Um plano para nós (PAUSADO)

By MihBrandao

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Após ter sua família irrevogavelmente desestabilizada por um infeliz acontecimento que resultou na separação... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11 - Parte I
Capítulo 11 - Parte II
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Palavras de uma autora esgotada
Capítulo 37 part. I
Capítulo 37 part. II
Capítulo 37 part. III
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64 - Parte I
Capítulo 64 - Parte II
Capítulo 65
Capítulo 66 - Parte I
Capítulo 66 - Parte II
Capítulo 67
Capítulo 68 - Parte I
Capítulo 68 - Parte II
Capítulo 69
Capítulo 70
Capitulo 71

Capítulo 45

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By MihBrandao

É, eu disse que seria a Angie de novo, mas eu sei que vocês queriam o Thomas, então digam "Olá" pra ele kkk

#-#

Thomas narrando:

"Conte a ela a verdade." As palavras do meu pai soavam tão repetidamente em minha cabeça, que durante horas eu não conseguia pensar em nada mais além disso. "Angeline parece uma boa garota. Se souber que você está está prestes a se casar, ela mesma tomará a iniciativa de se afastar. Você só precisa contar."

Essas foram as exatas palavras que ele disse quase uma hora depois que voltei pra mesa durante nosso almoço. Eu me lembro de cada uma delas.

Ele disse que era um conselho de pai: "Não espere para tomar essa atitude quando for tarde demais.". Disse que eu estava tendo a chance de fazer a coisa certa: "Não é justo fazê-la te amar se você sabe que esse romance não tem futuro." E depois de mais alguns sermões como: "Não seja egoísta, pense na sua família. Seja homem pra arcar com as consequências do seu erro. Não coloque tudo em risco por causa de uma paixão que você não pôde controlar...", eu finalmente tomei coragem pra admitir a verdade:

- Eu não consigo mais me afastar dela.

É, eu não consigo.

Eu sabia que meu pai estava certo em cada palavra do que dizia. Eu passei todo o último mês tentando conquistar a confiança e o afeto de Angeline, mas nunca parei para pensar no quanto isso poderia afetá-la se, eventualmente, eu não conseguisse cancelar o casamento. Eu só pensava que ela era tudo o que eu queria, então eu a teria de um jeito ou de outro.

Mas agora é diferente. Agora, neste momento, tudo o que sou capaz de fazer é pensar no quanto eu poderia machucá-la se continuasse sendo egoísta. E me imaginar machucando-lhe de qualquer maneira que seja... isso não é algo com a qual eu conseguiria viver.

Logo, meu pai tem razão, mas essa é a verdade, de qualquer forma. Não é como se eu nunca tivesse tentado me afastar, porque eu tentei. Merda, como eu tentei... mas ela é como um ímã pra mim, sempre existe algo que nos atrai quando eu tento manter distância. Eu não posso evitar.

- Bem... - Ele respondeu após ponderar minha confissão por alguns segundos. - Nesse caso, vai ter que fazê-la se afastar de você.

- Do que está falando?

- Conte a ela a verdade. Angeline parece uma boa garota, se souber que você está está prestes a se casar, ela mesma tomará a iniciativa de se afastar. Você só precisa contar.

E então, se antes eu estava confuso, agora estava completamente perdido no espaço sideral. Tentei comparar rapidamente o que seria pior: magoá-la ou perdê-la... não consegui me decidir.

- Não espere que o que você sente por ela se transforme em amor, Thomas. - Meu pai completou. - Se começar a amá-la, acredite, não haverá patrimônio ou contrato no mundo que te fará desistir dela. Então você estaria decretando o caos.

Conversamos por praticamente uma hora, e quando finalmente saímos do restaurante, Wendel estava esperando na calçada.

- Venha, vou te levar de volta à empresa. - Meu pai disse me conduzindo para fora.

- Não. Eu vou caminhar.

- Tem certeza disso?

- Preciso de um tempo sozinho.

- Você é quem sabe. - E ao chegar próximo ao carro, como se eu já não estivesse confuso o suficiente com tudo o que conversamos, ele me abraçou. - Escute o que vou dizer, filho. Não como seu chefe, mas como seu pai. Se você não acabar com isso agora... isso vai acabar com você.

E sem mais delongas, ele entrou no carro e se foi rumo ao aeroporto, me deixando parado na frente do restaurante. Permaneci ali por bons cinco minutos antes de finalmente fazer meu caminho até a empresa.

Durante todo o resto do dia eu só conseguia pensar em Angeline e na conversa que tive com meu pai. Me distraí nas reuniões - o que rendeu olhares curiosos dos acionistas que estavam acostumados com meu foco no trabalho - e após perceber que eu não estava em condições de continuar, decidiram adiar a reunião para a próxima semana. Pedi à Louise que cancelasse todos os meus compromissos e usei as próximas horas para encontrar uma maneira de evitar o inevitável. Não consegui.

No fim do dia eu tinha apenas três opções: contar a verdade e afastá-la de forma definitiva; não mudar nada em nossa relação atual e aceitar a ideia de que eu poderia machucá-la em um futuro próximo; ou afastá-la temporariamente, de alguma forma, até que eu encontrasse uma maneira - porque eu iria encontrar - de cancelar o contrato.

Escolhi a terceira opção. Tinha que funcionar.

Acontece que não foi uma das coisas mais fáceis de se fazer quando ela entrou no meu escritório no fim daquele mesmo dia. Ter que suportar o modo como ela me olhava a cada palavra que eu dizia, ter que usar toda a persuasão que conquistei ao longo da minha carreira para convencê-la de que eu não me importava, ter que falar com ela de maneira tão fria e impassiva depois de tantos momentos que passamos juntos... isso me causou uma angústia tão grande quanto jamais conseguirei explicar. Mas pior ainda, foi ver como foi fácil que ela acreditasse. Como foi fácil que ela aceitasse a ideia de que eu simplesmente havia me cansado dela ou algo assim.

Droga, Angeline! Eu jamais desistiria de você desse jeito!

Mas as coisas apenas pioraram. Nossa conversa no escritório não foi nada comparado ao que se seguiu no dia seguinte.

- Com quem Angeline está conversando, George? - Eu quis saber enquanto almoçava.

- Eu realmente não sei, senhor.

- Vá olhar, então.

Ele não se moveu, o que me fez erguer os olhos.

- Você me ouviu?

Ele pigarreou.

- Tecnicamente eu estou em meu horário de almoço, senhor. Então se quiser saber quem está fazendo companhia a ela, suponho que o senhor é quem deve ir até lá.

Mas que raios...

- Com licença. - Ele inclinou levemente a cabeça e saiu da copa.

Eu não me levantei imediatamente. Permaneci encarando a porta por onde meu mordomo havia passado, imaginando quando foi que dei a ele permissão de sair desse jeito, sem meu consentimento.

Mas eu não podia ir até lá. A intenção era me manter longe dela, e eu estava certo de que me intrometer em seu espaço não era a melhor forma de fazer isso. Então terminei de comer. Tomei todo o suco do copo. Torci o nariz ao ouvir o som de sua risada notando que, ao contrário de mim, ela estava tendo um bom dia. Ótimo.

Deixei o guardanapo sobre a mesa, me levantei, e ignorando todos os meus instintos que me mandavam simplesmente voltar pra empresa, fiz meu caminho até a cozinha.

Não sei o que predominou em mim quando vi outro homem sentado na banqueta que, dois dias atrás, era minha. Extraindo sorrisos da garota que, dois dias atrás, ria pra mim.

Eu senti raiva, um ciúme indescritível, tristeza, e acima de tudo, decepção. Meu dia estava um caos sem ela, mas obviamente ela teve facilidade em encontrar alguém que ocupasse meu lugar.

Caramba, isso é doloroso.

Tentei manter minha expressão dura e fria enquanto estive na cozinha. Pensei em demitir o homem no mesmo segundo que descobri que ele era meu jardineiro... mas não o demití. Eu queria mostrar a ela que, apesar de tudo, eu posso ser bom. Eu posso ser um patrão mais humano, uma pessoa melhor, um homem agradável. Exceto, é claro, nos momentos em que estiver com ciúmes. E honestamente, eu nunca havia sentido tanto ciúme de alguém quanto senti dela naquele momento.

Quando ela adotou a indiferença para falar comigo, totalmente diferente de como falava com o jardineiro Matthew, um arrepio percorreu minha espinha. Tudo o que eu sentia elevou-se a um grau superior, e eu sabia que a estava perdendo. Na minha tentativa de mantê-la distante, eu a estava entregando de mão beijada a outro homem. Um homem sem um casamento pendente, sem um patrimônio que precisasse cuidar, sem um contrato para honrar. Um homem que poderia amá-la sem medo e não precisaria se sentir culpado quando ela o amasse de volta.

Não. Eu me recuso a perdê-la assim. Eu posso até ser trocado um dia, mas não serei o covarde que nunca tentou.

- Eu disse que te levaria a uma festa amanhã. - Declarei. - Então eu farei isso.

Eu não fazia ideia de como essa festa poderia me ajudar, mas tinha tempo para pensar em alguma coisa até lá.

Ela franziu a testa, debochada.

- Achei que não fizesse mais questão.

Ah, Angeline... você e essa sua língua atrevida.

- Não faço. Mas quando dou minha palavra, costumo mantê-la... espero que você também seja capaz de fazer isso.

E sem dar a ela a chance de me responder, fiz meu caminho para fora da cozinha totalmente ciente de que, se dependesse das minhas palavras, ela realmente não iria.

Eu precisava jogar com outras cartas.

*~*~*~*

- Sarah. - Chamei a empregada quando a encontrei prestes a descer a escada.

Ela se virou para mim.

- Sim, senhor?

Respirei fundo. Muito bem, Thomas... você pode fazer isso.


- Convidei sua filha pra ir comigo a uma festa amanhã.

Sarah piscou algumas vezes antes de franzir a testa, confusa.

- Achei que o senhor tivesse brigado com ela ontem... ou a tratado com arrogância, algo assim.

Ótimo. Ao que parece, eu fui o assunto no jantar delas do dia anterior.

- Eu não briguei com ela.

- Mas a tratou com arrogância...

Embora isso tivesse saído mais como uma pergunta, eu não consegui responder. Merda... achei que essa conversa seria mais fácil.

Sarah apertou os lábios e respirou fundo antes de encolher os ombros:

- Olha, senhor... Angeline é uma menina racional e muito madura. Se ela quiser ir, eu não vou impedir.

Assenti, percebendo que apesar de tudo, estávamos evoluindo.

- Esse é o problema. - Admiti derrotado. - Eu acho que ela não quer.

Sarah balançou a cabeça, seu rosto sem demonstrar nada.

- Então não vejo como posso ajudá-lo.

- Você pode convencê-la.

Ela me encarou, por um momento parecendo surpresa com minhas palavras. Em seguida desviou os olhos, franziu a testa e me olhou novamente.

- Primeiro o senhor a humilha de todas as formas possíveis, depois age como se gostasse dela, depois volta a ser arrogante e agora está me pedindo para convencê-la a te acompanhar a uma festa? Com todo o respeito, Sr. Strorck... mas eu não acho que minha filha é obrigada a aturar essa sua bipolaridade.

Mas que raios!

- Olha, Sarah, eu... eu apenas... - Droga, droga, droga. Isso não pode ser mais fácil?

Desviei os olhos e engoli, escolhendo as palavras certas. Então a olhei outra vez.

- Eu estou enfrentando problemas... que ela não entenderia. Só estou tentando evitar que isso respingue nela.

Sarah ergueu as sobrancelhas.

- Parece que é outro motivo pra ela não ir, então.

Não respondi. Apenas fiquei a encarando, patético, sabendo que ela estava certa. Mas a verdade é que eu não estava pronto para desistir agora. Não mesmo...

- Olha, Sr. Strorck... - Sarah continuou desviando os olhos. - Eu sei que o senhor é um homem bom. Apesar de tudo, eu soube disso desde que cheguei aqui... e Angeline também sabe. Mas talvez... - Ela encolheu os ombros e me olhou outra vez. - Talvez não seja bom pra ela.

Não respondi. O que eu poderia dizer em minha defesa? A única pessoa que sabia disso mais do que a própria Sarah, era eu. E eu sabia perfeitamente o quanto ela estava certa.

- Eu gostaria de poder ajudar. - Ela continuou. - Gostaria mesmo... mas ela é minha filha. E como mãe, o senhor precisa entender que eu sempre vou fazer o que é melhor pra ela. Então... - Ela balançou a cabeça. - Não posso fazer o que me pediu. Se ela não quer ir, eu vou respeitar sua vontade. Eu sinto muito... mas não posso ajudar.

Me ocupei apenas em respirar devagar, dizendo a mim mesmo que esse era o melhor a se fazer. Como meu pai disse, eu não podia esperar para me afastar quando fosse tarde demais. No entanto, quando Sarah se despediu com um "Com licença", e começou a fazer seu caminho para fora da casa, eu não pude evitar tentar uma última vez. E se no final ela ainda se recusasse a me ajudar, então eu apenas aceitaria. Mas eu precisava tentar... precisava usar a última carta que eu tinha na manga.

- Eu não vou corrompê-la, Sarah.

Minha empregada parou no meio da escada, mas não disse nada. Nem sequer se virou para me olhar outra vez.

Inspirei profundamente o ar, me sentindo como um adolescente desesperado para convencer a mãe da namorada de que ele é um cara bom. Okay, talvez eu não estivesse passando tão longe dessa situação.

- Se você me perguntar quais são minhas intenções com a sua filha, eu não vou saber responder. - Falei devagar. - Mas com certeza... não é corrompê-la.

Percebi Sarah soltar um longo suspiro antes de finalmente se virar para mim outra vez sem dizer nada, embora eu percebesse que seu olhar duro havia se suavizado um pouco.

Apertei os lábios e desviei os olhos.

- Olha, eu sei que sou um homem complicado, está bem? Sei da fama que levo no meio dos meus empregados. Mas eu jamais... faria qualquer mal à sua filha. - A olhei outra vez. - Eu jamais a machucaria.

Agora foi a vez de Sarah desviar os olhos para os próprios pés, como se incapaz de sustentar meu olhar.

- E... se sua preocupação é que eu tire a fé dela ou... que eu a faça duvidar da sua crença... - Balancei a cabeça para os lados. - Te dou minha palavra de que não farei isso. Tudo o que estou pedindo é que...

Fiz uma pausa sem saber ao certo como continuar, mas quando Sarah me olhou novamente, embora eu tivesse levado dois ou três segundos para dizer qualquer coisa a mais, finalmente me forcei a completar o que estava dizendo.

- Não a deixe desistir de mim. - E sem me importar em parecer vulnerável pela primeira vez na frente dela, expus meu pior pensamento: - Porque se ela desistir... o que vai me sobrar?

Sarah não respondeu imediatamente. Pude ver claramente suas barreiras começarem a ceder antes que ela desviasse os olhos, e depois de mudar o peso de um pé para o outro e cruzar os braços, me olhou outra vez.

- Por que logo ela? - Perguntou tentando soar firme, mas eu podia notar a sensibilidade em sua voz. - O senhor tem milhões de empregados espalhados pelo mundo, de todas as idades, raças e gêneros... por que logo a Angeline?

Desviei os olhos e ponderei sua pergunta por alguns segundos. Em seguida me encostei no parapeito e olhei para a parede, tentando explicar a ela o que nem eu mesmo conseguia entender:

- Sabe, eu achava que conhecia tudo. Cresci pensando que tinha a rosposta pra qualquer coisa... e então ela chegou. E mudou todas as perguntas. - Eu sorri e olhei para Sarah. - Por causa dela, um dos meus empregados sorriu pra mim com sinceridade pela primeira vez. Eu aprendi a dar segundas chances, aprendi a diferenciar medo de respeito e agora... as pessoas estão começando a parar de me temer e passando a me respeitar. Por causa dela eu mudei as regras, Sarah... não só dos empregados, mas as minhas também. Eu... estou me tornando melhor... por causa dela.

Fiz uma pausa e me desencostei do parapeito da escada para ficar de frente pra ela.

- Eu sei que ainda tenho muito o que aprender e talvez você esteja certa... talvez eu não seja bom pra ela. Mas eu estou apenas pedindo paciência. Eu sei que sou difícil... mas não sou impossível. - Respirei fundo. - Por favor, não a deixe desistir de mim. Não agora. Eu... preciso dela.

Sarah permaneceu me olhando por um tempo. Ela mordeu a parte de dentro da bochecha e suspirou, desviando os olhos em seguida.

- Certo... não posso garantir que ela vá mudar de ideia, mas eu posso conversar com ela.

- É tudo o que eu preciso.

Sarah assentiu e me olhou outra vez.

- Só... cuide dela, está bem? Ela parece gostar do senhor. Não a decepcione.

Pisquei, sem entender em que sentido isso havia sido dito. Angeline gosta de mim? Gosta... mesmo?

Soltei o ar e balancei a cabeça afirmativamente.

- Está bem.

Os cantos da boca de Sraah se curvaram em um sorriso que não chegou aos olhos. Era evidente sua preocupação, embora ela tentasse esconder.

Por fim, inclinou a cabeça em despedida.

- Tenha uma boa noite, senhor.

E quando ela se virou para descer a escada, não pude controlar:

- Sarah. - Chamei e ela me olhou outra vez. - Obrigado.

Ela piscou, a surpresa assumindo sua expressão mais rápido que a luz. E sem esperar que ela processasse minha última palavra, me virei para entrar em meu quarto.

Talvez eu a tenha escutado dizer algo como: "Agora eles estão nas suas mãos, pai.", mas quando olhei para trás, ela já havia partido.

*~*~*~*

Eu tive um sono sem sonhos, e quando acordei, tomei um banho e me sentei na cama para responder e-mails.

Uma batida na porta fez um calafrio percorrer meu corpo e meu coração dar uma guinada no peito.

- Entre. - Pedi.

Mas pra minha decepção, não foi Angeline quem abriu a porta.

- Com licença, senhor. - George disse ao entrar. - Vim saber qual a sua programação para hoje.

Revirei os olhos. Todos os sábados ele aparecia em meu quarto de manhã com a mesma frase, inacreditável que eu tenha me esquecido disso.

- A única coisa que programei até agora é não ser perturbado, George.

- Entendo, senhor. Mas preciso saber se devo pedir à Angie que prepare seu almoço, ou ao Henry que se prepare para levá-lo em algum lugar.

- Você viu Angeline hoje?

Ele franziu levemente a testa.

- Hm... não, senhor. Eu deveria?

Voltei minha atenção para a tela do notebook. Talvez ela apenas não tenha acordado ainda, Thomas... paciência.

- Se a vir, diga que quero falar com ela.

- Está bem. - George parecia não entender, mas como sempre, decidiu não perguntar sobre isso. - Então... seus planos?

- Te deixarei saber quando eu souber.

- Certo. Há algo que eu possa fazer pelo senhor agora?

- Apenas saia.

- Sim, senhor. - E com um aceno de cabeça, ele emitiu: - Com licença.

Não havia passado sequer um minuto desde que George se foi antes que alguém batesse na porta outra vez.

- Entre. - Resmunguei sem nem sequer tirar os olhos da tela do notebook, tentando não nutrir esperança de novo.

Mas dessa vez, quem irrompeu pela porta foi realmente a garota que eu esperava ver.

- Tenho duas condições. - Foi a primeira coisa que ela disse, chamando imediatamente minha atenção.

Angeline tinha os olhos compenetrados e firmes, como uma advogada na frente de um júri. Ela cheirava a sabonete suave e tinha os cabelos soltos molhados, o que dava a ela uma aparência absolutamente adorável. Bem, na verdade, ela estava sempre adorável.

- A primeira é que vou me arrumar na casa de uma amiga, então você vai ter que ir me buscar. - E me estendendo um papel que estava em sua mão, completou: - Este é o endereço.

Tive que me esforçar para manter minha expressão neutra ao perceber que ela havia me chamado de "você". Talvez ela não estivesse tão ressentida comigo, afinal.

Peguei o papel que ela me oferecia, disposto a cumprir qualquer condição que ela estivesse disposta a impor. Seria um prazer pra mim, porque afinal, a recompensa seria minha.

- Qual é a segunda? - Perguntei.

Ela piscou, parecendo momentaneamente confusa e um tanto surpresa com minha reação. O que ela estava esperando, que eu negasse ao seu pedido?

Fala sério, Angeline.

Ela engoliu seco e estufou o peito, gesto esse que apenas a tornou ainda mais adorável. Ela fica linda tentando negociar.

- Quando me convidou, você disse... "sem diferença de crenças, sem posições sociais e... sem preocupações."

Respirei devagar, sem acreditar que ela se lembrava das minhas palavras. E me senti surpreso com a intensidade com a qual essa lembrança invadiu minha mente.

- Uma noite... - Me vi dizendo automaticamente, em voz baixa. Não que eu pudesse evitar - Apenas eu e você.

Ela piscou algumas vezes, sem desviar os olhos dos meus. Era como se estivesse hipnotizada ou algo assim... certamente minha expressão refletia na dela.

Por fim, ela balançou afirmativamente a cabeça devagar.

- Nem que seja apenas por uma noite... eu quero que cumpra sua palavra.

Ah, Angeline...

Existia tanta coisa que eu queria dizer naquele momento. Queria dizer que eu jamais quebraria uma promessa que fizesse a ela; queria lhe pedir desculpas pelo modo como a tratei no dia anterior; queria dizer o quanto ela estava linda ali, naquele momento; queria dizer o quanto senti sua falta nos últimos dois dias... mas eu não podia. Droga, eu não podia.

Eu sabia que não podia simplesmente esquecer tudo e viver uma noite com ela sem preocupações, mas isso parecia tão certo... tudo em relação a nós dois me parecia tão incrivelmente certo.

Que se dane. Pelo menos isso eu devo a ela.

Balancei a cabeça - ciente de que estava parecendo um tremendo paspalho -, e a vi soltar o ar, aliviada.

- Ótimo. - Resmungou assentindo também.

E sem mais nenhuma palavra, ela se virou e saiu do quarto.

Certo. Eu posso fazer isso. Eu posso esquecer contrato, casamento, a indiana e meu pai por uma noite. Eu posso fazer isso por ela.

Peguei meu celular sobre o criado mudo e disquei um número que conhecia de cor, pela quantidade de vezes que já havia ligado para ele na minha adolescência.

- Fala, pirralho. - Meu irmão atendeu no terceiro toque.

- Te acordei?

- Sorte a sua que não. O que foi?

- Você se lembra do que me disse na última vez que visitei o Brasil? O conselho que me deu?

Stephan soltou uma gargalhada.

- Em primeiro lugar, desde quando você escuta meus conselhos? E em segundo... sinto muito, maninho. Não tenho uma memória tão boa quanto a sua.

Revirei os olhos.

- Você disse que eu devia fazer alguma loucura. Algo que eu realmente quisesse, mesmo que fosse contra a vontade do nosso pai.

Stephan ficou em silêncio, então emendei:

- Você se lembra?

- O que está tramando, Thomas?

- Me diga se você se lembra.

- Hm... eu me lembro, mas...

- Ótimo. - O interrompi. - Pela primeira vez eu vou seguir seu conselho, Stephan. Então se der merda, a culpa é sua.

E antes que ele tivesse a chance de responder, eu desliguei.

#-#

É, eu sei. Duas semanas sem postar nada. Vamos a uma explicação resumida:

Esse capítulo devia ter sido postado semana passada, mas tive o desprazer de ler algumas críticas destrutivas que me abalaram profundamente. Mais de trinta pessoas se juntaram para encontrar defeitos em mim e nos meus livros, e ninguém - ninguém - encontrou algo que pudesse ser elogiado.

Eu chorei, me perguntei se estava fazendo a coisa certa e, admito, pensei em parar de escrever permanentemente. Por dias eu não entrei no wattpad e não escrevi sequer uma palavra. Eu não suportava ouvir alguém falando sobre meus livros, então me fechei em uma bolha até resolver conversar sobre isso em um dos grupos do whatsApp. Encontrei apoio, o que me fez desistir da ideia de parar de escrever, mas ainda assim não trouxe minha inspiração de volta. Me desculpem.

Estou tentando voltar à ativa da melhor maneira que posso, e escrevi esse capítulo do melhor jeito que consegui depois de tudo. Espero não ter sido tão ruim pra vocês. Acreditem, eu dei o meu melhor.

Vou tentar não demorar tanto para postar o próximo. Mais uma vez, me desculpem, gente. Me desculpem mesmo. Quem é escritor deve saber o quanto uma crítica negativa pode te desmotivar, quem dirá quase 40, escritas sem dó e sem interrupções. Mas não, eu não vou desistir. Por todos vocês que tiram um minuto do seu tempo pra me mandar uma mensagem, me elogiar e me apoiar, eu prometo chegar até o fim.

Beijos da Mih.

Aaah, e a todos os anônimos que se manisfetaram e deixaram suas opiniões no capítulo anterior, obrigada. Foi incrível ler as palavras de vcs (alguns pela primeira vez kkk)

É isso. Até mais. Eu amo vocês. Demais. ❤

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