Um plano para nós (PAUSADO)

By MihBrandao

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Após ter sua família irrevogavelmente desestabilizada por um infeliz acontecimento que resultou na separação... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11 - Parte I
Capítulo 11 - Parte II
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Palavras de uma autora esgotada
Capítulo 37 part. I
Capítulo 37 part. II
Capítulo 37 part. III
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64 - Parte I
Capítulo 64 - Parte II
Capítulo 65
Capítulo 66 - Parte I
Capítulo 66 - Parte II
Capítulo 67
Capítulo 68 - Parte I
Capítulo 68 - Parte II
Capítulo 69
Capítulo 70
Capitulo 71

Capítulo 46

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By MihBrandao

Angeline narrando:

- Isso não faz o menor sentido... - Diana resmungava enquanto separava, distraidamente, as cores de maquiagem que ela insistiu que eu devia usar essa noite.

- Ele é especialista em não fazer sentido. - Respondi em voz alta de dentro do closet, afastando seus diversos vestidos na arara para tentar encontrar um menos vulgar.

- Não, Angie, isso é sério. - Ela entrou pela porta e cruzou os braços perto da janela. - Você disse que ele ligou avisando que iria se atrasar para o almoço...

- Aham.

- E depois ele cancelou. Você não percebe? Aconteceu alguma coisa nesse dia.

Desviei minha atenção dos vestidos e a olhei com a testa franzida.

- Do que está falando?

- Eu não sei, só... pense comigo. - Ela olhou para os próprios pés. - Se ele não quisesse mesmo almoçar com você, por que se daria ao trabalho de dizer que iria se atrasar antes de ligar cancelando?

Ponderei suas palavras por um momento, compreendendo onde ela queria chegar. Realmente, não fazia sentido...

- E depois ele insiste que você o acompanhe a essa tal festa... - Diana continuou divagando. - Não sei não, tem caroço nesse angu.

Me sentei sobre o puff no centro do closet, prestando atenção.

- Qual é sua teoria?

Ela me olhou e mordeu o lábio, ficando em silêncio por um momento. Então franziu a testa e começou a gesticular empolgada:

- Está bem, eu vou dizer o que eu penso. Eu acho... que ele estava ansioso para almoçar com você quinta-feira, mas surgiu algum problema. Ele pensou que seria fácil resolver, então ligou pra te avisar que iria se atrasar. Acontece que minutos mais tarde, ele percebeu que esse problema era maior do que imaginava, e... bem... escolheu não te envolver em seja lá o que for. A partir disso, ele cancelou o almoço e agora está tentando te afastar.

Ela parou de falar e um silêncio absoluto tomou conta do ambiente. Diana me encarava como se acabasse de apresentar algum tipo de seminário importante que definiria seu futuro, e em minha mente, tudo o que eu era capaz de fazer era imaginar o quanto suas palavras faziam sentido.

- Então você acha... que ele está sendo forçado a agir desse jeito?

Ela encolheu os ombros.

- Você consegue pensar em outra hipótese?

Desviei os olhos, uma leve ruga entre minhas sobrancelhas denunciando minha compreensão.

- Isso explicaria muita coisa...

- Sim. - Diana assentiu. - Como o fato de ele mudar de ideia sobre essa festa tão rápido, logo depois de te ver conversando com seu novo amiguinho.

Eu sorri ao ver o modo como ela enrugou o nariz em sua última palavra.

- Você iria amar o Matt se o conhecesse.

Ela revirou os olhos.

- Que seja. Isso não vem ao caso agora. - E se dirigindo aos seus vestidos, completou: - Temos que arrumar um jeito de descobrir o que está acontecendo na mente daquele ser lindo, maravilhoso e incrivelmente complicado por quem você está apaixonada.

Eu ri, me levantando do puff.

- Se nem eu sei o que sinto por ele, como você pode saber?

Diana me dirigiu um olhar entediado e estreitou suavemente os olhos. E com esse olhar, nada mais precisava ser dito. Ela sabia disso.

Então apenas retirou um vestido vermelho extremamente curto do cabide e me estendeu, considerando o assunto encerrado.

- Que tal esse?

Ergui as sobrancelhas, soltando um risinho.

- Eu não vou usar isso.

- É, imaginei que não. - Ela devolveu o vestido para o cabide. - Talvez eu deva comprar algumas burcas, agora que você sempre precisa de roupa minha pra ir a alguma festa.

Sorri, me pondo a ajudá-la a encontrar algo que eu poderia considerar usar.

- Você se lembra do que me emprestou para o aniversário dele? Pode ser um no mesmo estilo.

Ela fez uma careta.

- Aquele era o único que eu tinha. Você sabe, presente da mamãe. E esse?

Ela me estendeu um preto de alcinha, tão justo que eu não me surpreenderia se revelasse até o contorno dos meus órgãos internos.

Inclinei a cabeça, olhando-a entediada.

- Diana.

Ela revirou os olhos, guardando a peça de volta em seu lugar.

- Você não acha que podemos economizar tempo, desmontando minhas roupas pra costurar um vestido pra você?

Eu ri, mas antes que pudesse responder ela inalou fortemente o ar, como se de repente tivesse encontrado a solução. Quando se voltou pra mim, seus olhos estavam arregalados.

- O vestido prateado!

Franzi a testa.

- O quê?

- Seu vestido! Aquele escondido no fundo do seu closet que você nunca usou, lembra?

- Esqueça. - Neguei com a cabeça. - Ele está na casa do meu pai.

- Minha querida, eu não ligo a mínima. Nós precisamos dele hoje.

- Diana, eu não vou...

- Preste atenção, Angeline Claire. - Ela emitiu implacável. - Isso não é apenas uma festa da empresa ou um encontro com um cara qualquer. Você tem uma missão a cumprir essa noite e aquele vestido é seu uniforme. Então ou você vai pegá-lo comigo... ou eu vou sozinha. Você decide.

Pisquei, chocada como o humor das pessoas a minha volta podiam ser instáveis.

- Certo, me espere aqui então. - Ela resmungou quando o terceiro segundo se passou em silêncio.

- Não, espere. - Segurei seu braço e fechei a cara, irritada. - Só me deixe avisá-lo que estamos indo.

Ela assentiu, então peguei meu celular sobre sua penteadeira e procurei por Pai na lista telefônica. Ele atendeu no quarto toque.

- Anjinho?

Respirei fundo. Não que eu já não estivesse acostumada a conversar com ele por telefone, mas geralmente - e com geralmente eu quero dizer sempre, desde que eu saí de sua casa -, quem se dispõe a ligar é ele. Então eu sou capaz de imaginar o choque quando ele viu meu nome na tela do seu telefone.

- Oi, pai. Está em casa?

- Anh... sim. Você está bem?

- Estou bem, só... quero saber se minhas coisas ainda estão aí ou... se você doou ou vendeu pra alguém, sei lá.

- É claro que não, Angeline. Está tudo do jeito que você deixou.

Assenti e apertei os lábios, mesmo ciente de que ele não via meus gestos.

- Então... eu posso passar aí? Preciso de um dos vestidos que você me deu.

Eu praticamente podia ver sua expressão quando ele respondeu:

- Oh, filha, é claro. Você sabe que pode vir a hora que quiser.

- Não pretendo demorar, vou apenas buscá-lo.

- Está bem. - E depois de uma pausa, completou: - Te vejo em breve, então?

Suspirei.

- É... te vejo em breve.

Quando desliguei, Diana me encarava como se esperando receber a maior bronca de sua vida.

- Você tem certeza que está pronta pra isso?

- Você não me deu muitas alternativas, não é? - Joguei o celular sobre o puff e me dirigi para a porta.

- Ei, nem vem. - Ela resmungou enquanto me seguia. - Você sabe muito bem que eu sei ir até sua casa sozinha!

*~*~*~*

Não neguei o abraço do meu pai quando ele abriu a porta com um sorriso estampado no rosto.

Era estranho estar ali depois de quase dois meses, a casa nem parecia mais a mesma. Eu tinha a sensação de ser apenas uma visita na casa onde cresci.

Meu pai, por outro lado, parecia ter voltado à vida. Ele havia engordado desde a última vez que o vi, e suas olheiras estavam perceptivelmente menores. Ele cortou o cabelo e fez a barba também, o que me dava a sensação de que havíamos voltado dois meses atrás. Na época em que a infelicidade morava apenas em mim.

- Está limpo aqui. - Resmunguei ao me desvencilhar do abraço e entrar, seguida pela Diana.

- O que você esperava encontrar, poeira e teias de aranha? - Ele perguntou bem-humorado.

Okay, talvez eu estivesse exagerado um pouco... mas considerando sua aparência antiga, eu não me surpreenderia se encontrasse a casa nesse estado.

- Quem faz a faxina agora? - Perguntei depois de girar em torno de mim mesma para olhar em volta.

- Eu. - Ele respondeu simplesmente. - Nos fins de semana... ou quando encontro um tempo livre na minha agenda. Estou aprendendo a cozinhar também, mas as roupas eu levo pra lavanderia. Você sabe, eu nunca fui um bom lavador.

Retribuí ao seu sorriso da melhor maneira que pude, porque não pude deixar de notar que ele realmente estava se esforçando para melhorar. E isso é bom. Eu acho.

- Vocês querem almoçar? Posso esquentar a comida se estiverem com fome.

- Nós já almoçamos, Mike. - Diana respondeu por mim, sua voz totalmente impassível sem demonstrar nada.

- É... - Concordei, mas depois de uma pausa, ao ver a decepção em seu rosto, me vi completando: - Quem sabe na próxima.

Ele precisou de um tempo antes de assentir, seu rosto se iluminando com o pensamento de que eu pretendia voltar. Ele tinha esperança.

Desviei os olhos. Okay, ele está tentando... talvez esteja na hora de me livrar da raiva. Mas um pouco de cada vez...

- Nós só viemos buscar o vestido.

E sem olhar para trás, fiz meu caminho até meu quarto, sendo seguida de perto pela minha amiga.

*~*~*~*

- Espetacular... - Diana resmungou em pé atras de mim, ao soltar um dos cachos do meu cabelo.

Fazia quase cinco horas desde que eu havia saído da casa do meu pai alegando que não sabia que dia voltaria, e a partir de então, ela se ocupou em me produzir com tanto afinco como se fosse o dia do meu casamento.

Diana me conhece o suficiente para saber que eu não sou fã de maquiagem, então não exagerou. Minha aparência quase podia ser considerada natural - quase. O vestido ainda cabia em mim, mesmo que eu o tivesse ganhado há mais de um ano e nunca o tivesse usado. É, meu pai tinha essa mania de comprar o que quer que eu achasse bonito numa vitrine, mesmo que eu fosse incapaz de imaginar uma ocasião em que tal objeto poderia ser usado.

Ela me emprestou uma de suas sandálias de salto preta e fez um penteado em coque no meu cabelo, usando o babyliss para deixar alguns cachos soltos. Nós sabíamos que seus dois anos de curso de penteado não seriam desnecessários.

- Espetacular. - Ela repetiu com um sorriso orgulhoso.

Tive que rir.

- Você já disse isso.

- Eu sei, mas você está tão... - Ela balançou a cabeça, me encarando através do espelho.

- ... espetacular? - Ergui uma sobrancelha.

- É! - Ela riu, e se afastando de mim, abriu uma de suas gavetas no closet. - Aqui está. - Disse me estendendo uma bolsinha prateada que combinava com o vestido. - Você precisa de um lugar pra guardar seu celular.

- Obrigada.

- Não pense que é de graça, querida. Eu quero saber com detalhes tudo sobre essa noite.

Sorri, sem conseguir desviar os olhos do meu reflexo. Eu não conseguia evitar pensar em qual seria a reação de Thomas quando me visse. Não que eu quisesse impressioná-lo, mas... ah, que seja. Não tenho outro motivo.

- Certo, já chega. - Diana resmungou me puxando pela mão. - Minha mãe já deve ter terminado de fazer o jantar. Vamos comer porque nunca se sabe o que esperar de eventos como esse.

Mas antes mesmo de ela terminar de dizer a última palavra, a voz de sua mãe soou no andar de baixo:

- Angie, seu carro chegou!

- O quê? - Diana franziu a testa olhando o relógio na parede. - Ele está adiantado.

- Tudo bem, Di. - Gesticulei escondendo meu entusiasmo. - Eu não estou com fome mesmo.

- Tem certeza? Posso pedir à minha mãe pra preparar um prato pra você ir comendo.

Eu ri, caminhando até a porta.

- Eu não vou passar fome, mas obrigada pela preocupação.

- Você acha melhor levar um casaco ou será que ele te empresta o terno se você sentir frio? Eu devo ter um casaco que combine...

- Diana. - Me voltei para minha amiga com as sobrancelhas erguidas. - Eu estou bem, sério. Tudo bem.

Ela respirou fundo parecendo mais eufórica do que eu.

- Desculpe, eu só... ah, eu estou tão orgulhosa! - E sem aviso prévio, me abraçou. - Eu sempre soube que Deus tinha algo melhor pra você do que o merda do seu ex.

Eu quase ri de sua empolgação, mas meu humor se perdeu completamente quando um pensamento cruzou minha mente. Diana percebeu minha seriedade quando se afastou.

- O que foi?

- No dia que eu terminei com o Tyler, ele disse que...

- Ah, não. - Ela fez uma careta. - Você está prestes a sair com Thomas Strorck e está pensando no Tyler? É sério?

- Não é isso, é que...

- Angie, pare. - Diana me interrompeu de novo. - Hoje é seu dia, garota! Esqueça o que quer que aquele imbecil tenha dito e viva o hoje. Viva! Não desperdice esse momento pensando naquele encosto, ele não merece isso.

Ponderei seu conselho por um momento, mas acabei chegando à conclusão de que ela estava certa. Chega de Tyler. Hoje o dia é meu... e do Thomas.

- Tudo bem. - Assenti.

- Tudo bem. - Ela repetiu e sorriu, antes de me acompanhar até a escada.

Encontrei Henry me esperando no hall de entrada com as mãos juntas na frente do corpo. Ah, não... será que ele vai me tratar como uma das "garotas" do Thomas?

- Boa noite, senhorita. - Disse profissionalmente, com um aceno de cabeça.

Sim, ele vai.

- Oi, Henry. Onde está o Thomas?

- Esperando no carro. Está pronta para ir?

Olhei para Diana que tinha um sorriso descarado estampado no rosto.

- Divirta-se.

- Uau, Angie... - Sua mãe resmungou quando me viu ao sair da cozinha. - Você está esplêndida.

- Ela está, não é? - Por mais incrível que possa parecer, o sorriso da minha amiga aumentou. - Eu fiz um trabalho excelente.

Revirei os olhos para seu ego e sorri pra sua mãe.

- Obrigada, Sra. Kidder.

- Divirta-se. - Ela respondeu com um sorriso maternal.

Assenti e acompanhei Henry para fora.

- Ei. - Diana chamou da porta antes que eu chegasse até o carro. - Não faça nada que eu não faria.

Revirei os olhos outra vez.

- Boa noite, Diana.

Ela apenas riu.

Me inclinei para entrar no carro quando Henry abriu a porta de trás para mim depois de lhe agradecer com um sorriso. Eu podia sentir meu coração bater com força no peito, e quando ocupei meu lugar ao lado do único outro passageiro, embora pudesse sentir o calor de seus olhos em mim, eu não ousei olhar para ele imediatamente.

Respire, Angie. Se controle.

Engoli, inspirei e me virei para o olhar. Thomas vestia um terno azul iluminado apenas pela luz fraca e amarelada dos postes na rua, e mesmo na penumbra, eu podia notar que ele estudava com atenção cada detalhe do meu vestido.

- Exagerei? - Perguntei tentando soar naturalmente. - Exagerei, não é? Ótimo. - Desviei os olhos para minhas mãos no mesmo instante que Henry ocupou seu lugar atrás do volante. - Eu sabia que era demais, sabia que esse vestido era muito extravagante pra...

- Você está linda, Angeline.

Parei de falar. Pisquei algumas vezes. Olhei pra ele de novo. Thomas continuava me olhando.

Okay, ele me elogiou. Nossa noite pode ser agradável, afinal.

- Você também. - Me vi dizendo automaticamente.

Ele olhou para o próprio corpo por um momento.

- Também estou linda?

Não pude evitar meu sorriso. É, nossa noite será agradável.

- Está bonitinho.

- Sério? - Ele me olhou como se sentisse dor. - Gastei mais de três horas na frente de um espelho pra tentar te impressionar e você acha que estou... bonitinho?

Soltei uma leve gargalhada.

- Você não está falando sério.

Um canto de sua boca se inclinou ligeiramente em um sorriso contido.

- Não. As três horas é brincadeira.

Balancei a cabeça para os lados e olhei para minhas mãos, sem saber mais o que dizer.

- Como foi seu dia? - Ele perguntou nos poupando de percorrer o resto do caminho em silêncio.

- Hm... interessante. É sempre interessante quando estou com a Diana. - Olhei para ele. - E o seu?

- Monótono. Tedioso.

Apertei os lábios antes de perguntar calmamente:

- Você vai me contar o que aconteceu?

Ele desviou os olhos de mim pela primeira vez desde que entrei no carro e se mexeu, desconfortável. Em seguida, olhou pela sua janela e pensou por um momento antes de me encarar de novo.

- Fiz uma reserva pra gente em um restaurante. Podemos jantar lá depois de sair da festa.

Franzi a testa. Eu sabia que ele estava descaradamente mudando de assunto, mas decidi não insistir. Talvez ele estivesse esperando o momento certo pra me contar, mas mesmo que não estivesse... isso certamente não me interessava.

- Achei que o plano fosse dar uma volta no parque.

- Prefiro um lugar menos movimentado. Você se importa?

Pensei um pouco e neguei com a cabeça.

- Não. Tudo bem.

- Ótimo.

E pelo resto do caminho, Thomas não disse mais nada. Nem eu.

*~*~*~*

- Droga. - Eu o ouvi resmungar baixinho assim que Henry parou o carro na calçada, em frente a algumas dezenas de repórteres que infestavam a entrada do salão de festas.

Enruguei o nariz para seu xingamento desnecessário, mas antes que eu tivesse a chance de perguntá-lo o motivo de estar irritado, ele saiu do carro.

- Eu abro a porta dela. - Ouvi ele resmungar para o motorista, que mantinha sua porta aberta.

- Sim, senhor.

E foi apenas o primeiro repórter notar quem era o homem que havia saído do carro, que pela janela eu pude ver todos os outros atacarem.

- Sr. Strorck, é a primeira vez que é visto em uma festa de sua empresa. Algum motivo especial para sua presença?

- O senhor pretende investir no ramo naval?

- Corre boatos de que o senhor deu um prejuízo milionário para sua companhia, isso é verdade?

- Pretende se unir à Índia, senhor?

Thomas abriu minha porta e pegou minha mão. Ele tentou ser cuidadoso, mas eu sabia que estava com pressa para entrar no salão e se livrar de todas essas perguntas. Apertei os olhos para os flashs das câmeras, orgulhosas por capturar nossas imagens juntos.

- Vemos que tem companhia. Ela é sua namorada?

- Qual é a diferença de idade entre vocês?

- Quem é ela?

- Há quanto tempo estão juntos?

Senti um calafrio me percorrer quando Thomas soltou minha mão e apoiou a sua na base das minhas costas. Ignorei essa sensação.

- Thomas, você precisa responder. - Resmunguei baixinho enquanto ele me conduzia suavemente entre os fotógrafos e repórteres.

- Está aí uma regra que você não vai conseguir me fazer quebrar. - Ele resmungou no mesmo tom de voz. - Eu não respondo a essas pessoas.

- Por que não?

- Não me importo com o que dizem sobre mim.

Meu queixo caiu. Okay, vossa alteza. Hoje isso não é apenas sobre você.

Parei.

- Mas eu me importo.

E me virando, foquei minha atenção nos homens e nas mulheres que seguravam microfones e gravadores nas mãos. Eu geralmente não costumo fazer shows desse tipo, mas apenas deixei a adrenalina fluir. Se tem uma coisa que não suporto, é ver pessoas criando suposições sobre mim e espalhando em revistas de fofoca como se me conhecessem, como aconteceu da última vez que eu e Thomas fomos vistos juntos.

Mas hoje não. Dessa vez vai ser diferente.

- Prestem atenção ao que vou dizer e tomem isso como resposta para todas as perguntas de vocês. - Falei em voz alta, calando-os imediatamente. Eles praticamente pararam de respirar para me ouvir.

- O que você está fazendo? - Thomas perguntou baixinho, ao meu lado.

O ignorei.

- Eu e Thomas Strorck somos amigos, não temos nenhum relacionamento além disso. Eu não entendo como vocês têm tanta facilidade em criar teorias e sair espalhando por aí como se fosse verdade, mas é isso aí, pessoal! Amizade entre sexos opostos existe sim! E mesmo que fôssemos algo mais, vocês não têm nada a ver com isso! Não é da conta de vocês! Então porque não pegam esses gravadores e essas câmeras e vão apontar pra alguém que goste de atenção? Ou melhor, façam uma matéria sobre algo relevante como a fome na África ou o terremoto do Japão. E só pra variar, escrevam sobre algo de que tenham certeza, o público agradece!

Continuei os encarando por um segundo, imaginando se alguém teria alguma pergunta. Mas o silêncio foi tanto, que eu quase podia ouvir o cricrilar dos grilos.

- Tudo bem, já chega. - Thomas disse colocando sua mão de volta na curva das minhas costas, e eu não resisti quando ele finalmente me conduziu para dentro.

Eu estava tremendo. Talvez estar na presença dele ao mesmo tempo que fazia um discurso para dezenas de repórteres fosse adrenalina demais pra uma noite só.

- Desculpe. - Falei baixinho.

Felizmente, o salão em que entramos estava inegavelmente mais vazio do que a entrada.

- Pelo que está se desculpando?

Revirei os olhos. Que pergunta idiota, fala sério!

- Pelo vexame. Eu só... não consegui controlar. Eu não tinha a intenção de te envergonhar.

Thomas não respondeu, o que me fez olhá-lo. Ergui as sobrancelhas ao notar a sombra de um sorriso em seu rosto.

- Você não está zangado? - Perguntei surpresa.

- Zangado? - Seu sorriso se abriu quando ele me olhou de volta. - É a primeira vez que te vejo com raiva, Angeline. Estou feliz por não ter sido seu alvo.

Oh... certo. Ele está bem-humorado. Que bom.

- Sr. Strorck! - Um homem de meia idade caminhou alegremente em nossa direção, enquanto adentrávamos o salão. - Que bom que reconsiderou meu convite. Vejo que trouxe a namorada; é um prazer te conhecer, senhorita.

Revirei os olhos enquanto apertava a mão que ele me estendia, mas antes que pudesse responder, Thomas foi mais rápido que eu:

- Não ficaremos muito tempo, Frederic. Por que motivo você fez tanta questão que eu estivesse aqui?

- Oh, eu tenho uma pessoa que preciso te apresentar, senhor. - Ele esticou o pescoço para olhar em volta, mesmo que o salão estivesse vazio o suficiente para saber exatamente quem já estava presente e quem ainda faltava. - Mas aparentemente ele ainda não chegou, então...

- Você insistiu pra que eu viesse apenas porque precisa me apresentar alguém?

- É um funcionário excelente, senhor, um dos melhores que a empresa já teve. Acho que merecia uma ocasião especial para isso. Ouso até dizer que ele merece uma promoção.

Thomas revirou os olhos, entediado.

- Vamos esperar por uma hora. É bom que valha a pena, Frederic.

- Vai valer, eu dou minha palavra. - E ao olhar a porta de entrada, ele inclinou a cabeça. - Com licença, senhor. Sintam-se à vontade.

O homem se foi, deixando-nos a sós.

- Você sempre costuma fazer isso? - Perguntei.

- Isso o quê?

- Chegar quase uma hora adiantado em seus compromissos...

Ele fez uma careta.

- Eu queria evitar os fotógrafos, mas parece que eles resolveram acampar aqui.

Sorri, ao que Thomas continuou:

- Eles devem ter aprendido a lição. Pelo menos pelo resto da noite, você garantiu que eles nos deixem em paz.

- Então... tudo bem mesmo? Eu não estraguei a noite?

Thomas se virou para ficar de frente pra mim, e colocando um cacho atrás do meu ombro, sussurrou:

- Você me surpreendeu, Angeline... como sempre.

- Sr. Strorck. - Alguém chamou se aproximando ao nosso lado.

Eu me virei ao mesmo tempo que Thomas.

- Que prazer conhecê-lo, senhor. - O homem com cerca de trinta anos declarou, estendendo a mão. - Sou Joey Scott, trabalho na sua empresa há seis anos. Eu te admiro muito.

- Obrigado. - Thomas o cumprimentou profissionalmente.

- E essa deve ser sua acompanhante... - O jeito como ele me olhou me fez ter nojo de mim mesma. - É um prazer te conhecer, senhorita...?

- Seis anos é muito tempo, não é Scott? - Thomas rebateu antes que eu pudesse reagir de qualquer forma. - Espero que tenha sido produtivo pra você.

Joey recolheu sua mão, constrangido, e assentiu.

- Claro, senhor. Foi muito.

- Ótimo.

Joey não disse mais nada. Apenas pelo olhar de Thomas ele sabia que essa era sua deixa, então gesticulou em despedida.

- Com licença.

Fiz uma careta quando ele se foi.

- Ele insinuou que eu...?

- Sim. - Thomas me segurou e olhou em volta, procurando por nada em particular. - Vou cuidar disso segunda-feira.

- Thomas, eu não...

- Oi, Sr. Strorck.

Eu e Thomas soltamos um suspiro ao mesmo tempo, e nos viramos juntos para olhar a garota com cerca de vinte anos que chegou acompanhada por um homem, provavelmente o namorado.

- Meu nome é Amelia e esse é Brad, meu namorado. Nós dois somos grandes fãs seus.

- É um prazer conhecê-los, mas será que vocês podem...

- Ah, essa deve ser sua famosa namorada. - Ela interrompeu Thomas ao me notar. - É um prazer conhecê-la, na empresa você tem sido nosso assunto principal.

Ah, que maravilha...

Sorri, pedindo paciência a Deus para suportar chegar ao fim dessa noite.

- É um prazer te conhecer também. - Resmunguei, sem ânimo para esclarecer o mal entendido outra vez.

- Espero vê-los de novo antes de ir embora.

Eu apenas retribuí ao seu sorriso, mas na verdade, se dependesse de mim, eu estaria indo embora naquele momento.

- É demais, não é? - Thomas perguntou quando ficamos a sós novamente. - Quer sair daqui?

- Você ainda precisa conhecer seu funcionário.

- Que se dane ele, isso está te chateando. Se você quiser, nós podemos...

- Ah, não acredito que finalmente estou conhecendo Thomas Strorck e sua famosa namorada...

Coloquei um sorriso artificial no rosto e olhei para outro homem que se aproximava. Eu não disse nada, e estaria mentindo se dissesse que escutei uma palavra do que ele disse. Meu Deus, não faz dez minutos que estamos aqui e eu estou enlouquecendo...

- Eu acho que vou... ao banheiro. - Murmurei.

Thomas me olhou por um segundo antes de se voltar para o homem.

- Conversamos depois.

- Sim, senhor. Foi um prazer conhecê-los.

Ele se foi com um sorriso no rosto, mas antes que Thomas pudesse dizer qualquer coisa, eu me afastei do seu toque.

- Olha, eu preciso de um tempo sozinha. Só isso, só até... as pessoas se acostumaram com sua presença.

Ele franziu levemente a testa, e eu quase podia prever sua resposta. Tentei fazer beicinho. Provavelmente não deve ter saído fofo.

- Por favor. - Implorei.

Ele continuou me olhando inexpressivo por um segundo e suspirou.

- Tudo bem. Mas Henry vai ficar com você.

E como num passe de mágicas, o guarda-costas estava ao meu lado.

Deus, onde esse homem estava escondido?

- Não precisa, eu só...

- Sou eu ou ele, Angeline. Você escolhe.

Meu queixo quase caiu. Okay, que paranóia esse homem tem por achar que algo pode acontecer comigo aqui dentro?!

Mas quando vi, pelo canto do olho um grupo com três mulheres se aproximando, eu fui obrigada a dar uma resposta imediata:

- Tudo bem, eu fico com ele.

Thomas assentiu antes de se voltar para o guarda-costas.

- Cuide dela como se estivesse cuidando de sua filha, Henry.

- Sim, senhor. - Ele assentiu uma vez.

Misericórdia, tem como essa situação piorar?

Me afastei de Thomas imediatamente, e este foi o tempo de ele ser abordado pelas três mulheres. Okay... o constrangimento de ser escoltada por um dos meus colegas de trabalho deve ser mais tolerável do que ser abordada por tanta gente ao mesmo tempo. Tem que ser.

Olhei para Henry enquanto caminhava devagar até a mesa de comida no canto do salão, tentando criar um ambiente legal entre nós:

- Você tem filha, Henry? Eu não sabia.

- Sim, senhorita. Uma menina de sete anos.

Assenti, escolhendo as palavras com cuidado.

- Pode me chamar de Angie. Você sabe... somos colegas de trabalho.

Ele me olhou por um momento antes de voltar sua atenção para frente.

- Se me permite, vou te chamar de senhorita hoje. O humor do patrão está muito imprevisível ultimamente, prefiro não correr o risco de perder meu emprego por chamar sua acompanhante pelo primeiro nome.

Balancei a cabeça afirmativamente antes de fazer a próxima pergunta.

- Você acha isso estranho?

- O humor do patrão? - Ele encolheu os ombros. - A gente aprende a se acostumar tendo que lidar com ele por quatro anos.

Neguei com a cabeça.

- Não isso, eu quero dizer... o fato de eu ser acompanhante dele.

Henry me olhou, uma leve ruga em sua testa.

- Está pedindo minha opinião?

Pensei por um segundo, mas acabei assentindo.

- Bem... depois de tantas garotas com quem ele já saiu, meu conceito de estranho se tornou muito relativo.

- Isso não responde à minha pergunta, Henry.

Ele me olhou novamente e sorriu.

- Na minha opinião... depois de sair com tantas mulheres, eu acredito que ele finalmente encontrou a certa.

Estreitei os olhos.

- Pra quantas acompanhantes você já falou isso?

- Bem... - Ele inclinou a cabeça, brincalhão. - Eu acho que você é a primeira.

- Você acha? - Eu ri, desviando os olhos.

- É sério. - Ele emitiu, seu riso se suavizando. E depois de um tempo em silêncio, completou: - Sabe, Angie... em quatro anos trabalhando para o Sr. Strorck, ele nunca havia mencionado em me dar férias. Ele nunca havia perguntado sobre minha família ou sobre minha vida pessoal. Essa semana, sem nenhum aviso prévio... ele perguntou sobre minha filha e me ofereceu férias para ir vê-la. - Ele encolheu os ombros. - Diga o que quiser, mas eu não acho que seja mera coincidência que ele esteja agindo assim algumas semanas depois que você foi morar naquela casa. Você está o influenciando. Está tornando ele uma pessoa melhor. Então, quer saber se eu acho estranho que você seja acompanhante dele? Não. Eu acho uma dádiva.

Respirei fundo para ver se conseguia absorver com mais facilidade suas palavras. Então Henry emendou:

- Ah, tem mais... eu estou torcendo pra que você se torne a patroa. E eu não sou o único.

Sorri. Eu me lembro de George dizer algo sobre isso há algum tempo, e mesmo que isso parecesse absurdamente inapropriado considerando todas as inúmeras diferenças que criam um muro entre eu e Thomas, não posso negar que sinto um frio na barriga só de imaginar...

- Ora, ora... vejam só quem temos aqui. - A voz familiar soou atrás de mim e um calafrio percorreu toda a extensão da minha espinha.

Não, não, não... eu sabia! Não devia ter ignorado meu pensamento quando tive a chance...

- Achei que não tivesse vestido apropriado pra esse tipo de evento, amor.

Engoli seco e me virei devagar.

Tyler estava acompanhado. Ele abraçava a cintura de uma menina loira e era escoltado por Richard e um outro amigo que eu havia esquecido o nome. Ambos também tinham a companhia de garotas elegantes.

- O que está fazendo aqui, lindinha? Não te informaram que é um evento fechado?

Henry se pôs no meio de nós dois.

- Com licença, será que você poderia...

- Não, Henry. - Pedi segurando seu braço, para tirá-lo da minha frente. - Tudo bem.

- Mas...

- Eu o conheço. - Garanti com um aceno. - Pode nos dar um momento a sós, por favor?

- Desculpe, a senhorita sabe que estou recebendo ordens do...

- Então vá até ele. - Sussurrei, interrompendo-o. - Diga que eu te fiz desobedecê-lo. Pode colocar a culpa em mim, tudo bem.

Isso não vai dar certo, meu inconsciente murmurou para mim mesma. Mas eu não via outra saída.

Henry continuou me olhando por bons segundos, mas meu olhar devia estar tão suplicante, que ele acabou concordando.

- Com licença. - E se foi.

Respirei fundo e me voltei para Tyler.

- Posso ver que você...

- Se você fingir que não me conhece, eu prometo fazer o mesmo. - Falei de uma vez.

Ele franziu a testa.

- Como é que é...?

- Olha, você está tendo a chance de sair daqui. Vá! Vá embora, Tyler, por favor.

Ele soltou uma gargalhada, seguido pelos seus acompanhantes.

- Você está me expulsando? Vejam isso! - Ele olhou para os amigos por um momento. - A limpadora de privadas está me expulsando da minha própria festa.

- Acredite em mim, você não quer fazer esse jogo comigo hoje.

- Ah, eu quero sim. - E rindo como se estivesse desfrutando de uma piada particular, ele se virou para os convidados que tinham se multiplicado exponencialmente. - Vejam, senhoras e senhores! A Gata borralheira está se achando princesinha da Disney!

E me olhando outra vez, ele soltou a garota loira e se aproximou de mim.

- Preste atenção, garota. Você não tem nenhuma maldita moral aqui dentro. Essa festa foi feita pra mim, então eu acho que o mais lógico a se fazer, seria eu...

- Algum problema por aqui? - A voz grave soou atrás de mim, e no segundo seguinte, eu senti uma mão envolver minha cintura em um gesto protetor.

Fechei os olhos, mas não antes de ver Tyler recuar um passo, assumindo uma expressão tão pálida quanto papel.

- Hm... não, senhor. Eu...

- Não foi a você que eu perguntei. - Senti Thomas se virando para me olhar. - Angeline?

Respirei profundamente. A culpa não é minha, eu tentei evitar isso.

Abri os olhos e olhei para Tyler. Ele me encarava com um misto de choque, descrença e súplica no olhar.

Encolhi os ombros, ciente de que eu havia lhe dado a chance. Ele a rejeitou porque quis.

- Eu te avisei...

#-#

Hahaha depois de tantos comentários e mensagens INCRÍVEIS que recebi, minha inspiração tinha duas opções: ou voltava correndo, ou voltava voando.

Obrigada, gente. Esse capítulo é como um agradecimento por serem tão extremamente e absolutamente maravilhosos. São os melhores leitores que eu poderia ter.

Fiquem tranquilos, eu não vou abandonar vocês. Desde que vocês não me abandonem também.

Beijos da Mih. Até a próxima, e que Deus abençoe a todos nós 😘❤

Ah, desculpem pelo tamanho do capítulo, não consegui resumir 😔

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