85 Minha vida pela sua!

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[ Ouça a música e repita ela quantas vezes for necessário para penetrar em seu coração. Substitua o " Erica" por Eloá e leia o capítulo]


Eloá,

Fico tipo, oooi??? 

Que ódio! Que ódio! 

Ah, mas agora ele vai ver!

Desembaraço meus cabelos com os dedos, conserto a posição da saia de modo que a costura fique rente ao quadril novamente, e vou até lá. 

Ele está de costas. Os outros homens notam minha presença, sem nada dizerem ou demonstrarem. Bato duas vezes no ombro do Donga e recebo uma dose de sua disputada atenção. Seus amigos continuam a dialogar. Alguns olham para outros lados ou pegam o celular; ao que percebo, não sou alguém de grande importância para eles.

— Qual foi? — Donga questiona, apresentando uma postura triunfante e arrogante. Recuperou seu copo e o entorna nos lábios, espreitando meu rosto carregado de ira e libido.

Mas a vingança é um prato que se come frio. No meu caso, vou comer quente mesmo!

Trago-o pela gola da camisa até minha boca e, envolvendo minha voz num tom afiado e sedoso, revelo:

— É uma pena, porque estou sem calcinha! — desamasso delicadamente sua gola, deixo dois tapinhas nela e encaro seu rosto petrificado.

Pestanejo meigamente, sorrio e me retiro como uma leide. Ando cuidadosamente, pois seria terrível eu tropeçar e estragar minha cena final de novela das nove. Queria ter tirado uma foto de seu rosto bestificado, revelar e pôr num quadro. Nunca o vi tão sem reação!

Fui magnífica!

Olho por olho, dente por dente!

Desse mesmo lado em que estamos, tem uma rampa que dá direto em um banheiro ao lado da quadra. Esse banheiro é reservado somente para o pessoal do camarote. Desço por ela, me segurando no corrimão e pisando atentamente para desviar de um copo e outro que foi descartado indevidamente no caminho.

Avisto o banheiro a alguns metros de distância e marcho rumo a ele. Praticamente no terceiro passo, sou laçada pelas costelas e içada. Um grito agudo de susto se desprende da minha garganta, mas não muda nada. A pessoa continua a me carregar.

Antes da entrada do banheiro há um beco, delimitado pela parede e pelas chapas de alumínio que fecham todo o perímetro em volta da quadra. Conforme sou transportada para a escuridão estreita desse beco, brigo contra os braços que me prendem e clamo por socorro, mas seria impossível me ouvirem com esse som alto e esse tut-tut da batida de funk.

Cada vez o beco se torna mais escuro e, depois, viramos para a esquerda e saímos nos fundos do banheiro. Um local de chão de terra. Esse local tem a vantagem de ser mais claro, graças as luzes do poste do outro lado do muro de chapas. Próximo a uma sustentação de cimento, erguida para comportar uma caixa d'água, sou colocada de volta no chão. Rodo num tranco ao ser puxada, e descubro que meu raptor se chama Saulo Batista da Silva, vulgo Donga.

— Vou te ensinar a me provocar, sua filha da puta! — Ele me joga contra a parede do banheiro atrás de nós, sem me dar se quer tempo de reagir ou pensar, e me beija feito um louco desajuizado.

Um beijo sedento, urgente e ambicioso, que eu retribuo sem resistências.

Atiro meus braços em seu pescoço, matando a vontade de dias e desistindo de lutar contra mim e contra o que sinto. Essa batalha eu já perdi!

Love no Morro da Liberdade 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora