48 Limites!

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Não dê spoilers!

Eloá,

Na quarta-feira estou mais feliz que o normal, e Duda nota. Quem não notaria?

No intervalo da primeira aula, ela se vira na cadeira para especular.

- Vagaba, me conta, como foi o final de semana? Achei que tu ia ir lá em casa... - Seu tom é magoado, como se estivesse ressentida.

- Aaah... - Espremo sua bochecha com meus dedos. - Eu queria aproveitar, amiga... nos vemos só no final de semana, você eu vejo todos os dias... - Sorrio com amor.

- É... - Ela sacode os ombros. - Entendo! Mas e ai, e aquele insta novo?

Conto sobre a exigência do Donga para que eu excluísse minhas redes antigas e também o drama de sexta com aquela mensagem no celular dele, e a história de eu não ter apagado a foto com o Luiz.

No intervalo, nada diferente, comprei uma esfirra e fiquei no celular com o Donga. Disse a ele que tomei minha primeira pílula. Agora sempre antes de vir para facul irei tomar. Ele promete me lembrar diariamente, inclusive nos finais de semana quando estivermos juntos.

Em casa também sem maiores novidades. Minha mãe trabalhando muito, eu abarrotada de trabalhos e etc.

Na quinta Duda me chama para ir ao shopping, pois quer minha ajuda para comprar umas calças e blusas para usar na faculdade, coisas das quais eu ando necessitada. Pego o cartão com minha mãe, jurando não extrapolar. É que minhas calças estão surradas, minhas blusas... Aquela gente confunde faculdade com desfile de moda, chega a ser humilhante. Duda e eu precisamos de alguma dignidade.

Minha mãe liberou o cartão e eu confirmei com a Duda às duas e meia. Iria de Biz e a encontraria lá.

Assim que cheguei da Facul, comi a marmita que minha mãe separou rapidamente e liguei para o Donga.

Estava tirando as roupas com uma única mão para entrar no chuveiro quando ele atendeu.

- Oi, minha gata! - Ele diz, num tom terno.

- Oi, meu amor! Estou indo ao shopping com a Duda. Se eu não te responder, é porque estou sem Internet, tá?

Devo ressaltar que desde aquele dia no restaurante eu perdi a vergonha de o chamar de "meu amor", acabou se tornado natural na minha boca.

- Quem mais vai? - Ele não recebe tão bem a informação, o que me irrita um pouco.

- Eu e a Duda, Donga. - Não sou acostumada a ter que informar cada passo que dou, mas com ele não tem como, sempre quer os mínimos detalhes.

- Vai cair crédito pra tu ai! Precisando de alguma parada me fala, meu amor. Tá sem crédito, tá sem dinheiro pra qualquer bagulho? Dá o papo, pô! Não quero que te falte nada.

Como eu poderia ouvir o restante da frase se é a primeira vez que ele me chama de "meu amor"?

O que estamos construindo é infinitamente mais forte do que eu jamais imaginei que seria. Fora o sentimento que só cresce. Tem os detalhes, sabe aqueles detalhes do início de um relacionamento, em que cada fala, cada atitude, cada pequena coisinha nos deixa babando?
E com ele pequenos avanços são um grande acontecimento para mim sempre!

- Não vou ficar pedindo dinheiro para você, Donga! Não tem necessidade, minha mãe recarrega meu celular toda sexta. Como vou explicar que tenho crédito? Não tenho de onde tirar dinheiro, esqueceu?

- Quero saber aonde você tá, quero falar contigo quando eu quiser! Inventa qualquer caô pra ela e já era!

- Amor, minha mãe não é burra, ela já desconfiou quando apareci com o tanque da moto cheio. Te disse no domingo que não era boa ideia! Se você botar crédito a cada semana, acha que ela não vai perceber? Não podemos dar na cara por enquanto, Donga, e não quero seu dinheiro. O ideal seria eu arranjar um emprego de meio período, não ficar sendo bancada por você. - Me encaro nua no espelho, pensando seriamente nessa possibilidade.

Love no Morro da Liberdade 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora