44 Apaixonada!

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Paloma,

Samuca insere a chave na fechadura e gira a maçaneta. É como eu imaginei que seria o quarto de um homem em uma pensão, bagunça e roupas espalhadas, poucos móveis; tudo muito modesto.

O guarda-roupa e a cama são de madeira. Há um móvel da mesma madeira no canto da cama, os lençóis estão limpos, dois cobertores dobrados sobre os travesseiros, uma janela atrás da cabeceira e uma cortina de blackout.

— Como te falei, tá zoadão, minha mãe não veio limpar ainda... — Samuca fecha a porta e recolhe umas roupas do chão.

— E por que você não limpa, bonitão? Folgado você! — Com a mão na cintura, o censuro ; ele ri.

— De vez enquanto eu dou uma geral... — Ele entra por uma porta, levando uma braçada de roupas.

— Ai é o banheiro? — Entro atrás dele.

Mal cabe ele sozinho lá dentro. Dou um passo atrás e paro no portal.

O banheiro é revestido de cerâmica marrom; o vaso e a pia são simples, brancos, tem um box de vidro, armarinho de espelho comum acima da pia. E, detalhe, o banheiro não tem porta.

— Pequeno, né? — Samuca empurra as roupas em um cesto já cheio.

— Só para você... não teria por que ser maior que isso. — Retorno ao quarto.

— Tem produtos de limpeza aqui? Balde, rodo, essas coisas? — Passo o dedo na tv acima de uma pequeno rack. Quanta poeira...

— Tem lá em baixo, deixo na área de serviço da pensão. — Ele junta algumas embalagens de comida que estavam sobre o rack e bota numa sacola de mercado que trouxe do banheiro.

— Pode buscar? — O miro nos olhos. Ele franze a ruga entre as sobrancelhas.

— Pra quê? Tá maluca, tu não vai limpar nada não! — Amarrando a sacolinha, ele nega com um gesto bem decidido.

— E por quê? Pensa bem, sua mãe chegou de viagem a pouco, cansada. Eu posso muito bem limpar. E você vai me ajudar! Está pensando o quê? Bora, busca lá! — Deixo minha bolsinha de ombro em cima da camada de poeira do rack e arregaço as mangas da blusa meia-estação que estou vestindo - juntamente com uma calça legging e tênis.

— Não precisa, Paloma. Eu pago alguém, tá de boa, papo reto. — Ele deixa a sacolinha no chão, tira o boné e, pegando na barra de sua blusa, a tira pela cabeça.

— Samuca, anda! Teimoso, eu hein... — Junto meus cabelos nas mãos e os enrolo em um coque alto.

Faço o Samuca me ajudar na limpeza. Pergunto se alguma vez na vida ele já lavou banheiro e ele garante que adquiriu experiência enquanto criança, que a responsabilidade de lavar o banheiro era dele. "Um ótimo começo", eu disse, lhe dando balde, água sanitária e sabão em pó.

Ele cuidou do banheiro e eu do quarto. Tirei poeira - com uma camiseta velha que ele me arranjou -, troquei a roupa de cama por uma limpa, que estava no guarda-roupa; juntei as coisas espalhadas, varri, passei pano.

Ao final, o quarto nem parecia o mesmo. Ficou impecável, um brinco!

Samuca mandou bem com o banheiro! Desceu os lixos e os produtos de limpeza. Ao retornar, eu estava terminando de dobrar duas camisas limpas, que estavam emboladas dentro do guarda-roupa. Fechando a porta, bati as mãos uma na outra.

— Arrasamos! — Corri os olhos pelo pequeno cômodo, orgulhosa.

— Tu é foda... valeu! — Ele se arremeteu contra mim, me derrubando de costas na cama. — Eu não sabia que tu era tão mandona. Se soubesse, tinha saído fora antes...

Ele sorria e me beijava.

— Ah, é?! — Bati em seu braço, misturando riso com cara feia. — Dá tempo ainda!

