82 Hoje tem Bailão

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Eloá,

Não estou totalmente certa de que essa roupa ficou boa. Verifico pela milésima vez no espelho, exalando pesadamente em desagrado.

Quero estar impactante a ponto de parar o baile, e principalmente, de deixar o Donga babando. Só que esse vestido nude de tubinho é muito básico, do tipo " não sabia o que vestir e arranjei qualquer coisa apertada".

Droga!

Nessas horas eu penso que deveria ter me atentado mais aos assuntos sobre moda das meninas da minha sala. Elas sim, sabem montar looks impecáveis até se as derem um pano de chão. São ricas, elegantes e entendem de moda. Eu não, eu sou só a Elô, poxa! Nem me maquiar eu sei direito!

Preciso de algo mais... impressionante!

Sempre fui negligente nessas questões, meu negócio é conforto, mas não quero passar vergonha. Na primeira vez que fui ao baile, as mulheres no camarote estavam muito bem vestidas, não serei eu a fazer feio. Tenho que estar a altura.

Alguma dentre essas inúmeras opções de roupas que tenho aqui vai ter que servir!

Volto a procurar!

Reviro o closet em busca do look ideal para tirar a paz de um homem, e encontro um que pode dar certo. Vestida num conjunto branco de saia e cropped, me analiso no maior espelho do quarto.

O cropped pega acima do umbigo, decotado e com duas faixas finas cruzadas abaixo dos seios. A saia é básica, o tecido grosso e encorpado, modelando perfeitamente a curva do quadril. Tem até um drapeado ao lado, e um cordãozinho para regular o comprimento, que, no caso, prefiro deixar o mais longo possível. Bom... não seria um look que eu usaria normalmente, achei beeem ousado. No entanto, Donga pessoalmente escolheu essa roupa, tendo a ajuda da Bete, e se ele a comprou, quer me ver usando.

Só tem um detalhe... está marcando muito a calcinha. Experimento outras calcinhas de diferentes cores e tamanhos, e continua marcando. Que saco, tchun!

Chateada, bato as mãos nos quadris. Mesmo me sentindo um tanto pelada, hoje, para as minhas intenções, esse conjunto é o mais viável. As outras roupas são mais fechadas em cima ou em baixo, e o macacão vinho com fendas laterais, que pensei como segunda opção, não me agrada tanto.

Uma ideia arriscada espoca ousadamente em minha cabecinha! Eu teria realmente tanta coragem?

A imagem do Donga abraçando e beijando uma mulher de longos cabelos negros, usando uma saia praticamente igual essa aqui no último baile, me incentiva. Além de que a maioria das mulheres estarão vestidas exatamente assim hoje, usando pouca roupa e se atirando para ele.

O ciúme e a ira afastam quaisquer hesitações da minha mente. É! Eu não só posso, como devo!

Tiro rebeldemente a pequena calcinha bege que uso por baixo do tecido da saia, e olho o resultado.

Ain... será?

Giro em meias-voltinhas, apreensiva, estudando-me. Depois me dirijo até a mesinha de cabeceira, onde Donga deixou para mim um copo de whisky com gelo e energético.

Ele entrou no quarto mais cedo, eu ainda nem havia tomado banho. Estava experimentando as roupas e fui pega desprevenida dentro de um vestido preto. Ele me olhou maldosamente e ergueu o copo.

" Vou deixar aqui pra tu", disse, cumpriu sua missão, lançou outro olhar especulativo para minha roupa, e não achei que se agradou tanto. Foi o que me fez mudar os planos e procurar algo que o deixasse estarrecido da próxima vez que me visse.

Embora o whisky esteja quente e aguado, devido ao gelo derretido, o simples gosto de álcool e energético me recarregam de determinação.

O conjunto é lindo, e a saia nem ficou tão curta assim. Esquece a calcinha, Eloá!

Love no Morro da Liberdade 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora