Ela passou as mãos no rosto.
— Ji-hoon, você precisa entender. Vocês dois juntos são uma bomba-relógio. Tudo o que vocês fazem, todo movimento, todo OLHAR... vira teoria, vira matéria, vira trend.
— Eu sei. Eu sei. Mas ontem não foi nada demais, foi diferente.
Ela me encarou por um segundo. Depois abaixou o tom.
— Diferente como?
— Como se... fôssemos só dois caras cansados. Só isso.
Ela ficou em silêncio. Depois olhou ao redor e pegou o boné esquecido no sofá. Ergueu como se fosse uma prova de crime.
— Pelo menos esconde isso. Vai dar problema.
Assenti, pegando o boné e jogando dentro da mala aberta.
Ela suspirou de novo.
— Vai tomar um banho. Em dez minutos a gente desce. Eu já fiz o check-out.
Entrei no banheiro com o corpo mole, mas a mente acelerada.
Choi tinha ido embora sem falar nada.
Talvez fosse melhor assim.
Minji mal falou comigo no caminho até o carro.
Ela só jogou meus óculos escuros na minha cara, me empurrou para dentro e avisou o motorista:
— Se ele não estiver no portão em trinta minutos, perde o voo. E a carreira.
A cada curva da van, meu estômago revirava, não sei se era culpa da cerveja da noite anterior ou da tensão no ar.
Provavelmente os dois.
O aeroporto de Paris parecia mais movimentado do que nunca. Ao descer do carro, já dava para ouvir gritos. Muitos. Em coreano, francês e até espanhol.
— Ele tá ali! Ji-hoon! Ji-hoooon!
— Oppa! Saranghae!!
Minji soltou um resmungo que parecia um latido.
Fui empurrado para dentro com ela abrindo caminho na frente, como se fosse segurança.
Os fãs eram rápidos e um boné não ajudava em nada.
Câmeras. Celulares. Gente puxando meu braço.
— Oppa! Ji-hoon! Você e o Hyun-wook estão namorando?
— É verdade que ele dormiu no seu quarto?
— Por que vocês não se olham nos eventos?
Continuei andando. Olhar no chão. Mãos nos bolsos. Sem expressão.
O modo "idol silencioso" ativado.
Depois do check-in e da última chamada de Minji dizendo "Se você esquecer esse passaporte, eu juro que volto para a Coréia sem você", consegui embarcar.
E aí veio o milagre.
O assento do avião. Janela. Paz. Ar-condicionado. Travesseirinho torto.
Respirei fundo. Tinha vencido a primeira batalha do dia.
Mas, claro, a paz durou pouco.
— Você é o menino da série... da luta? — uma voz suave me chamou.
Virei devagar.
Ao meu lado, uma senhora coreana, bem vestida, cabelo perfeitamente arrumado, me olhava com o olhar fixo de quem reconheceu e não vai mais deixar em paz.
— Desculpe... posso perguntar algo?
— Claro... — murmurei, tentando manter a educação.
— Você é o garoto triste? O... como é? Si-eun?
Sorri de leve.
— Sou eu.
— Ahh... você tem mesmo cara de quem sofre muito. — Ela balançou a cabeça com pesar. — Na série eu chorei tanto... Mas na vida real, você parece mais saudável.
Assenti, sem saber se aquilo era um elogio ou uma crítica.
Ela se aproximou levemente e sussurrou:
— Mas o outro garoto... o de cabelo mais escuro... ele também estava em Paris, não estava?
Minha espinha gelou.
— Estava, sim. — respondi com cuidado.
— Vocês são próximos? Vocês... combinam muito bem juntos. — Ela sorriu como se fosse só uma avó dando conselho de namoro.
— Nós somos... colegas de trabalho.
Ela assentiu com um olhar esperto.
— Entendi. Mas olha, se não for segredo... vocês parecem felizes juntos.
Soltei uma risada fraca e me virei de novo para a janela.
— Obrigado, senhora, mas não tem nada assim.
Ela não respondeu.
Mas durante os cinco minutos seguintes, continuou me olhando com olhos julgadores, quase pedi para mudar de lugar com Minjin. Mas ela facilmente me xingaria. Esse era meu castigo por ter deixado Hyun-wook entrar no quarto.
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Fora do Script
FanfictionNos bastidores de uma das séries mais comentadas da Coréia, dois atores com carreiras em ascensão tentam manter os pés no chão enquanto tudo ao redor parece prestes a desmoronar. Ji-hoon e Hyun-wook interpretaram personagens inesquecíveis e a químic...
