‘Por volta das 15h estou aí para te apanhar.’ –leio a mensagem de Sandy e respondo com um simples ‘Ok.’
Já é tarde e dou conta que estou sozinha em casa. A minha mãe já foi trabalhar e Niall e Harry devem ter ido embora para algum sítio. Que, sinceramente, eu nem quero saber qual é.
Ainda não parei de me repreender desde ontem à noite, por não ter aproveitado a situação para perguntar a Louis sobre Madison. Na verdade, não tive coragem de estragar o ambiente. Ficámos tão bem depois do assunto da Eleanor, e quando desliguei a chamada já passavam das 3h. Fiquei a saber que conquistei uma nova pessoa para os livros.
Decido tomar um duche rápido. A água quente bate no meu corpo e faz-me sentir bem. Quando me vejo obrigada a deixar a banheira, não quero. Ando em bicos de pés pelo chão frio do meu quarto e visto a minha roupa interior.
Resmungo comigo mesma quando abro o roupeiro e não sei o que vestir. Acabo por pôr uns jeans e uma camisola de lã rosa-clara. Dou a minha dobra habitual nas calças por cima dos tornozelos e calço as minhas botas pretas.
Seco o meu cabelo e estou com demasiada preguiça para fazer algo nele hoje, acabado por o deixar com os seus jeitos habituais. Também estou com demasiada preguiça para me maquilhar. Acabo por pôr um gorro preto na cabeça.
Meto tudo o que preciso dentro de uma mala e desço. Entro na cozinha e pouso a minha mala sob o balcão. O relógio da cozinha marca as 14h35 e aproveito para fazer algo para almoço.
Pego na alface do frigorífico, nos tomates, na cenoura e no queijo fresco e preparo uma salada simples. Ponho o néctar de pêra num copo e bebo, enquanto como.
Mal acabo de arrumar a louça na máquina, recebo uma mensagem de Sandy, a avisar que já se encontra lá fora. Pego na minha e saio de casa, entrando no seu Toyota preto.
- “Então, como passaste o natal?” –ele pergunta quando arranca, diminuindo o volume da música rock que está a passar na rádio.
- “Bem, e tu?”
- “Também. A minha família vai mudar-se para Liverpool.”
- “Oh, vais com eles?”
- “Não. Tenho aqui o meu emprego, portanto não. De qualquer das maneiras eu também já vivo sozinho.”
- “Tu tens quantos anos mesmo?”
- “18. Tu?”
- “16.”
- “Pareces mais velha.”
- “Costumam dizer-me isso.” –digo, encolhendo os ombros, e ele ri.
- “Tu andas em que escola?”
- “London High School.”
- “O Alex está a pensar inscrever-se lá.” –ele informa-me.
- “A sério?”
- “Sim, ele também tem 18 anos, mas ele não acabou o 12º ano. Acho que a Madison o convenceu e ele vai-se inscrever.”
- “Isso é bom, ele vai para que área?”
- “Penso que seja Economia.”
- “Tu acabaste os teus estudos?” –pergunto, quando paramos num sinal vermelho.
- “Sim.”
- “E não pensas ir para a faculdade?”
- “Claro. Mas ando a trabalhar durante este ano, e talvez no próximo, para ter dinheiro para ir para a faculdade.”
- “Queres pagar tu, tudo?”
- “Sim, quer dizer, eu estou em artes. Os meus pais já me compram os materiais todos e isso não fica barato. Tomei a decisão que vou ser eu a pagar a minha faculdade.”
- “Artes de facto é a área em que se gasta mais dinheiro.”
- “Sim, mas quando é o que se gosta de fazer, como no meu caso, vale a pena.”
- “Acredito que sim.”
- “Tu não desenhas?” –ele pergunta-me e eu rio.
- “Não, sou péssima. Se te desse um desenho meu, irias pensar que tinha sido um miúdo de 5 anos.”
- “Oh, tenho a certeza que não é assim tão mau.”
- “Acredita, é.”
- “Parece que te vou ter de ensinar então.” –ele diz e estaciona o carro.
Ambos tiramos os cintos e saímos do carro. Ele tranca com a chave e andamos até à porta do Ron’s. Quando lá chegamos, Madison e Alex já estão a trabalhar.
- “Olá.” –eu digo animada, enquanto me ponho em frente a Madison, do outro lado do balcão.
- “Isto hoje está cheio.” –Sandy comenta, olhando para o bar.
- “Esqueceste-te que o Ron deu um desconto de natal aos clientes?” –Alex junta-se à conversa.- “Claro que veio toda a gente aproveitar.”
- “Que desconto?” –pergunto, curiosa.
- “Se consumirem mais que 25€, têm bebidas grátis para todas as pessoas que estão na mesa.”
- “Oh.”
- “Ao trabalho! Sandy, Savannah, para o balcão!” –Alex manda e nós assentimos.
Tiro o meu gorro e a minha mala, pousando-os no bengaleiro da cozinha. Arregaço as mangas e continuo a arrumar a louça da máquina que Madison deixou a meio.
***
- “Precisamos de mais ananás!” –Madison grita para mim e Sandy, que estamos na cozinha a cortar fruta.
- “Estou já a acabar!” –Sandy grita de volta.
- “Ah, merda!” –eu grito, após cortar-me no dedo.
- “Estás bem?”
- “Sim, foi só um corte.”
- “Passa por água.”
Sandy liga a torneira e pega no meu dedo ferido, pondo-o debaixo da água.
- “Estás bem?” –ele pergunta de novo.
- “Sim.”
- “Isso parece ter sido profundo.”
- “Não admira, com uma faca daquele tamanho!” –resmungo.- “Tens aí pensos?”
- “Sim, acho que há ali uma caixa.”
Sandy retira um kit de primeiros socorros de cima do frigorífico e abre-o. Retira uma caixa de pensos rápidos e tira um de lá de dentro. Tira os papéis que o envolvem e pega no meu dedo. Após pôr o penso, olha para mim.
- “Já está.”
- “Obrigada, Sandy.”
Ele aproxima-se de mim e não estou a perceber o que ele está a fazer. Quero dizer para se afastar mas quando dou por mim os seus lábios já estão colados aos meus.
Sandy puxa-me para o pé do seu corpo e, apesar de não querer, ponho os meus braços à volta do seu pescoço. Eu quero isto? Claro que não. Mas não quer dizer que não o faça, certo?
Ouvimos um barulho e separamo-nos.
- “Não queria interromper nada, mas a Madison está mesmo a precisar do ananás.” –Alex diz, à porta da cozinha.
- “Sim, sim. Já está pronto.” –Sandy apressa-se a pôr as fatias de ananás num balde e entrega-o a Alex, que sai da cozinha.- “Wow, isto foi…” –ele diz olhando para mim.
- “Um erro.” –termino a sua frase.
- “Ia dizer bom.”
- “Desculpa, mas estou interessada noutra pessoa.”
- “Diz-me por favor que não é no Alex.”
- “O quê? Claro que não!” –eu quase grito.
- “Então qual é o problema de curtirmos? Se não é o Alex, eu não o conheço.”
- “Porque eu não quero curtir contigo. E eu prometi-lhe que me ia manter afastada de ti.”
- “E não te mantes-te porquê?”
- “Não sei. Olha, não sei mesmo.” –eu respondo, pondo uma mão na testa.
Foda-se, o que é que eu acabei de fazer? Eu beijei o Sandy, numa cozinha, e fomos apanhados pelo Alex. Quando eu gosto do Louis, que me pediu para não ter nada com o Sandy, e que eu prometi. Bom, na verdade, eu apenas prometi que não iria sair com o Sandy.
‘Mas beijaste-o, que é pior.’ –o meu subconsciente mete-se no assunto e, por mais que não queira, tenho de lhe dar razão desta vez.
- “Porque também sentes algo por mim!” –Sandy diz.
- “Não! Não, nem pensar.” –eu grito.
- “Então porquê?”
- “Tenho de ir embora.” –digo, pegando no meu gorro e na minha mala.
- “Savannah.” –Sandy diz enquanto me agarra no braço.
- “Larga-me.”
Solto-me e ando à pressa até à porta.
- “Savannah?”-Madison chama-me.
- “Tenho de ir embora, desculpa.”
Saio rapidamente do Ron’s e apanho um autocarro.
Não sei para onde estou a ir, porque este nem é o autocarro com sentido a minha casa.
Ponho os meus fones nos ouvidos enquanto a Birdy canta, com a sua voz lindíssima. Não dou pelo tempo passar mas a playlist repete-se uma e outra vez. Saio num em Headington e pergunto-me porque raio estive mais de uma hora enfiada num autocarro.
Paro numa esplanada que me parece agradável. Sento-me e retiro o meu telemóvel, são 18h30.
- “Vai querer alguma coisa?” –uma empregada de cabelo moreno apanhado pergunta-me com um sorriso.
- “Um chocolate quente, por favor.”
- “É para já.”
Ela vai embora e recebo uma mensagem de Sandy ‘Temos de falar sobre o que aconteceu.’. Decido ignorar. Já fiz demasiada asneira por hoje e não quero fazer mais. Se o Louis sonha do que andei a fazer é capaz de nunca mais me querer ver à frente. Não acredito que o beijei. Merda, como é que vou olhar para a cara dele a partir de agora?
O penso que tenho no dedo está a irritar-me portanto decido tirá-lo e pô-lo dentro do cinzeiro que está em cima da mesa. Ligo o meu facebook e divirto-me a ver a minha página inicial, bebendo o meu chocolate quente, que chega entretanto.
***
- “Como assim não há autocarros para Londres hoje?” –pergunto ao homem, admirada.
- “O último partiu às 20h15.”
- “Mas não há autocarros de noite?”
- “Aos sábados não.”
Suspiro em derrota e abandono a cabine de informações, ao pé da paragem de autocarro. Sento-me no banco da paragem a pensar. Se pensava que o dia de hoje não podia ficar pior, enganei-me.
Tenho de pedir a alguém que me venha buscar.
A minha mãe vai-se passar, não lhe posso pedir. O Niall não vai tirar o carro à minha mãe só para me vir buscar. Madison nem carta tem. Alex e Sandy estão fora de questão. Não vou obrigar o Louis a percorrer uma hora de mota para me vir buscar, apesar de não ser a primeira vez que ele roubaria o carro à mãe. Ainda por cima, o ambiente vai estar estranho.
Só tenho uma opção. Uma última opção. E odeio ter de a usar.
Olá meninas!! Hoje fiz um capítulo mais pequeno, desculpem!
Hoje passei o dia todo fora de casa e decidi publicar este mais pequeno e já começar a adiantar uns para durante as minhas férias no Algarve, que como sabem vou amanhã. Estou a fazer de tudo para ir adiantando uns capítulos para não vos deixar tantos dias sem a fic nestas semanas.
Mais uma vez digo o que disse no capítulo anterior, sigam-me nas redes sociais que estão na descrição do meu perfil do wattpad e avisem-me, que é para vos seguir! Em breve vou começar a postar lá novidades e curiosidades da fic, fiquem atentas!!!
Obrigada por lerem, beijinhos a todas!