23 de Novembro - Acampamento estrelado

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Hoje o dia está bem ensolarado, era possível ouvir os pássaros cantar através das paredes da penitenciária. Daquela pequena brecha da parede era possível ver os fortes raios solares, eles batiam na água que estava derramada no chão e formava um belo arco-íris.

A aura estava bem disposta e já chegou com o fone ligado. O Stein e o Vincent já acordaram tirando sarro da minha cara, mas depois pararam para ver as reportagens que o Vincent gravou. Eles ficaram a tarde toda vendo as filmagens, mas dessa vez o Vincent deixou cair da bolsa que ele guarda a câmera uma fita toda riscada com uma caneta vermelha. Eu não me lembro dele passar ela naquela câmera, mas ele guardou com tanta pressa que eu nem cheguei a perguntar o que havia nela, apenas deixei ele no cantinho dele junto com o Stein.

A manhã foi bem tranquila para falar a verdade, não teve nada de tão extraordinário, eu passei praticamente o tempo todo admirando a beleza daquela mulher, eu não sei explicar, ela me lembra tanto a Estella, desde o cabelo loiro até os lindos olhos. Quando eu tinha por volta dos meus dezessete anos eu comecei a entender que eu não queria apenas amizade com a Estella, mas sabe? O meu melhor amigo já gostava dela e ela era completamente apaixonada por ele, eu não tinha chance alguma com aquela garota dos cabelos loiros.

Em um certo dia eu estava sozinho com a Estella, nós estávamos em um acampamento junto com o Adrus; nesse tempo eles já estavam bem próximos. O adrus tinha arrumado as cabanas sozinho e até derrubou um pequeno pinheiro para fazer um pobre e humilde banco para que pudéssemos sentar. O Adrus também aproveitou e arrancou todos os galhos do pinheiro para construir uma grande fogueira. E por conta de todo esse trabalho foi dormir um pouco mais cedo. Lembro como se fosse hoje, eu e a Estella passamos a noite conversando e em certo momento se deitamos naquela grama verdinha e ficamos olhando as estrelas, estava tudo lindo a fogueira, as cabanas e aquele belo céu estrelado e principalmente a Estella com aquele vestido todo florido. O adrus por mais que fosse bonito e já tivesse ficado com várias garotas ele queria fazer diferente com a Estella, algo bonito e especial sabe? E eu queria ajudar ele, até então ambos faziam parte de mim, porém naquele dia do acampamento eu não me aguentei eu tive que falar com a Estella, então perguntei:

-Estella? Você pretende casar com o Adrus?

Ela me olhou com aqueles olhos verdes, abriu um belo sorriso e depois me disse:

-Eu quero casar, ter filhos e montar uma linda família Toomas e você não sabe o quanto sou grata por você estar do meu lado.

Eu não queria estar do seu lado Estella, não apenas do seu lado, eu queria estar com você, eu queria estar no lugar do Adrus. Mas no fundo não me arrependo, eu gostava tanto de vocês que não me importava com o que estava havendo.

Quando eram aproximadamente umas quatro da manhã o Adrus levantou, saiu da cabana e a Estella sem pensar duas vezes correu e pulou nos braços dele e depois todos nós se jogamos no rio que tinha no acampamento. Enquanto a Estella se banhava o Adrus me chamou para conversar e contou todo o plano do cinema, eu não sabia conciliar a felicidade e a raiva que eu estava sentindo, eu queria simplesmente afogar o Adrus, mas ao mesmo tempo eu gostaria muito de ver ele e a Estella se casando. Só sei de uma coisa: aquele acampamento não estava sendo iluminado pela grande fogueira, ele estava sendo iluminado pela chama da vela que eu segurava.

O tempo passou e eu nem percebi, quando voltei a si a aura nem ali estava mais, ela tinha saído a horas, os meninos já estavam até dormindo. Eu fiquei tão fascinado com as lembranças daquele acampamento que nem me atentei ao que acontecia ao meu redor, porém não me arrependo, pelo contrário, hoje eu consegui dormir tendo sonhos maravilhosos.

Diário de um injustiçado Where stories live. Discover now