13 Na madrugada

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Eloá,

Donga sai da água num repente. Viro uma estátua vendo ele ir até a geladeira da área de churrasco com meu copo e o dele em mãos. De longe, admiro seu corpo enquanto ele serve as bebidas. Coca para mim, whisky para ele.

Em meio segundo ele está de volta e o copo de coca em minha mão. Ele se senta no mesmo lugar de antes, e eu bebo para aplacar meu nervosismo.

- Entra!

Não é um pedido, é uma ordem. E eu a cumpro, entrando na água e ficando de frente para ele. Agradecendo em silêncio, pois estava com frio do lado de fora.

- Tu nunca namorou antes desse mané? - Ele indaga com uma voz rude e o mesmo olhar sombrio de quando o vi a primeira vez lá no pagode.

- Não, nunca namorei. Tive alguns rolos. Nada sério, nada que fosse adiante. E você e a ruiva, eram namorados? - Ouso o entrevistar, já que ele também está me entrevistando.

Ele ri torto, soltando uma pequena quantidade da fumaça do baseado pelo nariz e uma maior pela boca.

- Que namorada... não viaja. Eu pegava ela, como você pode imaginar. Agora não pego mais.

- Entendi...

- E você? Tá com esse doido, mas e ai? Tá na cara que não rola sentimento, não rola nada. Insiste nisso por qual motivo?

Nossa, ele é direto... vai na veia.

Dou de ombros.

- Eu gosto dele...

- Gosta? - Ele praticamente ri. Em seu rosto, o deboche. - Tô ligado... - afirma, num movimento mínimo e desacreditado de cabeça, procurando uma melhor posição no acento submerso.

Está zombando de mim.

- Tá vendo? - Volta a falar, depois de uns segundos. - Por isso eu não me prendo, não acredito nessa porra.

- Não acredita em quê?

Ele mantém seu olhar retido ao meu e muda de assunto do nada.

- Tá com medo de eu te morder ? Se sentou a um metro de distância, pô. - Por de trás do bico da long neck, seus lábios se esticam vagamente, um brilho de divertimento surgindo em seus olhos.

- Já disse, você causa medo. - Levo minha taça de coca à boca, sem saber como estou conseguindo sustentar o contato visual.

- E eu já te disse que não quero você com medo de mim. Senta aqui. Só mordo quando pede... - ele ri. - Mas tem que pedir gemendo... - estende seu braço pela borda, batendo a mão nela para me chamar. As palavras sendo ditas com a mais pura maldade. Meu corpo reage de pronto.

Vou como um cachorrinho bem treinado. E, mais uma vez, sou pega desprevenida, quando já ao seu lado, ele me puxa mais para junto de si, deitando minha cabeça em seu ombro. Aconchegada, junto minhas pernas dobradas, me tornando uma bolinha encolhida.

- É difícil ver uma mina igual você... - ele comenta distraído, olhando para a água, a fumaça fedida formando nuvem acima de nós.

- Boba, inexperiente e virgem?

Seu peito balança em uma risada espontânea.

- Virgem, creio que já peguei algumas. Não lembro, normalmente sempre tô loucão. Tô falando alguém assim, tão linda naturalmente, sem um monte de bagulho na cara. Inexperiente também... É uma parada rara. Pra mim é raro e diferente...

- Diferente bom ou diferente "putz, que merda, poderia estar fazendo coisa melhor! " ?

Novamente ele ri.

Love no Morro da Liberdade 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora