19 de Outubro - Um passo para morte

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Hoje pela manhã eu só consegui lembrar dos detalhes do ocorrido de ontem. Sangue, era sangue para todo lado. Meu abdômen sangrava e eu via o ombro do Adrus sangrar junto, era um cenário completamente vermelho e assustador. Nós fomos levados para salas separadas, porém eu não parava de escutar os gritos e choro do Adrus. Os médicos levaram ele para o centro cirúrgico e eu fiquei em uma sala cheia de enfermeiros tentando parar a hemorragia.

Do centro cirúrgico eu consegui escutar um médico gritando:

-CIRURGIÃO PEDIÁTRICO PARA O CENTRO CIRÚRGICO DOIS. MENINO VÍTIMA DE BALA PERDIDA.

Essa foi a frase que mais soava nos corredores daquele hospital. Os meus olhos estavam ficando escuros e eu percebi o erro que eu cometi. Sabe aquele sentimento de sufocamento? Aquela dor que se baseia em fisgadas ardentes? Eu estava exatamente desse jeito, o meu abdômen pulsava e a minha cabeça doía. Os médicos então me puxaram para aquele centro cirúrgico que eu passei o maior sufoco. Não sai da minha cabeça aquele cirurgião mexendo nas minhas entranhas. 

Depois do meu desmaio eu apaguei, porém o meu subconsciente permaneceu ligado, e foi aí que começou o meu surto! Eu naquela hora só sentia os pontos serem arrancados e o sangue escorrendo, eu estava acordado enquanto dormir, uma loucura.

Eu estava pensando muito e pensei tanto que meu peito faltou explodir. O monitor cardíaco começou a apitar e eu senti o meu peito sendo pressionado, provavelmente uma parada cardíaca. Nesse momento eu me lembro de ver uma bela luz, uma luz forte e ardente, era Deus? Sim era ele! O homem de luz que me estendeu a mão e me abraçou, eu senti uma paz tão grande, eu não queria sair dali, mas a luz foi desaparecendo e eu fui sendo levado para um campo cheio de rosas. Lá o vento era tão suave e eu vi se aproximando de mim o Stein,ele estava tão sorridente, tão feliz! Parecia um anjo com vestes brancas e um cabelo loiro que brilhava com a luz do sol. Eu não pensei duas vezes, saí correndo e o abracei, mas ele desapareceu aos poucos e em meu braço apareceu o Adrus com um semblante tão doce e angelical, ele me olhava com aqueles lindos olhos e eu não via mais sangue nele, isso me aliviou muito, me passou tanta tranquilidade, porém assim como o Stein, ele foi sumindo aos poucos e a última imagem que eu me lembro de ter visto antes de tudo ficar escuro foi a Estella e o Adrus, ambos estavam sorrindo, eles pareciam tão felizes, Estella tinha em suas mãos um buquê de flores e Adrus estava vestido em um lindo terno azul. Eu só queria abraçá-los e pedir desculpa, porém infelizmente eles não me permitiram chegar perto, segundo Estella eu precisava voltar, eu não poderia traçar uma linha vermelha na minha vida.

Depois desse meu surto psicótico lembrando de tudo que aconteceu ontem eu desmaiei novamente e não me lembro de mais nada a não ser de um enfermeiro correndo em minha direção com um óculos de patinho amarelo, depois disso não me lembro de muita coisa apenas perdi a consciência e fui tirar uma soneca. Uma soneca perturbadora e dolorida. Eu não consegui abrir os olhos mas eu senti os enfermeiros tentando me ressuscitar.

Diário de um injustiçado Where stories live. Discover now