59 Amnésia...

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Donga, 

— Acorda! Acorda, Donga! — Ouço uma voz e alguém chacoalha meu corpo. Não consigo abrir os olhos de imediato, minhas pálpebras pesam toneladas, minha cabeça lateja para um caralho.

— Acorda, Donga! Que droga, minha mãe está enchendo o meu saco! — Agora sei de quem é a voz irritante; da Manuela.

Desprego os cílios, me deparando com os olhos dela em cima de mim. A luz clara do sol entrando pela janela causa um incômodo nas minhas retinas. Mané, não lembro de nada, não sei onde estou, não tenho nem ideia do que aconteceu e tô cheião de enxaqueca. Tá foda...

— Ufaa! — Ela bufa aliviada, enquanto levo os dedos em minha fonte para massagear. Papo de parecer que levei umas trinta coronhadas.

— O que aconteceu? — Meio lerdão ainda, me sento. Mó cheirão de álcool, tá ligado? Chega embrulha o estômago. O quarto roda, umas fisgadas fodidas, uma sede dos infernos.

Sei que esse não é meu quarto. Onde estou? Tento resgatar na memória. Só há um vazio, um espaço em branco.

Antes que a Manu me responda, a porta é aberta, e Jessy atravessa por ela com uma garrafinha de água e sacolas nas mãos. 

— Trouxe água e alguns biscoitos para você comer, Donga. — Jessy sorri, chegando junto, me passando a garrafinha.

Seu olho está inchado, a cara roxa... caralho, o que aconteceu? Por que elas estão aqui?

Analisando melhor o quarto, de alguma forma sei que estou na casa do Cavera. Mas, beleza, por quê?

Olhando para mim mesmo, descubro que visto nada além de uma cueca. Ih... que viagem, nem tô entendendo nada!

Bebo logo toda a água num goladão só, saciando minha sede. Jessy deixa as sacolas ao meu lado na cama. Manuela, de mãos no quadril, bate o pé nervosamente no chão, me fuzilando. 

— Qual foi?! — Largo a garrafinha por ali, jogando as pernas para a lateral da cama, me suspendendo de uma vez, o que me causa mais tonteira ainda.

— O que eu tô fazendo aqui? — pergunto enquanto visto minha calça, que pego no chão. 

Mesmo revirando meu cérebro, a última recordação que tenho é de estar bebendo em casa com a Manu, depois, um puta NADA total. Há anos isso não acontecia comigo. Maluquice muito louca!
 
— Tu não lembra? — Manu atira minha camiseta por cima da cama num "pensa rápido". Me ligo em seu tom debochadinho.

— Se lembrasse estaria perguntando, porra?! Tô podendo perder tempo? Se liga! — Desviro a blusa que estava do avesso e visto.

O movimento da cabeça causa uma pontada na fonte. Aperto o local, gemendo baixo em decorrência.

— Tem um remédio aqui, comprei para você... — Jessy procura nas sacolas e me estende uma caixinha de neusaldina lacrada.

Aceito o remédio; meu olhar intrigado no dela, naquele rosto ferrado.

— O que pegou com teu rosto e por que está aqui? — questiono, destacando um comprimido da cartela que tiro da caixa. 

Engulo a seco. Custa, mas desce. 

E às duas ainda com cara de paisagem...

— É melhor vocês irem falando, minha paciência tá curta! — Atiro a caixa e a cartela sobre os lençóis, pondo as mãos debaixo dos braços, pronto para entender logo do que isso aqui se trata.

— Sério? Você não lembra que fodeu com a Jessy? — Levando a mão na testa impacientemente, Manu pergunta.

Confuso, divido o olhar entre elas.

Love no Morro da Liberdade 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora