16 de Novembro - visitas indesejadas

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Hoje pela manhã estava chovendo, eu sei disso pois dava para ouvir o barulho da chuva e dos trovões. Tudo estava até que calmo como sempre, a rotina aqui é bem regrada e todos mantêm um grande respeito uns pelos outros. Segundo minhas contas superficiais, estamos em seis blocos e cada bloco com seis celas, realmente é um presídio bem grande.

Eu passei a manhã lendo as páginas do meu diário, a chuva caia e os meus olhos me obrigavam a dormir, sabe quando você vai lendo, lendo e sente sono? Eu estava exatamente assim, mas cada página que eu lia mais concentrado eu ficava, porém perdi toda essa concentração quando dois militares apareceram acompanhando um novo prisioneiro.

Meu peito não se aguentou de aflição, estava na minha frente o homem que arruinou meus bons dias na antiga prisão, estava na minha frente o Duílio Facchin ou como chamam ele "O DIABLO". Esse assassino frio e calculista andava como se não tivesse causado problema algum, ele passava pelos prisioneiros e nem sequer baixava a cabeça, levantou o queixo e assim permaneceu, era como se fosse um rei egocêntrico que não permitia perder a postura de força e dominação. O DIABLO foi levado para a cela ao lado da minha, ficou bem quietinho, nem um barulho saia da sua boca.

Além dele, outro antigo amigo meu estava naquele presídio, o chefe Hellmer. Sim, aquele mesmo que permitiu a flagelação que cometeram com o Stein. Ele estava com traje militar e uma boina verde assim como os demais. Esse metido a besta foi se aproximando cada vez mais da minha cela, então bateu na grade falou baixinho:

-Como está seu amiguinho Toomas? Pensei que estivessem mortos.

Meus olhos se encheram de raiva, porém preferi ficar quieto, coloquei o cobertor sobre a cabeça e comecei a falar com Deus. Enquanto eu fazia isso eu escutava um assobio se dissipando pelo ambiente, quanto menos esperei me dei de cara com outra  visita um quanto como inesperada, era o guarda gordo, aquele nojento me perseguiu até aqui, não conseguia acreditar em tudo isso, fiquei tão nervoso! Era como se tudo aquilo fosse acontecer de novo, sabe? O meu passado estava de novo pregando peças em mim. Quero saber até quando eu vou ficar me afogando no meu passado, até quando eu vou viver assim? Essas foram as perguntas que rodearam a minha cabeça antes de mim cair no sono, não dormi pelo cansaço e muito menos por sonolência, eu adormeci  para ver se aqueles rostos saiam da minha cabeça, eu não queria me permitir acreditar que esses dois despóticos estavam presentes na mesma penitenciária que a minha pessoa novamente.

Diário de um injustiçado Onde as histórias ganham vida. Descobre agora