1° Invasão

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Não dê spoilers!

Não dê spoilers!

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Donga,

- Caralho, caralho, Donga! VAMÔ MORRER, PORRA! - Enquanto corremos, ouço a voz desesperada do meu parceiro Cavera atras de mim. 

Está rolando o que sempre rola: a tentativa desses cachorrinhos do governo de entrarem no meu morro. Eu e o Cavera estávamos subindo a escadaria, alargando perímetro, mas demos de cara com dois federais. Mesmo tendo um poder de fogo maior, os caras tem muito mais técnica, e depois chegaram mais 2 no reforço. Resumo: temos que se entocar por enquanto.

Há um barraco propício localizado na parte mais alta do Liberdade, onde a visão é privilegiada e onde podemos dar um tempo. Os barulhos dos tiros só aumentam minha adrenalina, mas como em todo confronto que eu participo, mantenho a mais pura calma.

Não existe nada pior do que em uma situação de perigo a pessoa entrar em pânico, como o Cavera está entrando agora. Tudo bem que as balas passaram raspando no nosso ouvido, mas são os ócios do nosso ofício.

Corro na frente buscando pontos cegos para me esconder, Cavera segue à risca ao meu lado, na cobertura. No rádio se ouvem os moleques perguntando nossa posição. Não tenho tempo de responder agora.

Tô cheio de ódio!

Nós é anti-governo, anti-sistema. São duas coisas que repudio: policia e traíra.

- Que mané morrer! Tu vai morrer sim, mas não hoje! - grito para o Cavera enquanto aceleramos os passos e subimos uma escada que leva a um barraco.

Uma garotinha e sua mãe estão na sala quando abrimos a porta sem permissão. Se estivesse trancada, seria arrombada.

Os olhos da menina quase saem de órbita, e sua mãe, chorando, tampa sua visão. Com um sinal para ela fazer silêncio, fecho a porta novamente e adentramos a casa, até a varanda no outro extremo, que fica bem ao lado do barraco onde queremos chegar.

Caralho... de uma varanda a outra tem um espaço e é alto pra porra. Se o pulo não for certeiro, nem é necessário que os vermes nos matem, a queda se encarregará disso.

Cavera me olha, receoso.

- Não tem outro jeito... bora! - Atravesso a bandoleira do fuzil no peito e subo na mureta, me equilibrando.

É contigo, Deus, bota tua mão. Mentalizo uma oração rápida e salto de uma mureta para outra, sem se quer olhar para baixo.

Caio dentro da outra varanda com o coração galopando.

É isso ai, pô! Blindadão! Valeu, meu pai!

Cavera, do outro lado, se prepara para pular. Ele não pensa tanto quanto eu, e também cai na minha frente após se livrar da queda fatal do pulo.

Love no Morro da Liberdade 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora