- Deixe que eu conto. - Matthew o interrompeu, chamando minha atenção para si. Ele estava cabisbaixo, encarando as próprias mãos, como se não tivesse coragem suficiente para me olhar. - Eu e Diana estávamos conversando há um tempo. - Começou por fim. - Não muito, mas... o suficiente pra gente decidir se encontrar. - Ele fez uma pausa e respirou fundo antes de continuar, desviando os olhos para o lado oposto do quarto. - Não fique brava por ela não ter te contado, eu apenas a pedi pra deixar isso entre a gente por enquanto

Minha testa estava franzida em confusão. Eu não via como o fato dos meus melhores amigos estarem vivendo um romance podia ser considerado sequer remotamente ruim.

- Eu a chamei para assistir um filme comigo ontem, e ela aceitou. Era nosso primeiro encontro, estávamos pensando em te contar assim que você voltasse para casa. - Outro suspiro, dessa vez ainda mais profundo. - Ela saiu de um táxi, estava vestindo um vestido vermelho... eu a vi do outro lado da rua, na porta do cinema. Ela veio em minha direção, não prestou atenção à rua na hora de atravessar, e...

Ele não conseguiu prosseguir. Thomas, que segurava minha mão, intensificou ainda mais o aperto. Mas eu precisava ouvir o resto. Eu não acreditaria nos meus próprios pensamentos se não ouvisse.

- E o quê?

Silêncio.

- E o quê, Matt?

Ele finalmente se virou para me olhar, os olhos banhados em lágrimas, e então disse devagar:

- Eu não sei de onde veio o carro. Ele a acertou... foi rápido e forte. O motorista nem sequer parou pra prestar socorro.

- O quê? - Pisquei. Suas palavras pareciam um leve tecido de seda roçando minha pele, sem serem realmente absorvidas pelo meu cérebro. Então eu não consegui assimilar imediatamente o que ele disse em seguida:

- Eu sinto muito, Angie... ela morreu na hora. Nem teve tempo de sentir dor.

Qualquer tipo de reflexo ou reação estava fora do meu alcance. Sentada onde estava, encarando meu amigo que dizia palavras sem o menor sentido ou lógica, a única coisa que prendia minha atenção eram os soluços distantes e dolorosos da minha mãe. Tudo ao redor parecia sem foco, e minha única alternativa era continuar ali, parada, estática, esperando ele explicar que tipo de absurdo estava dizendo.

- O quê? - Repeti.

Ele balançou a cabeça e apertou os lábios antes de abaixar os olhos novamente, permitindo que as lágrimas escorressem.

- Eu sinto... demais.

- O que está dizendo? - Franzi a testa e olhei para minha mãe, para Georgie, em seguida para Thomas. A expressão deles deixava claro que apesar de ser um absurdo, as palavras de Matthew eram reais. Mas ainda assim, não fazia sentido... - O que está dizendo? - Perguntei novamente, me voltando para ele e balançando a cabeça veemente para os lados. - Diana não é desatenta, ela não atravessa uma rua sem olhar para os dois lados. Estávamos conversando ontem, ela queria paçoca e eu trouxe.  O que você está dizendo?

Percebi os ombros de Matt sacudir com um soluço e ele fechar os olhos apertado. Thomas me envolveu por trás, em um abraço terno.

- Eu sinto tanto, meu amor... 

- Não era a Diana. - Resmunguei convicta e olhei para minha mãe, negando com a cabeça. - Talvez fosse alguém parecido com ela, mas ela não. Ela... - Eu ri e me voltei para Matt. - Ela é muito esperta, não morreria assim.

O rosto do meu amigo estava completamente retorcido pela tristeza.

- Foi minha culpa. - Resmungou numa voz embargada. - Se eu tivesse aceitado sair com ela no dia anterior como ela queria ou... se tivesse a chamado para vir aqui... ela ainda estaria viva.

Um plano para nós (PAUSADO)Where stories live. Discover now