Final - Parte 1

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Eloá,
(1 mês depois... )

- Caralho, Eloá! Fica quieta! Já estou nervosa de estar maquiando uma noiva e tu ainda não ajuda. - Duda briga comigo, porque não consigo ficar parada na cadeira.

- Se você está nervosa, imagine eu, Duda? - Estralo os dedos da mão. Tenho esse hábito quando fico muito ansiosa.

Se já estou sentindo dor de barriga a todo momento, não consigo nem imaginar como vai ser na hora do casamento.

- Cadê o Saulo, hein? - Pergunto.

O casamento é as 16:00, e ele evaporou. Saiu para beber com os amigos numa espécie de despedida de solteiro, arrastou até o Paulo. Vê se pode? Só falta se embriagar de mais e me deixar plantada.

A minha despedida foi ontem, mas Duda, eu e Paloma, bebemos aqui em casa mesmo. Aliás, eu e a Duda, porque Palominha está gravidinha e não pode. Ai, dá para acreditar? Fiquei maluca quando ela me contou!

Estou muito feliz por ela e pelo Samuca. Eles estão encantados com a novidade, e isso motivou ainda mais o Donga. Tive que fugir de seus pedidos para que eu lhe desse um filho, já que agora ele usa de apelo emocional, dizendo que seu irmão mais novo já vai ser pai e ele não.

Mantive sempre a mesma opinião. Paloma quis engravidar, mas eu não tenho psicológico para ter um bebê no momento. Estou muito ocupada apenas lidando com minha nova vida longe de casa e com meus estudos, obrigada!

Já vamos ter um bebê na família para mimar, está de bom tamanho. E bebê dos outros é bem melhor, se chorar entregamos para mãe e pronto.

- Calma, amiga, quando fui buscar água vi que ele já tinha chegado. Está lá em baixo com os meninos. - Paloma me informa, alisando a barriguinha que ainda nem parece conter um bebê. Ou melhor, uma bebê.

Paloma acredita piamente ser uma menina, o que eu não duvido, pois todas as simpatias que fizemos apontaram para esse mesmo resultado.

- Deixa eu tocar na minha sobrinha, quem sabe ela me acalma. - Peço, esticando a mão em direção a sua barriga.

Ela se aproxima e repouso a mão sobre o tecido de seu vestido nude, longo, leve e soltinho. Não sinto nenhum movimento, mas somente a sensação de saber que ali uma vida está sendo gerada é o bastante.

- Está de quantos meses? - Minha mãe sonda.

- Quase dois. - Paloma conta, especialmente alegre. Não me lembro de ver a Paloma triste algum dia.

Aqui no quarto estamos eu, Paloma, Duda e minha mãe. Todas já estão prontas, menos eu.

Minha mãe está linda. E não, ela não veio de preto.

Antes do dia do casamento a convidei para passar um domingo aqui no morro comigo. Ela tinha resistência quanto a isso, não se sentia pronta ainda. Para ela, me visitar era como se estivesse sendo cúmplice da maior tragédia da minha vida. Mas o santo Paulo abriu sua mente há um domingo atrás. Os dois vieram para um churrasco de almoço em família.

Minha mãe conheceu o Donga e não foi muito carismática, como era de se esperar. Nas duas vezes que o viu - contando com hoje -, se tiver trocado duas palavras com ele foi muito. Ele também não insiste, a deixa a vontade.

Como eu supus lá atrás uma vez, o que mais encantou minha mãe foi a cozinha da casa. Na verdade, toda a casa a deixou abismada. Ela não esperava que ele vivesse tão bem, mesmo eu já tendo dado muitos detalhes de como era minha nova morada. Cheguei até a mostra-lá numa chamada de vídeo (que fazemos diariamente quase), mas ver pessoalmente foi uma nova surpresa para ela.

Love no Morro da Liberdade 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora