17 de Outubro - Refeição completa

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Hoje de manhã o Estranho de olhos azuis ainda estava dormindo, e eu aproveitei para agradecer a Deus pelas nossas vidas. O enfermeiro chegou e trouxe um pão com queijo, diz ele que seria bom a gente comer algo mais forte. Antes dele sair da sala eu puxei o jaleco dele e perguntei sobre as crianças que estavam comigo. Diz ele que elas não paravam de perguntar sobre mim e que elas receberam alta para ir para casa. O meu coração ficou tão apertado, não porque eles iriam para casa, mas pelo fato deles não terem uma! Eu por um lado sabia que naquele momento eles estavam lutando para viver.

O Stein acordou um pouco mais tarde, os remédios imunossupressores causam muito sono e por conta disso Stein dorme até mais que o habitual. Ele acordou e foi comer o pão com queijo, eu achei tão engraçado ele se sujando inteiro com os farelos de pão, parecia até uma criança comendo. Lá fora fazia um pequeno sol e o hospital ainda parecia estar se recuperando por conta da tempestade que teve na cidade.

O nosso dia foi bem cansativo e eu faltei saltar de alegria quando o médico disse que eu receberia alta. Eu peguei a caneta com vontade e assinei os papeis. Sim! O hospital é muito melhor que a prisão, porém lá eu me sentia angustiado e depressivo por conta do choro de desespero e dor das mães e pais. Por um lado eu só queria poder voltar para a minha cela e botar a minha cabeça no lugar sem ninguém me vigiando e sem algemas, sem dúvidas é muito complicado ficar em um ambiente onde os olhos são voltados somente para você, como se seu corpo fosse se transformar nos Transformers versão assassina que mata pessoas a sangue frio.

Da janela da sala era possível ver passarinhos voando, segundo o Stein são pardais. O pai do Stein era biólogo e estudava a fundo as espécies de seres que voam. O Stein tem um certo carinho pelas borboletas e lá naquele hospital era o que não faltava. Apareciam constantemente borboletas azuis, laranjas, rosas e de diversas outras cores, porém a que mais me chamava atenção era a branca, eu não sei como explicar mas ela é linda! Um dos enfermeiros que cuida da gente disse que aqui é repleto de borboletas por conta do jardim botânico que fica do lado do hospital.

Durante a tarde eu e o Stein ficamos contando histórias de quando éramos menores e não aguentamos de tanto rir das histórias um dos outros. O Stein disse que quando uns três anos entrou no quarto do pai dele e achou uma coleção de borboletas, lá tinham borboletas de todas as cores e elas voavam dentro de um vidro. O pai do Stein estava estudando essas borboletas a meses pois queria conhecer o comportamento delas, mas o pequeno Stein jogou os potes no chão e todas saíram voando. O pai do Stein geralmente era bem agressivo, mas naquele dia ele se surpreende com o comportamento das borboletas. Praticamente todas aquelas criaturas estavam rodeando o Stein e pousando livremente sobre o corpinho pequeno do estranho de olhos azuis. O pai do Stein estão naquele dia não bateu nele mas fez algo diferente, o levou até um jardim que tinha no centro de pesquisa que ele trabalhava. Segundo o Stein, lá tinham vários insetos livres e não escapavam por causa de uma cápsula no teto, mas todos ficavam livres voando. O pai do Stein conseguiu uma resposta clara sobre o comportamento das borboletas, não pelo seu estado natural mas pelo seu contato com o Stein e a partir daí o Stein ficou conhecido como o encantador de borboletas.

Por volta das dez horas da noite uma leve garoa começou a descer no céu de Pamplona e eu e o Stein fomos dormir um pouco mais cedo, nem se quer esperamos a janta, apenas caímos no sono. Me sinto tão grato de ter ao meu lado esse espetacular caçador de borboletas.

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