65 Descontrole...

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Capítulo com meta de 600 comentários. Bora geral fortalecer ai! Daqui pra cima, é só pra cima, como diria Boca de 09. Vale a pena cada umas de vcs votar e comentar, garanto! 😉

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Eloá,

Donga continua a me analisar com seu olhar glacial. Seus lábios duros numa linha apertada e a testa levemente crispada. Me eriço, exibindo um falso ar destemido, não permitindo me deixar afetar. Há somente uma pessoa errada aqui nesse quarto e não sou eu.

- Algum deles encostou em tu? Te machucaram? - Seu tom, apesar de cortante, tem uma conotação sincera de preocupação; o olhar ainda é o mesmo de uma cobra prestes a dar o bote.

Somos os mesmos, mas entre nós existe algo diferente. Aquela intimidade que um dia tivemos, não está aqui. Nos entreolhamos feito dois desconhecidos.

- Você quer dizer, além de me enfiarem num carro e botarem um pano com algum produto no meu nariz que me fez desmaiar? Não, não! Além disso, não me fizeram nada. - injeto deboche na pronúncia, e seguro nos dois lados da minha cintura com as mãos, para criar uma imagem menos fragilizada possível. Não quero lhe dar o gosto de saber o quanto me desestrutura.

- Qual o sentido disso tudo? Você me sequestrou, Donga! Eu me assustei, estou tremendo até agora! - exponho para ele o resultado de sua brincadeira, parando minha mão oscilante entre nós.

Ele não olha para ela. Detém seu olhar perverso no meu, indiferente ao que eu disse.

- Definitivamente eu não sei por que você está fazendo isso. Dá para me explicar? - Exijo, empertigando o queixo, resoluta.

Reconheço a banalidade que represento perante a sua altivez. Perto dele sou um camundongo indefeso, exigindo algo de um leão. Mas é isso. Ele domina as pessoas pelo medo, sabe do poder que tem. Mas mesmo que sua tática esteja funcionando, não irei abaixar a cabeça.

Ele suspira exasperado, tirando seu olhar de mim e passando a mão pelo rosto nervosamente, deixando entrever uma grande batalha interna para se controlar. Se assemelha a um leite fervendo, prestes a trasbordar.

O que não identifico, é um motivo justificável para ele agir como se eu tivesse feito algo de errado e não ele.

Ele volta a falar rapidamente, demonstrando grande necessidade de dizer logo para poder sair de perto de mim o quanto antes:

- Se tu precisar de alguma coisa, os moleques tão ali fora, é só pedir. - laboriosamente, puxa a chave do bolso para abrir a porta, me dando as costas sem maiores explicações.

A forma como ele está me tratando, me confunde e me incomoda na mesma proporção. Não era o que eu esperava após flagrar ele na cama com outra e de ele me sequestrar. Acreditei que ele iria tentar usar todas as suas armas para me convencer de que quem estava bêbada naquela noite era eu, criando mentiras e mais mentiras para que eu o perdoasse. Contrapondo meu achismo, ele me trata com grande frieza, aparentando estar puto comigo.

Deliberadamente alcanço sua mão e o puxo para me olhar.

- Espera!

O toque faísca pelo meu braço e corpo, me fazendo o soltar imediatamente. É a mesma reação de tomar choque numa tomada.

Ele finca seu olhar atordoado no meu. Suponho, por esse olhar, que ele sentiu o mesmo que eu com o contato.

Concentro-me no meu objetivo, limpando a garganta, voltando ao personagem.

- Você vai me manter presa aqui, é isso? Por que isso, Donga? Você ficou maluco? - Sustento seu olhar sem me deixar perturbar, assumindo um tom mais firme. É difícil focar no assunto com sua boca a centímetros de mim.

Love no Morro da Liberdade 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora