94 Cara errado

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Nós planta humildade pra colher poder, a recompensa vem logo apósNão somos fora da lei, porque a lei quem faz é nósNós é o certo pelo certo, não aceita covardiaNão é qualquer um que chega e ganha moral de cria

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Nós planta humildade pra colher poder, a recompensa vem logo após
Não somos fora da lei, porque a lei quem faz é nós
Nós é o certo pelo certo, não aceita covardia
Não é qualquer um que chega e ganha moral de cria

Consideração se tem pra quem age na pureza
Pra quem tá mandado, o papo é reto, bota as peça na mesa

Eloá,

- Como é que tu tá falando ai? - os olhos do Donga se estreitam, e sua cabeça se projeta meio que de lado para mim, como se ele quisesse deixar o ouvido bem de frente a minha boca.

Preciso encontrar um meio de acalma-lo ou Danete não terá tempo nem de tentar se explicar. Meus joelhos cedem um pouco ao imaginar o que pode resultar disso.

- Pode não ser nada, né?! - tento assoprar a mordida, a mão aberta com a palma para cima. - Talvez seja uma coincidência... - meu argumento não funciona.

Ele rapta a bermuda de mim e a veste num piscar de olhos. O mesmo acontece com a primeira camisa que ele vê no nicho do armário.

- Fala comigo, Donga! - dou um passo de lado, bloqueando seu caminho quando ele ameaça sair.

Seus olhos se atiram para os meus, a raiva ardendo neles. Sua feição é sombria e muito apavorante, a pele vermelha em brasa pura de ódio.

- Tu é muito inocente mesmo, né? Coincidência de cu é rola, rapá! - a impassividade de seu tom me desencoraja a impedir seu avanço. Ele atravessa a porta do closet facilmente.

Ando às suas costas, o seguindo pelo quarto.

- Conversa com ele primeiro, Donga. Não se precipite em fazer algo do qual pode se arrepender depois, por favor! - imploro atrás dele pelo corredor. Eu havia me enrolado na toalha e ainda estou assim, mas isso não é relevante agora.

- Vou falar com ele, pô! - ele acrescenta sarcasmo as palavras, abrindo a porta de outro quarto. Passamos um seguido do outro por ela. - Vou chamar ele pra tomar um chá e perguntar: Aê, Danete, tu tava armando com o maluco lá pra matar minha mina, irmão? - me lança um olhar antártico, sem nenhum rastro de humor, antes de se esticar no chão ao lado da cama, espiando por baixo dela.

- Donga, seus pontos! Você não pode se abaixar assim, não pode sair andando assim por ai, ainda não está cem por cento bem! - minha preocupação com ele faz o resto perder a importância por um minuto.

Ele puxa uma caixa organizadora preta e a destampa. Dentro, tem uma dúzia de pentes de munição, pistolas e caixas de bala.

O minuto reservado para me preocupar com ele termina, e meu coração galopa no peito, minha imaginação pintando um quadro do Danete na mira do revólver que ele retira da caixa e encaixa o pente apressadamente.

Atordoada, perco as palavras por um instante.

Ele salta sobre os pés, chutando a caixa de volta ao seu esconderijo, destravando e avaliando a máquina mortífera em sua mão.

Love no Morro da Liberdade 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora