22 O encontro

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Eloá,

Samuca me cumprimenta com um beijo no rosto e um grande sorriso, logo que me sento no banco do carona.

O carro dele cheira a tutti-frutti, e creio ser algum tipo de essência para carros ou coisa parecida.

Ele usa uma camiseta branca com um pequeno jacaré no peito, calça preta e o mesmo boné preto costumeiro, na mesma posição costumeira - com a aba ao contrário. Também tem uma corrente de grossura média perdurada em seu pescoço. Graças a luz do poste, é possível eu enxergar o pingente com um crucifixo pendurado nela. Não sei se é uma característica de família, mas deve ser, porque ele é cheiroso igual ao...

Argh! Igual a ninguém, dexa para lá!

Samuca cheira a perfume masculino caro, misturado ao aroma de um chiclete de menta que ele masca.

Não me sinto aflita na presença dele como acontece com o... É sério que vou comparar eles o tempo todo? Ave!

Enfim, Samuca transmite leveza. Isso me deixa segura.

- Tu já é linda pra caralho, mas está ainda mais linda hoje! - Gentilmente ele diz, pegando minha mochila para colocar no banco de trás. - E essa mochila?

Ainda corada pelo elogio, passo um pouco de cabelo para trás da orelha.

- Vou dormir na Duda.

- Pode crê... - Ele não para de me encarar, o sorriso abandonando seus lábios lentamente. Seus olhos, acesos, averiguando minunciosamente meu look ousado.

Disse a minha mãe que era exagero esse decote.

Remexo meus dedos, a timidez me deixando sem atitude como quase sempre ocorre.

- Tá com vergonha? - Seus lábios se esticam em um sorrisinho torto.

Prendo a respiração assim que sinto o toque de sua mão, leve como pluma no meu rosto, retirando o que havia sobrado de fios e jogando para trás do meu ombro.

- Mais ou menos... - Também sorrio fino. Mais de nervoso do que qualquer outra coisa.

Seu braço, apoiado em seu banco, permite que sua mão chegue a lateral do meu rosto, aberta, se encaixando perfeitamente ao meu maxilar. E a outra vem junto até meu queixo, direcionando minha cabeça para ele.

Se aproximando sorrateiramente, ele sussurra:

- Não precisa ter vergonha...

Sinto o contato morno de seus lábios nos meus. Um toque macio, singelo, que evolui para um beijo assim que sua língua encontra a minha. Me permito ser beijada. Nada me impede.

Fecho meus olhos e, tomando coragem, boto minha mão em sua nuca.

Samuca contorna minha cintura com seu braço, me levando para junto de seu peitoral. Ele não é atrevido, não desce sua mão e não ultrapassa nenhum limite, como o...

Não, não, Eloá! Não pense no Donga agora! Aproveita esse beijo e apenas viva o momento!

Ele intensifica o movimento de sua língua e seu hálito, cheirando a menta, chega ao meu nariz no momento em que ele suga meu lábio.

Então abro um pouco meus olhos. Os dele, acesos, combinando com a expressão de desejo em seu rosto.

Sua mão me toca com mais ímpeto, erguendo-me um pouco do banco quando se espalma nas minhas costas, me apertando contra si.

Recuando a cabeça, ele separa nossas bocas lambuzadas, acariciando com o polegar minha bochecha.

- Desejei esse beijo desde aquele dia que tu subiu na minha garupa... - volta a me beijar, mais apressado e mais fervoroso.

Love no Morro da Liberdade 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora