7° Primeiro beijo

10K 689 147
                                    

Eloá,

Junto todas as minhas energias para conseguir formular uma frase.

- Não... - Trinco meus dentes, sem nem conseguir respirar direito. - Eu agradeço, mas não podemos aceitar. Estamos indo embora já já também e...

- Tu adora fazer desfeita, né não? Sabe com quem tu tá falando? Abaixo essa tua crista rapidinho! - Ele diz em tom áspero, sua mão apertando meu braço, me causando um medo terrível.

Preciso me redimir, não quero problemas com esse cara.

- D-desculpa... É... Eu... - Tento consertar minha burrada, sem sucesso porque não sai nada com nada. Eu nunca senti tanto pavor de alguém assim.

Deus, me ajuda! Se eu sair dessa, prometo nunca mais mentir para minha mãe.

- Algum problema, Donga? - Duda aparece ao nosso lado, falando cuidadosa. Mia, curiosa, aparece do outro.

- Problema nenhum, Duda. - Ele retira sua mão forte de mim, de repente. - Só se a sua amiga estiver com algum problema. - Mesmo se dirigindo a Duda, ele continua com seus olhos ferozes atados aos meus.

Minha garganta se fecha; meus olhos arderem querendo chorar. Nunca na minha existência passei por um aperto desses. Meu coração é um martelo incessante contra a caixa torácica.

O que me assusta mais nessa bizarrice toda, é que mesmo me borrando de medo, a beleza dele me deixa tonta.

Tenho que sumir daqui urgentemente!

Sem que eu possa pensar, minhas pernas se movem e eu passo pela Mia, me perdendo no mundo de gente outra vez. Um pensamento pulsa firmemente no meu cérebro: "fuja, fuja, fuja!"

É o que eu faço, sem ter ideia da direção que estou tomando. Acho um lugar, uma pequena extensão da laje. É como se tivessem planejado construir um cômodo ali e abandonado a obra pela metade, um pequeno quadrado rodeado por um parapeito de tijolos da altura da minha barriga.

Caramba!

Me debruçando ali, me encanto com a vista e até esqueço do louco que praticamente me ameaçou. As luzes da cidade brilham pequenas. A praia, láaaa atrás, decorando o quadro.

Se assemelha mesmo a um quadro de um pintor talentoso.

A lua tomou seu lugar, grande, magnífica e amarela. Lua cheia, redondinha no céu estrelado. Uma brisa leve varre meus cabelos, me causando um arrepio.

Meu êxtase é quebrado pela lembrança de olhos emputecidos e uma mão bruta. Aliso o local onde aquele ogro apertou e dói. Que cabeça a minha... por que recusei aquela porcaria de combo? Deveria ter aceitado, não cai bem rejeitar o agrado de um maníaco.

Por outro lado, não sou obrigada! Ele que se lasque!

É...não é bem assim que funciona, e eu sei.

Perdida nos meus devaneios, não reparei que haviam uma ruiva e uma morena no canto do pequeno quadrado. A ruiva fuma irritada, enquanto a morena só ouve suas lamúrias.

- Se ele pensa que vou sair daqui, ele está enganado! Eu sei que ele não me queria aqui, nem perto de mim ele ficou, deve estar de olho em alguma vadia! Mas não vou embora! - A ruiva brada. Deve estar muito insatisfeita com alguém.

Pela milésima vez, confiro meu celular na esperança de ver uma mensagem do meu namorado. Não tem nenhuma.

- Vamos voltar! Ele vai me engolir a noite toda, não vou permitir que ele fique com ninguém! - A moça continua suas lamentações enquanto as duas saem e eu, finalmente, fico sozinha.

Love no Morro da Liberdade 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora