Um plano para nós (PAUSADO)

Door MihBrandao

5.7M 565K 730K

Após ter sua família irrevogavelmente desestabilizada por um infeliz acontecimento que resultou na separação... Meer

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11 - Parte I
Capítulo 11 - Parte II
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Palavras de uma autora esgotada
Capítulo 37 part. I
Capítulo 37 part. II
Capítulo 37 part. III
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64 - Parte I
Capítulo 64 - Parte II
Capítulo 65
Capítulo 66 - Parte I
Capítulo 66 - Parte II
Capítulo 67
Capítulo 68 - Parte I
Capítulo 68 - Parte II
Capítulo 69
Capítulo 70
Capitulo 71

Capítulo 41

82.3K 7.7K 11.5K
Door MihBrandao

Angeline narrando:

- Então... não há nada com o que eu deva me preocupar? - Minha mãe perguntou quando terminei de contar a ela, de forma resumida, o que me levou a sair com Thomas e o que nós fizemos.

- É claro que não. - Garanti com um sorriso.

Ela desviou os olhos de mim.

- Você disse que ele não quer mais ser seu patrão.

- Não. Apenas um homem que paga meu salário desde que eu cozinhe pra ele.

Ela riu.

- Sabe que isso não faz o menor sentido pra mim, não é?

- Alguma vez ele já fez sentido? - Eu ri também, antes de balançar a cabeça. - Pelo que entendi, eu apenas não devo mais satisfações a ele, sabe? Não sou mais obrigada a nada, não preciso mais seguir regras... acredito que seja isso o que ele quis dizer.

Minha mãe me encarou, o humor em seu rosto desaparecendo aos poucos.

- O que foi? - Perguntei franzindo a testa.

- Vocês parecem estar se aproximando.

- E isso é um problema?

- Não sei, Angie. Vocês não têm muito em comum.

- Mãe, nós só saímos... duas vezes. - Destaquei o fato.

- Mas ele parece se importar com você. Aliás... com você mais do que com qualquer outro. O que é uma novidade, devo dizer, já que há duas semanas ele te tratava como um lixo e você odiava isso.

- Eu nunca odiei ele.

- Não foi o que eu disse. Você odiava o modo como ele te tratava.

- Bem, ele não me trata mais assim.

Minha mãe ponderou minha resposta por um momento antes de soltar um suspiro cansado.

- Eu estaria mentindo se dissesse que não me preocupo.

Inclinei a cabeça.

- O que exatamente te preocupa, mãe?

- Ele pode ser muito convincente, Angeline. Muito persuasivo. E se um dia ele conseguir te fazer enxergar o mundo como ele enxerga? E se ao invés de você influenciá-lo, ele acabar influenciando você? E se por causa dele... você começar a questionar a existência de Deus?

Meu queixo caiu com o choque que suas palavras me causaram. Eu não podia acreditar que esse era o motivo da sua agonia.

- Eu garanto que isso não vai acontecer. - Afirmei com a mesma intensidade que usaria para dizer que o Sol ilumina o dia.

Ela continuou me olhando por um momento, em silêncio. Então desviou os olhos e começou a falar devagar:

- Olha, eu sei que posso estar sendo exagerada, ou até dramática desnecessariamente, mas preciso dizer. Se um dia você voltar para o seu pai... se decidir que quer me deixar e voltar pra ele, pra sua antiga vida... vai doer. - Ela assentiu e me olhou outra vez, então pude ver seus olhos brilhando. - Vai doer muito, Angie, mas eu vou aguentar. Agora... - Ela engoliu. - Se você decidir abandonar a Deus pelo mundo, mesmo ainda morando comigo... se abrir mão da sua fé... - Ela balançou a cabeça, a agonia visível em seu rosto. - Isso não dá. Isso eu não vou conseguir suportar.

- Mãe...

- Pode me deixar, se quiser. - Ela completou. - Mas por favor, Angeline, não abandone ao nosso Deus.

Balancei a cabeça para os lados e me aproximei dela, segurando seu rosto entre as mãos.

- Mãe, preste atenção. - Pedi com intensidade. - Isso não vai acontecer. Ninguém no mundo vai ser capaz de me convencer a te abandonar ou a abandonar a Deus. Nunca, está bem? Nunca.

Ela fechou os olhos apertado, mas não respondeu.

- Romanos, dez, quatorze. - Falei chamando sua atenção para meu rosto novamente. - Se lembra do que está escrito?

Eu sempre admirei o quanto minha mãe conhece as passagens da bíblia. Eu conheço algumas, mas as vezes tenho a sensação de que ela gravou cada capítulo. Então quando ela assentiu sinalizando que se lembrava do que estava escrito em Romanos 10:14, eu não me surpreendi.

- Não se esqueça disso. - Pedi antes de soltar seu rosto. - Existe um motivo pra eu estar nessa casa, mãe. Se não for esse, então eu não faço ideia de qual seja.

Ela meio suspirou, meio sorriu, passando as mãos pelo cabelo.

- Okay. - Resmungou.

- Confie em mim, está bem? Eu sinto, do fundo do meu coração, que estou fazendo a coisa certa.

- Eu confio em você, Angie. - Ela afirmou. - Só não sei se posso confiar nele.

- Não tem problema. - Sorri com carinho. - Eu confio nele por nós duas.

E depois de lhe dar um beijo na bochecha, peguei minha toalha e me dirigi ao banheiro.

***

Eu estava recolhendo algumas roupas do varal externo do casebre na manhã do dia seguinte quando Thomas desceu a escadaria da casa. Henry estava esperando-o já com a porta traseira do carro aberta, mas quando ele me viu, parou por um momento sobre os degraus. Eu nem percebi que também havia interrompido minha tarefa de recolher as roupas, até que Thomas mudasse o rumo de seus passos em minha direção.

Henry se virou pra me olhar quando percebeu que o patrão o havia ignorado por minha causa, e a cada passo que ele dava se aproximando, por algum motivo, mais minha pulsação acelerava.

Ele parou em minha frente. Seu cabelo estava molhado e ele tinha cheiro de sabonete e perfume caro. Vestia um terno preto e carregava uma pasta executiva na mão direita. Era novamente Thomas Strorck, o patrão. E honestamente, eu não podia negar o quanto ele estava atraente.

- Não vou demití-lo. - Disse. - O etiquetador. Vou dar a ele uma segunda chance. - Ele fez uma pausa, mas antes que eu pudesse responder, completou: - Achei que gostaria de saber.

Pisquei algumas vezes antes de reagir de qualquer maneira que fosse. Certo, no fundo eu sabia que ele faria isso, mas ouví-lo dizer em voz alta como uma garantia aqueceu meu coração.

Sorri.

- Diga a ele que desejei parabéns... pelo bebê.

Thomas me olhou por um momento e balançou a cabeça uma vez, então se virou para voltar para o carro.

- Anh... - Eu iria chamá-lo, mas por um segundo não sabia de que maneira deveria me referir a ele.

No entanto, essa palavra indefinível foi o suficiente para fazê-lo parar e se voltar pra mim quase imediatamente.

- Tenha um bom trabalho.

Ele piscou, como se essa fosse a primeira vez que alguém lhe desejava algo de bom. Em seguida, assentiu outra vez.

- Obrigado, Angeline.

E após me encarar por mais dois ou três segundos, finalmente seguiu seu caminho até o carro onde Henry o esperava paciente, embora evidentemente curioso.

Terminei de recolher as roupas do varal e entrei em casa.

- Era a voz do patrão? - Minha mãe perguntou após lavar a xícara que ela usou pra tomar café.

- Era. - Respondi levando as roupas até a cama pra dobrá-las. - Ele veio avisar que não vai demitir o etiquetador.

Ela sorriu enquanto se aproximava de mim.

- Fico feliz por isso. - E após me dar um beijo na testa, completou: - Preciso trabalhar. Mais tarde eu faço uma lasanha pra gente comemorar.

- Comemorar o quê? - Perguntei antes que ela saísse pela porta.

- Quer uma lista? - Minha mãe sorriu. - Uma nova vida nasceu, você salvou o emprego de um pai e o Sr. Strorck foi piedoso pela primeira vez desde que eu o conheço. Isso merece uma comemoração.

E depois de me lançar uma piscadela, ela fechou a porta ao passar.

***

Eu havia acabado de tirar uma travessa de suflê de batatas do forno quando uma batida na porta chamou minha atenção.

- Oi. - O jardineiro resmungou vacilante. - Angeline, certo?

- Posso ajudar? - Perguntei enquanto colocava cuidadosamente a travessa no suporte sobre a ilha da cozinha.

- Eu espero que sim. Estou morrendo de sede.

Ele tinha leves gotas de suor brotando na base de seu couro cabeludo e o macacão sujo de grama e lama, mas felizmente as botas estavam limpas, o que impedia o chão de ser sujo.

- Claro. - Tirei a luva térmica e fui até a geladeira enquanto ele entrava pela porta.

- Me desculpe... eu não queria incomodar, mas saí atrasado de casa e acabei esquecendo minha garrafa de água.

- Não tem problema. - Peguei um copo no armário. - Você não está morando aqui?

- Instalações insuficientes para os empregados novos. - Ele encolheu os ombros. - Estão criando mais nos fundos da propriedade, mas até estarem prontas, é cada um por si.

Oh... eu não sabia que Thomas havia mandado criar novas casinhas.

Coloquei a garrafa de água e o copo na frente de Matthew e retornei para minha tarefa de cozinhar.

- Obrigado. - Ele disse antes de se servir, ao que eu respondi com um meio sorriso.

Ele tomou o primeiro e o segundo copo, mas quando inteirou o terceiro, eu tive que perguntar:

- Se estava com tanta sede, por que não veio antes?

- Estava tentando adiar. Não é preciso ser um gênio pra saber que você não foi com a minha cara.

- Por que acha isso? - Eu o olhei com a testa franzida.

Ele fechou a garrafa e levou o copo até a pia enquanto falava indiferente:

- Eu só não acredito que você trata todo mundo do jeito que me tratou na primeira vez que conversamos.

Pisquei, paralisada por um momento pela sua afirmação. Eu não o tratei mal! Tratei?

Consultei minha mente rapidamente tentando me lembrar do que havia falado quando o vi pela primeira vez, e quando flashes de memória passaram pela minha cabeça, meu maior desejo foi me esconder sob a mesa.

- Desculpe. - Resmunguei sem ter mais o que dizer. - Eu estava atrasada...

- Tudo bem Angeline, não precisa explicar. - Ele colocou o copo sobre o escorredor depois de lavá-lo e sorriu pra mim. - Você não é obrigada a gostar de mim.

E sem se livrar do sorriso acolhedor ele saiu da cozinha, me deixando com a sensação de que, de forma inconsciente e não pela primeira vez, eu havia julgado mal alguém que eu não conhecia.

***

George passou na cozinha duas horas depois, e em em cinco minutos já havia levado toda a refeição de Thomas para a mesa da copa. Nós conversamos brevemente como sempre fazíamos nos raros minutos de intervalo que tínhamos, mas quando ele assumiu sua postura profissional e saiu da cozinha substituindo o sorriso caloroso pela expressão neutra, eu sabia que o patrão estava chegando.


Lavei as poucas vasilhas que deixei acumular - não que eu tivesse algo contra a ultra-lavadora que estava posicionada elegantemente perto da pia, mas eu gostava de trabalhar -, e depois de deixá-las descansando sobre o escorredor, me sentei na frente da ilha e abri os livros que havia pegado mais cedo na biblioteca.

Eu esperava ter algum tempo antes de ter que deixar os estudos e me levantar para retirar a mesa, mas antes de eu chegar ao próximo tópico do primeiro capítulo que estava lendo, alguém entrou pela porta chamando instantaneamente minha atenção.

Thomas não me olhou enquanto caminhava até mim. Ele tinha um prato de comida em uma mão e uma taça de suco em outra, e até se aproximar o suficiente para se sentar ao meu lado, sua atenção estava voltada exclusivamente para a ilha.

Ele colocou a taça em um canto, afastou os livros para o lado e colocou o prato na frente de uma das banquetas. Em seguida, a puxou se debaixo da ilha e se sentou.

- O que está fazendo? - Eu quis saber, notando vagamente que segurava uma caneta suspensa sobre meu caderno.

- Chama-se almoçar. - Ele posicionou o garfo e a faca sobre o bife e finalmente me olhou. - Você já almoçou?

Olhei a porta que dava pra copa antes de olhar pra ele outra vez. Então olhei a porta de novo, e me voltei pra ele.

- O que aconteceu?

Ele franziu a testa.

- Por quê?

- O senhor... você não costuma almoçar aqui.

Ele sorriu enquanto desviava os olhos para o bife que começou a cortar.

- Quero aproveitar sua companhia enquanto posso, Angeline. Isso é algum crime?

Eu pisquei algumas vezes, sem saber ao certo como responder a isso. Quantas vezes será que ele já saiu da copa pra almoçar na cozinha?

- Você já almoçou? - Thomas perguntou pela segunda vez depois de comer o primeiro pedaço do bife.

- Hm... sim. Eu sempre almoço antes de você chegar.

- Pode me esperar da próxima vez, se quiser.

Próxima vez. Certo. Então agora ele vai criar a mania de almoçar na cozinha.

Fechei a boca que eu nem sabia que estava entreaberta e soltei o ar.

- Okay. - Resmunguei, porque foi a única resposta que me veio à mente.

Voltei minha atenção para o livro aberto na minha frente tentando ignorar o fato de que ele estava comendo a apenas alguns centímetros de distância. Terminei o parágrafo e o li de novo ao constar que não sabia sobre o que ele falava. Pelo canto do olho, percebia Thomas me olhar furtivamente, entre uma garfada e outra, como se prestando atenção ao que eu estava fazendo.

Meu Deus, existe alguma possibilidade dessa situação ficar mais embaraçosa?

Eu estava começando a reler o parágrafo pela terceira vez quando sua voz desviou minha atenção.

- São gêmeas.

Franzi a testa ao mesmo tempo que me virei pra encará-lo.

- O quê?

- As filhas do meu etiquetador. São duas meninas.

Meu queixo caiu em choque e admiração, enquanto meu cérebro trabalhava para encontrar algo válido a se dizer. Eu só consegui sorrir como uma boba.

- Thomas, isso é maravilhoso!

Ele assentiu uma vez, sem me olhar.

- Você perguntou o nome delas?

- Abigail e Margareth.

Então meu sorriso sumiu.

- Abigail? Margareth? Parece nome de idosas.

Thomas me olhou, um sorriso preguiçoso se formando no canto de seus lábios.

- As idosas também já foram crianças, sabia?

Revirei os olhos.

- Não tenho nada contra esses nomes, são até bonitos. O que quero dizer é que não é comum encontrar bebês que se chamem assim hoje em dia. - E voltando minha atenção para minhas anotações, divaguei: - Quando eu for mãe, vou tentar ser mais criativa.

Thomas não respondeu imediatamente, mas depois de duas ou três garfadas, rompeu o silêncio outra vez:

- Você tem algum nome preferido?

Encolhi os ombros sem desviar a atenção do que estava escrevendo.

- Sou muito indecisa, acho que vou precisar da ajuda do pai do meu bebê pra escolher um...

- Jasmim.

Eu o olhei automaticamente.

- Como...?

- Você combinaria com uma filha chamada Jasmim. - Ele respondeu indiferente, antes de levar outro garfo de comida à boca.

Eu continuei o encarando estática, em silêncio. Thomas tem esse dom de tirar qualquer linha de raciocínio lógico do meu alcance. Me perguntei vagamente se ele tinha o costume de fazer isso com outros funcionários ou se era uma exclusividade minha.

Depois de um momento, ele me olhou também.

- É apenas uma sugestão, Angeline. Não precisa seguir, se não quiser.

Eu pisquei. Será que Thomas Strorck pode ser mais confuso? Talvez eu devesse desistir da ideia de entendê-lo.

Vamos lá, Angie... é apenas uma sugestão. Uma sugestão do homem que deixou claro diversas vezes que gosta de você, assim como declarou com todas as letras que não tem a intenção de ser pai, mas ainda assim, uma sugestão. E você pode lidar com sugestões.

- Certo. - Descansei meu cotovelo sobre a bancada e meu queixo sobre a palma da minha mão. - E se por acaso vier um menino?

Thomas me olhou. A princípio parecia indiferente, mas em um segundo, mesmo que essa ideia fosse absurda, eu podia jurar que vi seus olhos brilharem. Como um jogador antes de marcar o ponto que decidiria o destino do seu time. Como um médico antes de constatar que salvou a vida de um paciente. Como um pai ajudando a escolher o nome de um filho que, eventualmente, chegaria.

E por algum motivo, de um jeito inexplicável, a expressão que ele tentou esconder causou um frio em minha barriga.

Mas sua empolgação logo foi contida quando ele franziu a testa e pegou o telefone no bolso do paletó. Assim que conferiu a tela, o brilho irritado se alastrou por seus olhos.

O celular devia estar em modo vibracall, porque eu não o ouvi tocar.

- Que foi? - Perguntei franzindo a testa.

- É da empresa. - Ele me olhou. - Desculpe.

Meus lábios se curvaram em algo que eu esperava ser considerado um sorriso.

- Tudo bem.

Mas a verdade é que não estava tudo bem. Enquanto Thomas levava o celular ao ouvido, me vi desejando ardentemente que ele tivesse tido tempo de responder à minha pergunta antes que o bendito aparelho tocasse. E agora, provavelmente, nosso assunto estava perdido.

- Estou ouvindo, Louise. - Ele disse adotando seu tom profissional.

Depois de uma pausa, ele soltou um suspiro exasperado.

- Será que esse imbecil não entendeu minha resposta das primeiras cem vezes que me perguntou isso?! - Outra pausa. Ele fechou os olhos por um momento, passou a mão pelo cabelo e
em seguida voltou sua atenção pra mim.

Eu não desviei os olhos. Apenas o encarei em silêncio enquanto ele me encarava de volta ao mesmo tempo que ouvia a tal Louise do outro lado da linha por longos segundos.

- Me dê um minuto. - Disse por fim, antes de afastar o telefone do ouvido e cobrir o bocal. As próximas palavras foram dirigidas a mim: - Quer me acompanhar a uma festa no sábado?

Minha testa franziu espontaneamente.

- O quê?

- Uma das filiais da empresa vai dar uma festa e parece que minha presença é importante. - Ele revirou os olhos. - Eu geralmente não apareço, mas o clima estará pelo menos suportável se você estiver comigo.

Ergui as sobrancelhas e pisquei.

- Anh... eu... não sei se é uma boa ideia.

- Preciso de uma resposta agora, Angel.

- Festas assim não... - Balancei a cabeça. - Não costumam me atrair.

- Bem, nem a mim. - Ele pensou um segundo e sorriu. - O que acha disso? Ficamos uns minutos, depois podemos dar uma volta no parque e comer um cheeseburger. Ou algodão doce. Você decide.

Eu sorri, porque ele parecia realmente animado com a ideia.

- Eu adoraria, mas não tenho roupa pra esse tipo de evento.

- Ótimo. - E levando o telefone de volta à orelha, declarou: - Confirme minha presença, Louise. Diga que estarei acompanhado.

Meu queixo caiu quando ele desligou.

- O que... como...?

- Você me ofende se acha que vou desistir da sua companhia só porque você não tem um vestido adequado.

- Thomas!

- Honestamente, Angeline. - Ele se inclinou e cruzou as mãos sobre a bancada. - Você é linda. Não importa o que esteja vestindo ou usando, você é linda. Mas se acha que a falta de vestido seja um problema, eu resolvo isso num segundo.

Balancei a cabeça, chocada.

- Não quero que você me dê um vestido.

Ele estreitou os olhos, um leve sorriso brincando em seus lábios. Sua expressão gritava: "Você acha que sua vontade vai me impedir de comprar um vestido pra você?"

Ele parecia tão confiante que isso me irritou.

Fechei a cara e cruzei os braços.

- E se eu disser que não vou?

O sorriso de Thomas vacilou antes de desaparecer por completo. Ele desviou os olhos por um momento antes de me olhar de novo.

- Bem... então eu ligo e cancelo.

Uau. Simples assim?

- Não vai me obrigar? - Perguntei sem saber que parte da conversa eu perdi.

Thomas balançou a cabeça para os lados.

- Não vou te obrigar a fazer mais nada que você não queira, Angeline. Achei que já soubesse disso.

Oh... certo. Isso foi jogo baixo.

Respirei fundo, me dando conta de que eu preferia seu sorriso de garoto que o olhar que ele me lançava naquele momento. Apertei os lábios e descruzei os braços.

- Tudo bem. Eu consigo arrumar um vestido.

Ele inclinou a cabeça.

- Você vai?

- Acho que posso fazer isso. - Encolhi os ombros. - Mas você vai me ficar me devendo um favor.

Ele sorriu.

- Eu podia jurar que a segunda chance que dei ao meu etiquetador foi um favor que fiz a você.

- Não, esse foi um favor que você fez a ele.

Ele riu.

- Certo. Te devo um favor, então.

Os próximos dois ou três segundos se passaram enquanto nossos olhos estavam presos um ao outro. E o clima estava tão leve, que parecia até impossível imaginar que Thomas pudesse ter sido tão ranzinza em algum momento da vida.

- Preciso voltar ao trabalho. - Ele disse ao conferir o relógio de pulso. - Vai esperar pra almoçar comigo amanhã?

Eu assenti, sem conseguir parar de sorrir. Que maravilha, eu estava parecendo uma boba!

- Certo. - Ele se levantou. Provavelmente também devia estar se achando bobo, porque ele também não parava de sorrir. - Te vejo depois, Angel.

Apertei os lábios enquanto ele caminhava até a porta e abandonava o prato e a taça sobre a bancada da ilha ao meu lado, mas antes de sair, ele pareceu ter se lembrado de algo.

- Ah... - Disse ao se virar. - Bruce mandou te agradecer.

- Bruce? - Franzi a testa.

- O etiquetador. Ele disse que está realmente grato.

- Você... contou a ele?

Thomas encolheu os ombros.

- Ele deve ter deduzido que a garota que o desejou parabéns pelas filhas foi a mesma que me convenceu a não demití-lo. É um cara esperto.

E novamente, eu estava sorrindo.

- Diga a ele que foi um prazer pra mim.

Thomas fez uma careta.

- Eu até diria, mas não sou telefone sem fio. Ele deve imaginar que sua resposta seria essa. - E depois de me lançar uma piscadela, fez seu caminho até a porta. - Até mais, Angel.

- Até mais.

Mordi o lábio inferior depois que ele saiu e olhei o prato quase vazio que havia deixado sobre a mesa. A taça estava quase cheia de suco de uva, e eu me perguntei como alguém pode ser capaz de deixar sobrar suco de uva na taça; é tão bom! Mas vindo de Thomas Strorck, nada mais me surpreende. Sobre o suco, acho que não é pessoal: eu sempre encontro sua taça inacabada quando vou tirar a mesa do almoço. Talvez ele simplesmente não goste de sucos em geral.

Peguei o que ele havia deixado sobre a ilha, e enquanto levava o resto da refeição até a pia, tomei o resto do suco que ele havia deixado na taça.

***

O patrão ainda não havia chegado do trabalho quando saí da casa, o que ultimamente não era comum, embora também não fosse estranho.

Eu havia preparado pão recheado durante a tarde conversando com George sobre meus planos para o próximo semestre, e enquanto limpava a cozinha, me peguei sorrindo algumas vezes ao me lembrar de Thomas. Ele estava melhorando, isso era notável. E mesmo que sua descrença não houvesse mudado, eu podia me sentir pouco a pouco mais próxima dele. Nunca imaginei o quanto isso poderia ser prazeroso.

Um degrau de cada vez, Angie. Um degrau de cada vez.

Abracei meus braços contra o peito enquanto caminhava até o casebre quando um vento gelado varreu minha pele, e passos adiante, avistei uma correntinha brilhando sobre a grama do jardim. Me aproximei e a peguei. Ela tinha um pequeno coração como pingente, que eu abri sem dificuldade. Na parte de dentro, de um lado havia a foto de uma família inteira que eu não consegui ver com clareza devido à escuridão noturna; e do outro, a foto de uma única menina morena de cabelos cacheados. Não havia nome nem nada que me fizesse saber a quem a correntinha pertencia, então a guardei para olhar melhor a foto da família quando estivesse sob a luz do casebre. Talvez eu tivesse um êxito melhor.

Meu celular vibrou quando eu estava prestes a abrir a porta, e eu sorri ao ler Diana na tela.

"E então, você vai me contar ou vai esperar que eu descubra tudo pelas revistas de fofoca?" - Era o que a mensagem dizia.

Franzi a testa antes de abrir a foto que ela havia mandado anexada. Era a matéria de uma revista.

"Tudo sobre o suposto romance de Thomas Strorck"

E abaixo do título, uma foto de quando eu e ele estávamos no parque. Saindo da roda gigante. De mãos dadas.

Benditos paparazzis invisíveis.

#-#

Heeeeyyy meus amores!

Eu sei, eu sei, faz tempo que não apareço. Desculpem gente, minhas últimas semanas tem sido difíceis 😔

Enfim. Tenho uma pergunta a fazer e preciso que sejam sinceros: o que vocês acham do Matthew (por enquanto)? Por favor, deixem suas opiniões. Eu preciso delas pra escrever o próximo capítulo.

E esse não foi tão ruim assim, né? Eu espero que não tenha sido. Sério, fiz o melhor que pude, espero que tenha pelo menos atendido às expectativas.

Prometo que não vou demorar tanto de novo, desde que vocês não demorem a deixar a opinião que eu pedi.

Até breve, amores da minha vidinha. Amo muito vocês. Muito mesmo. Muito muito.

Beijos da Mih 😘❤

Ga verder met lezen

Dit interesseert je vast

419K 34K 49
Jenny Miller uma garota reservada e tímida devido às frequentes mudanças que enfrenta com seu querido pai. Mas ao ingressar para uma nova universidad...
868K 53.6K 134
Alex Fox é filha de um mafioso perdedor que acha que sua filha e irmãos devem a ele. Ele acha que eles têm que apanhar se acaso algo estiver errado...
300K 22.9K 45
"𝖠𝗆𝗈𝗋, 𝗏𝗈𝖼ê 𝗇ã𝗈 é 𝖻𝗈𝗆 𝗉𝗋𝖺 𝗆𝗂𝗆, 𝗆𝖺𝗌 𝖾𝗎 𝗊𝗎𝖾𝗋𝗈 𝗏𝗈𝖼ê." Stella Asthen sente uma raiva inexplicável por Heydan Williams, o m...
178K 15.2K 35
Amberly corre atrás dos seus sonhos em outro país deixando o passado pra atrás e ainda frustada com o término e a traição do ex que ficou no Brasil...