— Dá não. Agora já era, tô envolvidão! — Ele levou a mão no meu coque e o soltou, meus cabelos caindo majestosos pelo colchão. Tocou minha bochecha com um gesto cuidadoso e afundando em meus olhos, posicionou uma mecha do meu cabelo ao lado do meu rosto.

— Sou fissurado nesse teu cabelão... — Ele me apreciava, tomando certa distância. Seu olhar dizendo muito mais do que suas palavras podiam expressar.

Também toquei seu rosto. Subindo a mão, senti seus cabelos. Desci, tocando sua barba; mantínhamos o contato visual. 

— Posso ir na tua casa, falar com tua tia? — Ele amaciava a madeixa do meu cabelo, seu antebraço livre, sustentado no colchão.

Meu coração bateu tão forte, tão rápido. Meu sorriso poderia preencher o quarto, de tão vasto. Eu sabia o que significava, mas queria ouvir de sua boca.

— Falar o quê? — Fiz teatrinho, como se não estivesse entendendo.

Seu olhar era apaixonado; encantado, eu diria. Ele me beijou, não como nos beijamos normalmente, era um beijo mais amoroso, mais macio. Havia uma resposta nos movimentos tão amenos de sua língua. 

Beijou meu queixo, o cantinho da boca e voltou a me observar com carinho.

— Vou dizer que quero namorar a sobrinha dela... — Seu sorriso era tão especial. Eu vi estrelas, literalmente!

O trouxe para mim pela nuca e o beijei visceralmente, sentindo a paixão nos consumir.

Durante toda a semana nos vimos diariamente, sem faltar um dia. Conversamos durante horas.

Ele sempre transita de moto em frente ao restaurante. Quando tia Lu vai mais cedo, ele me busca em casa para eu não ter de ir a pé. Nos conhecemos melhor; nossos gostos, manias. Revelamos cada detalhe de nós, a cada encontro.

Hoje é a primeira vez que nos encontramos a sós em local reservado.
Não sou mais virgem, ele sabe disso. Tive um namorico com um moleque da escola e contei ao Samuel como aconteceu minha primeira vez. Não foi ruim, não foi excepcional, só... rolou. 

Ele me beija com delicadeza pelo pescoço, prendendo meu cabelo com uma mão. Arranho suas costas.

Minha coluna se desprende do colchão, efeito do calor de sua língua em minha pele.

Temos cultivado esse tesão há dias, a cada beijo e a cada amasso no carro, portanto, não perdemos tempo. Tiramos as peças de roupa um do outro com cobiça, ávidos, até estarmos completamente nus.

Samuca capricha nas preliminares, me faz gozar com a língua e lhe recompenso, quase o levando ao limite.

Ele tira uma camisinha da gaveta e a coloca com urgência.

Contemplo seu corpo da cama, pronta, necessitada. Ele é um homem lindo! Músculos definidos sob a pele e um pau... que pau! 

Com beijos deliciosos e palavras obscenas, ele entra em mim. E como eu precisava senti-lo assim...

Nos agarrar no carro só aumentava a vontade. É como se eu estivesse tomando água após dias com sede no deserto.

Ele é tudo que eu esperava e mais um pouco. Sabe fazer, sabe me enlouquecer, sabe me beijar e me excitar. Samuca é tudo de bom!

Quase quebramos a cama, quase destruímos o quarto. Química explosiva! 

Ele me pega por trás. Empino bem a bunda, abro bem as pernas, gemendo, suando, rebolando um pouco para ele.

Ele adora meu cabelo; dá três voltas com ele em sua mão e entra vigoroso, gostoso.

O primeiro orgasmo não me saciou, e um segundo chega para acabar comigo.

Samuca é potente. Mudamos de posição varias vezes. Ele sentado e eu por cima; de frente, de costas, de lado.

A que mais gostei foi ele sentado na beira da cama e eu montada nele. Os olhares, os beijos, a magia acontecendo diante dos nossos olhos. Tão fascinante, tão envolvente...

Estou pura e simplesmente apaixonada!

Love no Morro da Liberdade 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora