. E aquele silêncio de noite de inverno.