24 de setembro - O desespero de um pai

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O dia hoje amanheceu até que bem calmo comparado aos outros dias,algo que para mim é muito bom! Eu gosto de ter um tempinho de silêncio para ler os meus livros que atualmente estão sendo minha válvula para se livrar da ansiedade. O senhor Tamik está me ajudando a passar o meu tempo me dando pequenas dicas de xadrez,porém depois do ocorrido na semana passada ele sempre esconde as peças após o término dos jogos,segundo ele o seu objetivo é me defender,algo que deveria ser ao contrário,eu que deveria defender ele,mas fazer o que?!

Pela primeira vez depois de dias, os carcereiro liberaram os presos para tomar um banho de Sol, e foi uma das melhores coisas que já me aconteceram aqui dentro,foi completamente fascinante ver a luz do sol nos meus olhos, mas toda essa felicidade acabou quando durante uma partida de xadrez com o senhor Tamik um carcereiro vir me chamar e dizer que eu teria recebido uma chamada para visita,algo que me surpreendeu,já que eu não tinha ninguém que eu amasse por perto, porém larguei as peças e segui caminhando pelo piso quente de concreto enquanto o sol batia na minha nuca descoberta.

Ao chegar na sala de visita eu me deparei com os pais de Estella,a minha melhor amiga que teve a vida tirada em meus braços durante a comemoração de sua festa de noivado. O pai de Estella estava vestido com um terno preto e uma gravata vermelha com listras amarelas,ele então veio em minha direção e estendeu a mão. Minha reação foi pegar em sua mão e logo depois cumprimentar a mãe de Estella que não escondia o ódio e mágoas que guardava de mim. Nós então nos sentamos e o pai de Estella disse em tom alto:

-Por que? Por que você matou nossa filha?

Eu não me segurei e gritei a ele:

-Foi para isso que vocês vieram? Vieram para me acusar de algo que eu não fiz? Desculpa se eu não pude fazer nada para ela sobreviver.

A mãe de Estella então com o rosto coberto por lágrimas se levantou começou a me xingar e sem pensar muito eu me levantei e apontando para ela gritei:

- VOCÊ NÃO ESTAVA LÁ PARA VER O QUE ACONTECEU! A Estella sempre foi mais que uma amiga para mim,e a última coisa que eu faria era assassiná-la.

O pai de Estella então com os olhos de ódio se levantou e me deu um soco, fazendo com que eu caísse no chão com o nariz repleto de sangue. Eu não lembro muito pois logo em seguida desmaiei. Só me lembro dos guardas segurando ele e do meu uniforme laranja com listras brancas estarem totalmente ensanguentados com o sangue que escorria pelo meu nariz depois disso não me recordo de muita coisa. Segundo o enfermeiro eu tive uma crise de ansiedade e isso desencadeou uma confusão mental que misturada com o trauma sofrido por conta do soco acabou gerando um desmaio.

Foi assim que terminou o meu dia, eu fiquei na enfermaria por um tempo mas depois fui destinado novamente para a minha cela onde passei o resto do dia deixando as lágrimas caírem pelo meu rosto.

Diário de um injustiçado Where stories live. Discover now