Um plano para nós (PAUSADO)

By MihBrandao

5.7M 564K 730K

Após ter sua família irrevogavelmente desestabilizada por um infeliz acontecimento que resultou na separação... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11 - Parte I
Capítulo 11 - Parte II
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Palavras de uma autora esgotada
Capítulo 37 part. I
Capítulo 37 part. II
Capítulo 37 part. III
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64 - Parte I
Capítulo 64 - Parte II
Capítulo 65
Capítulo 66 - Parte I
Capítulo 66 - Parte II
Capítulo 67
Capítulo 68 - Parte I
Capítulo 68 - Parte II
Capítulo 69
Capítulo 70
Capitulo 71

Capítulo 33

73.1K 7.5K 9.5K
By MihBrandao

Thomas narrando:

Alcancei Gabriel antes de ele chegar à escada, mas não tentei pará-lo. Meu sobrinho chorava e soluçava como se tivesse acabado de perder a coisa mais valiosa de sua vida, e quando finalmente abriu a porta do quarto e se jogou em sua cama, eu apenas a fechei e me aproximei devagar, me sentando ao seu lado.

Respirei fundo, olhando-o e sentindo na pele cada efeito dos seus soluços contidos. Por fim, quando acariciei seu cabelo com a mão, ele deitou a cabeça em meu colo e abraçou minha cintura molhando minha calça com suas lágrimas.

- Eu sei, amigão... isso é uma merda.

Ele não respondeu imediatamente, mas depois de alguns segundos conseguiu pronunciar as palavras mesmo sem controlar o choro:

- Por que você não é o namorado dela, titio? Você gosta dela, não gosta?

Inspirei o ar lentamente.

- Gosto. - Murmurei. - É claro que gosto.

- Então... ela não gosta de você? - Uma nova torrente de lágrimas surgiu com essa pergunta.

Balancei a cabeça para os lados, apertando os lábios.

- Eu fiz muitas coisas erradas com ela, Gabriel. Se ela não gosta de mim, a culpa é toda minha.

- Por que você fez coisas erradas?

Encolhi os ombros e destaquei o fato:

- Porque eu fui um imbecil.

Meu sobrinho escondeu o rosto em minha calça e soluçou dolorosamente. Eu apenas o ouvi sentindo meu coração gradativamente mais apertado, imaginando a merda que eu havia feito. Sim, isso era sobre mim. Não seria surpresa se Angeline me enxergasse com repulsa, porque se eu colocasse na ponta da caneta tudo o que já fiz com ela, eu teria que fazer mais do que me esforçar para merecer seu apreço.

Longos segundos se arrastaram até que eu decidisse colocar um fim na tristeza do meu sobrinho.

- Ei. Olhe pra mim. - Chamei erguendo-o do meu colo.

Gabriel ainda soluçou duas ou três vezes antes de secar as lágrimas com as costas da mão e me encarar com os olhos vermelhos.

- Vou te contar uma coisa, mas você não pode dizer a ninguém, entendeu? Será nosso segredo.

Ele ponderou minhas palavras antes de assentir tristemente com a cabeça, sentado na cama ao meu lado, tentando controlar os espasmos do seu choro.

Eu o olhei fixamente e falei devagar, tentando fazê-lo entender a complexidade de toda essa situação.

- Angeline pode até ter namorado... mas ela não gosta dele, e nenhum relacionamento dura muito tempo se não tiver amor. Então acredite em mim, Gabriel... eles irão terminar logo.

- Mas... e se ela começar a gostar dele?

Balancei a cabeça para os lados com determinação.

- Isso não vai acontecer.

- Como você sabe?

- Porque antes dela começar a gostar dele... ela estará apaixonada por mim.

- Então... - Ele engoliu para controlar outro soluço. - Vocês irão se casar?

Pensei por alguns segundos. Houve apenas uma vez na minha vida que eu me imaginei me casando: no dia do casamento do meu irmão. Eu era uma criança tão ingênua e aquele foi um momento tão incrível, que eu prometi a mim mesmo que faria um igual quando crescesse.

Mas então nos sobreveio a desgraça e eu jurei a mim mesmo que nunca amaria alguém o suficiente para me casar. Eu não amo a Dasha - isso não passa de um contrato. Mas Angeline... se um dia eu chegar a me casar com ela, não será por contrato nem por influências de qualquer pessoa que seja. Será porque quebrei meu juramento de não amar ninguém.

Sim, eu estou apaixonado por ela, mas isso não significa que eu a ame. Ainda temos um longo caminho pela frente antes que esse sentimento superficial se torne o mesmo que meu pai sente pela minha mãe, ou o mesmo que Stephan sente pela Alexia. Não, eu não a amo... mas se existe alguém capaz de me ensinar a amar, definitivamente esse alguém é ela.

No entanto, não posso enfiar os pés pelas mãos. Não posso começar a amar uma mulher se ainda não consegui me livrar de um casamento com outra. Se isso acontecer, eu estarei decretando meu próprio caos.

- Eu preciso resolver alguns problemas antes disso. - Respondi ao meu sobrinho. - Não vai ser fácil, mas... eu consigo.

- Eu posso te ajudar, titio.

Sorri.

- Você pode?

- Claro! O que eu preciso fazer?

Pensei por um momento sem conseguir me livrar do sorriso no canto do meu lábio.

- Por enquanto eu só preciso que você seja amigo dela e tenha paciência. Acha que pode fazer isso?

- Sim! - Ele assentiu com afinco.

- Ótimo. Você quer que ela seja sua tia, certo?

- Quero muito!

- Eu também. - Balancei a cabeça. - E ela vai ser, amigão. Só não sabe disso ainda.

O sorriso que Gabriel me lançou me contagiou.

- Eu não vou contar a ninguém, titio. É um segredo nosso.

- Isso mesmo. - Balancei a cabeça. - Agora seque essas lágrimas e vamos descer pra fazer as pazes com ela.

No entanto, não foi preciso a gente descer já que Angeline chegou menos de um minuto depois, acompanhada pela Alice. Enquanto ela conversava com ele explicando que nem tudo era do jeito que ele queria, mas o fato de ela não se casar comigo não significava que deixaria de amá-lo, eu fiquei em silêncio no canto da porta, olhando-os, esperando o momento que Gabriel cometeria um deslize e revelaria a ela tudo o que eu disse. Mas ele não fez isso. Ele apenas escutou em silêncio, e quando ela terminou, ele a abraçou, se desculpou e a pediu pra ler uma história.

Ele poderia ser ator.

Nos dias posteriores eu segui a rotina de estar na empresa durante o dia e passar a tarde com eles. Meus sobrinhos pareciam cada dia mais apaixonados por Angeline, e não eram raros os momentos que eles me abordavam para contar sobre algo que haviam feito e sobre as histórias que ela lhes contava. Nesses momentos eu podia sentir a frustração começar a se alastrar sobre mim, mas a ignorava mudando de assunto. Eu não deixaria que sua crença nos atrapalhasse - prometi a mim mesmo que eu não estragaria nosso momento outra vez.

Na sexta-feira foi Angeline que os colocou para dormir, e enquanto ela lia para eles uma história infantil, eu me dirigi ao escritório para atender uma ligação do meu pai.

- Eles estão prontos para voltar? - Perguntou depois de poucos minutos de conversa.

- Sim. Angeline arrumou as malas mais cedo.

- Angeline... ela parece ser uma boa moça.

- Eles a amaram. Acho que amanhã não teremos uma despedida fácil.

- Ela gostou deles?

Sorri.

- Tem como alguém não gostar deles, pai?

- Não, não tem. - Meu pai riu do outro lado antes de se tornar mais sério. - Mas não foi por isso que te liguei.

Respirei fundo com uma leve intuição do que viria pela frente.

- Karan Lawton me ligou ontem. Ele teve acesso à uma revista americana que cobriu a matéria sobre seu aniversário.

- E...?

- Ele viu uma foto em que você parecia perto demais de uma garota que usava uma máscara... Angeline.

Merda. Malditos paparazzis.

- Eu estive perto de muita gente aquele dia, pai.

- Mas ela foi a única que usava uma máscara como você.

- Alice e Gabriel também usavam.

- Não se faça de tolo, Thomas, você sabe do que estou falando. A revista deixou uma questão que perguntava "quem era a garota mascarada que conquistou o coração de Thomas Strorck".

Revirei os olhos.

- Você mais do que ninguém sabe o quanto a mídia é exagerada.

- Por isso eu te mandei tomar cuidado com sua imagem. Você não parece estar sendo tão cuidadoso assim.

- Pai, você está se preocupando à toa.

- Tem certeza? Porque eu perguntei a você se era isso mesmo o que queria, eu te ofereci a opção de não assinar o contrato. Agora é um pouco tarde pra voltar atrás.

Respirei profundamente.

- Eu sei disso, pai. Eu estou tentando resolver... - Ah, merda.

- Resolver o que? - Meu pai se estressou. - Não existe nada pra resolver, Thomas! Nós não podemos perder dinheiro agora, é mais da metade dos nossos patrimônios! Você vai se casar com Dasha Lawton em seis meses, entendeu? Não arrisque fazer nenhuma besteira!

Apertei os dentes e fechei os olhos.

Calma... calma... respira.

- Eu não vou fazer nada imprudente. Está tudo sob controle.

- Ótimo. Espero que você saiba o que está fazendo.

E, sem esperar uma resposta, ele desligou. Permaneci com o telefone mudo no ouvido por mais alguns segundos antes de resmungar, como se ele ainda pudesse me ouvir do outro lado da linha:

- Eu também espero, pai.

Soltei o telefone sobre a mesa e passei as mãos pelo cabelo.

"Não podemos perder dinheiro agora". Antes a gente podia? O que mudou?

Balancei a cabeça para os lados eliminando esse pensamento. Com certeza meu pai apenas falou sem pensar direito.

Mas ele tinha razão. Talvez eu estivesse me arriscando - e me iludindo - imaginando que encontraria uma brecha em um contrato aparentemente perfeito. Talvez eu realmente precisava manter distância de Angeline, porque se eu não conseguisse resolver isso, pelo menos não estaria envolvido com ela o suficiente para sentir o choque de perdê-la de forma definitiva. E além do mais, não seria justo fazê-la se apaixonar por mim se eu estava destinado a me casar com outra mulher. Como George disse, ela é uma boa menina... não merece ser magoada.

Respirei fundo me decidindo. Enquanto não conseguisse cancelar esse casamento, eu manteria distância dela a qualquer custo. E se eu nunca conseguisse, então... bem, então ela estaria livre para ser feliz com quem quisesse - até com o panaca do seu namorado.

Saí do escritório e fiz meu caminho até o quarto dos meus sobrinhos.

- ... foi divertido, não foi? Até a parte de nos perder na floresta. - A ouvi dizer conforme me aproximava.

- Desculpe por te assustar. - Alice respondeu.

- Tudo bem. Só não minta mais. Isso é feio e Deus não gosta.

Revirei os olhos me encostando no batente da porta para observá-las.

- Tá bom.

- Agora durma. - Angeline murmurou baixinho, sua voz fraca. - Amanhã vocês terão uma longa viagem pela frente.

Ela se inclinou para beijar a testa de Alice e se levantou, se virando para mim.

- Boa noite, tia Angie. - Alice disse enquanto ela caminhava em minha direção.

- Boa noite, bonequinha. Durma bem.

Tive que me esforçar ao máximo para não retribuir ao olhar que ela me lançava conforme passava por mim. E quando ela se foi, eu entrei no quarto.

- Vocês gostaram dessa semana? - Perguntei em voz baixa para não acordar Gabriel, me sentando na cama ao lado da minha sobrinha.

- Claro, titio. Foi muito divertido.

- Que bom. - Sorri.

- Mas tem uma coisa que eu quero te pedir.

- É mesmo? - Franzi a testa.

Ela assentiu e olhou a porta momentaneamente antes de se voltar para mim.

- Não desista da tia Angie. Ela é a melhor pessoa do mundo... e o namorado dela não faz ela feliz. - Alice encolheu os ombros. - Eu sei que ela não gosta de você, mas se você for legal com ela como é com a gente... bem, você será o namorado perfeito.

Inspirei e soltei o ar lentamente, desviando os olhos e apoiando os cotovelos sobre os joelhos.

- As coisas não são tão fáceis assim, princesa.

- Eu sei, ela me falou... mas você pode conseguir, titio. Minha mãe disse que se a gente quer muito uma coisa, não importa o quanto seja difícil conquistar, se a gente se esforçar, conseguimos. E você quer ela, não quer?

Olhei para seus olhos azuis e assenti.

- Quero. Na verdade... eu acho que é o que eu mais quero.

Ela sorriu.

- Você só precisa fazer ela te querer também. Então tudo estará resolvido.

- Você acha que é fácil assim?

- É fácil assim. - Ela assentiu com determinação.

Balancei a cabeça.

- Certo. E você tem alguma dica do que eu devo fazer?

Ela desviou os olhos e pensou por um momento.

- Tenho. - E me olhou. - Só seja você mesmo. Não o Thomas patrão, ele é muito chato... o Thomas meu tio. Ela vai se apaixonar.

Eu não pude evitar o sorriso.

- Obrigado.

- Disponha. - Ela encolheu os ombros e se virou para o canto. - Agora vá embora que eu preciso dormir pra viajar amanhã.

Eu ainda a olhei por um momento antes de beijar seu cabelo loiro.

- Durma bem, baixinha. Eu amo você.

- Eu também te amo um pouquinho.

Eu ri e fui até a cama do meu sobrinho para lhe dar um beijo de boa noite também. Quando caminhei até a porta, parei e olhei as duas crianças novamente, me perguntando onde raios eu escondi a criança que existia dentro de mim.

Respirei fundo, fechei a porta e me dirigi ao meu quarto.

***

- Como ela conseguiu fazer isso? - Stephan perguntou na manhã do dia seguinte quando Angeline pegou no colo meu sobrinho que chorava desesperadamente.

Como eu imaginei, não estava sendo uma despedida fácil.

- Ela tem seus talentos. - Respondi a olhando de longe. - Não pode mesmo deixar eles ficarem até mais tarde?

- A reunião com os italianos foi marcada pra quatro horas.

- Alexia não pode ministrar?

- É claro que sim. - Ele me olhou. - Mas nem ferrando que vou deixar minha mulher sozinha numa sala com dezenas de homens, ficou maluco?

Revirei os olhos e focamos nossa atenção na despedida das crianças e Angeline por mais alguns segundos antes de Stephan romper o silêncio outra vez.

- Gabriel nunca gostou de alguém desse jeito...

- Estranho seria se ele não gostasse dela.

Meu irmão me olhou por um tempo.

- Cara, você realmente está ferrado...

Suspirei sem desviar os olhos de Angeline.

- Eu sei disso.

Pelo meu olhar periférico, percebi Stephan me encarando por mais alguns segundos antes de desviar os olhos para os filhos.

- Você vai fazer a escolha certa.

- Como pode ter tanta certeza disso?

- Porque eu te conheço, irmão. - Ele me olhou de novo. - Você não é idiota como eu fui. Tenho certeza que não vai esperar quase perdê-la pra perceber que está apaixonado.

Revirei os olhos.

- Isso eu já sei, Stephan. O que eu não sei, é o que fazer pra ficar com ela.

Antes que ele pudesse responder, nossa atenção foi desviada pela voz embargada da Alice:

- Ela pode nos visitar, não é papai?

- É claro que sim. Sua mãe adoraria recebê-la.

- Viu? - Ela soluçou. - Você pode ir, tia Angie.

Stephan se voltou pra mim, me impedindo de ouvi o resto da conversa.

- Você vai arrumar um jeito, pirralho. Essa sua inteligência toda não vai te deixar agora.

Respirei fundo.

- Espero que você esteja certo.

- Estou. Se você e nosso pai falirem, eu deixo serem meus sócios até se erguerem outra vez.

Eu ri.

- Ele vai me matar, Stephan.

- Não. - Meu irmão deu uma batida calorosa em meu ombro. - Ele vai superar.

E, sem esperar minha resposta, se aproximou de Angeline quando ela se inclinou para abraçar meus sobrinhos.

- Eu te amo, tia Angie. - Gabriel soluçou, voltando a chorar.

- Eu também... - Alice emendou com a voz embargada.

- Eu também amo vocês. Muito mesmo, não se esqueçam disso.

Eles permaneceram com os braços envoltos nela até que Stephan os afastasse, permitindo Angeline se livrar.

Eu podia perceber as lágrimas formadas na base de seus olhos quando ela entrou na casa, e eu sabia que agora era minha vez.

- Vocês a verão de novo. - Eu disse recebendo os dois em meus braços num abraço coletivo.

- Não deixe ela ir embora, tá bom, tio Tom? - Gabriel pediu entre lágrimas. - Não se esqueça do nosso segredo.

- Nem do que você me prometeu ontem. - Alice também tentou dizer no meio das lágrimas.

- Eu não vou esquecer. - Garanti.

Não sei exatamente quanto tempo demorou aquela despedida, mas quando Stephan finalmente conseguiu levar as crianças para o carro, elas ainda não pareciam nem perto de se acalmar.

***

- George. - Chamei o mordomo pelo telefone cerca de seis horas depois que meus sobrinhos se foram. - Pode chamar Angeline pra mim, por favor? Preciso conversar com ela.

Passei as últimas horas me obrigando a criar coragem para fazer isso. Agora que as crianças foram embora, ela precisava voltar a ocupar seu espaço na cozinha, porque embora o cozinheiro contratado como substituto tivesse um talento reconhecível, era da comida dela que eu sentia falta.

- Ela está recebendo uma visita, senhor. - George respondeu do outro lado. - Devo interrompê-la assim mesmo?

Franzi a testa.

- Que visita?

- Creio que é o namorado dela... - Parecia existir um certo temor na voz de George quando ele afirmou isso.

Apertei os dentes e cerrei os punhos. Mas será que esse imbecil não tem mais nada pra fazer da vida além de vir aqui?! Que merda!

- Devo chamá-la assim mesmo, senhor? - George perguntou notando meu silêncio.

- Não. - Respondi prontamente. Talvez estivesse na hora de eu conhecer o cretino. - Eu vou descer.

Desliguei o telefone e saí do escritório. Não demorei muito para encontrá-los na parte de trás do jardim, mas meus passos foram interrompidos assim que consegui ouvir a voz dele antes de alcançá-los:

- ... Não vejo problema algum em tornar nosso relacionamento oficial.

- Você está falando sério? - Angeline perguntou parecendo surpresa.

Não... com certeza isso não significa...

Ele se soltou dela e se pôs de pé.

- Venha, levante-se. - Pediu estendendo a mão a ela.

Angeline obedeceu.

E então, sentindo algo dentro de mim morrer lentamente, o ouvi dizer:

- Amor, eu quero que você seja minha esposa e mãe dos meus filhos. Eu sei que não tenho uma aliança aqui, mas posso providenciar isso depois. É relevante, não é? - Ele segurou sua mão e se ajoelhou em sua frente. - Você é a mulher da minha vida, Angeline. Então... quer se casar comigo?

NÃO! Não, porr*, ela não quer! Merda!

Eu estava tão fora de mim que não escutei o que ela disse, apenas percebi seu namorado rir de forma divertida. Então devia ser um bom sinal... pra ele.

- Eu sou maluco por você desde que te conheci. E então... aceita ser minha esposa?

Eu podia sentir meu coração pulsar em meus ouvidos. Ela não pode se casar com ele. Ela tem apenas dezoito anos, merda! Quem esse imbecil pensa que é?!

Balancei a cabeça me negando a ouvir sua resposta e voltei pelo caminho que tinha vindo.

Ela vai se casar. Ela vai se casar com o babaca imbecil do seu namorado. Merda, eu realmente a perdi, e a culpa nem foi minha!

Subi ao meu quarto e peguei o troféu de madeira que ela havia me dado sobre a mesinha de cabeceira. O arremessei com força para longe, e me arrependi de tê-lo feito bem no momento que ele atingiu a parede.

- Merda! - Corri até ele e o peguei, sentindo um alívio indescritível por perceber que ele não havia se quebrado.

Se controle, Thomas! Maldição, você pode viver com isso!

Não, eu não podia. O babaca iria levar minha garota para longe de mim, como eu poderia viver com isso?

E como eu explicaria aos meus sobrinhos que não pude cumprir o que havia prometido a eles?

Merda, merda, merda...

Passei a mão entre o cabelo e respirei fundo.

Tome o controle, Thomas. Não perca a cabeça...

Inspirei e expirei várias vezes antes de conseguir me acalmar. Ela vai se casar, mas e daí? Eu também estou de casamento marcado. Tudo está resolvido, afinal. Nós seguiremos nosso caminho, separados.

Respirei profundamente uma última vez fingindo não sentir uma grande parte do meu coração ser arrancada de mim. Me aproximei da mesinha da cabeceira e coloquei o troféu sobre ela outra vez, em seguida me dei conta de que eu não era obrigado a olhar para aquilo todos os dias. Então entrei no closet e o guardei na caixinha de coisas inúteis. Fechei a porta, saí do quarto e fui para o escritório.

Ótimo... hora de voltar ao normal. O frio, arrogante e calculista Thomas Strorck está de volta. Eu não preciso mais agradá-la.

Liguei o notebook e abri meu e-mail, me ocupando em responder mensagens não lidas. Mais tarde eu pegaria o Porsche e daria uma volta na boate do centro para encontrar o brinquedo dessa noite - há três sábados que eu não fazia isso, já estava sentindo falta.

No entanto meu pensamento se perdeu quando, pela janela, vi o motivo da minha frustração andar devagar pela margem do riacho. Eu a ignorei e voltei ao trabalho, mas desisti de tentar me concentrar quando ela se sentou na grama, totalmente alheia ao fato de que eu podia vê-la. E então ela chorou.

Merda. Por que eu não conseguia simplesmente deixá-la?

Peguei o telefone e chamei George.

- Sim, senhor?

- Venha ao meu escritório. Agora.

- Claro, senhor.

Ele chegou menos de um minuto depois, abrindo a porta ao bater duas vezes.

- Como posso ajudá-lo?

- Olhe pela janela. - Mandei fingindo interesse excessivo na tela do computador.

George hesitou por um momento, mas acabou obedecendo.

- O que você vê? - Perguntei quando ele não falou nada.

- Hm... a Angie, senhor.

- O que mais?

Ele pensou por um momento.

- A Angie chorando.

Eu finalmente o olhei.

- Por que ela está chorando?

Ele me olhou de volta, confuso.

- Eu... infelizmente não sei, senhor.

Balancei a cabeça.

- E nunca vai saber se não for perguntá-la.

- Ah... certo. - Ele saiu do escritório apressadamente, e poucos minutos depois, o vi se aproximar de Angeline através da janela.

Ela secou os olhos e o olhou sorrindo, claramente se negando a demonstrar que não estava bem. George conversou com ela por poucos segundos algo que não escutei devido à distância, e quando finalmente se virou para sair, Angeline voltou sua atenção para o riacho.

Esperei impacientemente pelo retorno do mordomo, e quando ele bateu à porta, pareciam ter se passado horas.

- Com licença, senhor.

- E...?

- Bem... parece que ela se desentendeu com o namorado.

Balancei a cabeça devagar, assentindo.

- O que mais?

- Eu... não sei, senhor. Ela foi muito vaga na resposta, não queria falar sobre o assunto.

Que se dane. Isso não é da minha conta.

- Está liberado. - Murmurei.

George gesticulou com a cabeça uma despedida.

- Com licença, senhor.

Me voltei para o notebook, mas um minuto depois, eu já devia ter olhado pela janela no mínimo dez vezes.

Raio de garota que parece um imã! É impossível ficar longe dela!

Bufei, me levantei e saí do escritório para encontrá-la, convencendo a mim mesmo de que meu interesse era estritamente profissional.

- Eu não sou a primeira garota no mundo que termina um namoro, George... e também não serei a última. - Ela disse ao ouvir meus passos, mas por mais que meu primeiro instinto tenha sido parar, chocado, eu não vacilei. Me aproximei dela e me sentei ao seu lado.

Angeline finalmente abriu os olhos e eu percebi sua surpresa quando constatou que era eu.

Sim, querida... você acabou de me revelar seu problema.

Nossa conversa começou com uma pergunta bem simples:

- Ele te magoou? - Porque eu precisava saber.

E terminou do jeito mais surreal possível:

- Onde nós vamos?

- Você vai saber quando chegarmos.

Meu inconsciente começou a me perturbar antes mesmo que eu chegasse ao escritório novamente:

Que merda você fez, caramba?! O plano era manter distância, e agora você pretende levá-la onde jurou que não levaria ninguém?! Onde raios está sua cabeça, Thomas?

Foi imprudente. Me arrependi de ter ido até ela tão logo me sentei na poltrona outra vez, e a única esperança que eu tinha agora, era que Sarah não desse a ela permissão de sair comigo. Era minha única saída.

E, finalmente, a mulher que eu esperava bateu à porta.

- Com licença, senhor.

- Entre, Sarah. - Pedi friamente, focando nela minha atenção.

Ela se aproximou da cadeira na frente da mesa, mas não se sentou.

- Angie me disse que o senhor pretende levá-la pra sair amanhã.

Assenti devagar, sem palavras.

- Eu posso perguntar... onde vocês irão?

- É claro que pode. - Encostei minhas costas na poltrona. - Só não vai ouvir a resposta.

Ela apertou os lábios e inspirou.

- Que horas pretende estar de volta?

- À noite. Bem tarde.

Ela balançou a cabeça.

- E é algum lugar perigoso?

Deixei um sorriso surgir no canto da minha boca.

- Não se preocupe, Sarah. Se seu Deus for real, Ele vai protegê-la.

Ela respirou profundamente e assentiu.

- Eu tenho certeza disso. Ela quer ir, senhor... então eu permiti.

Merda.

- Só... eu só quero te pedir que a traga em segurança para casa. Por favor.

Eu continuei a olhando por um momento imaginando onde essa mulher estava com a cabeça. Respondi todas as suas perguntas da pior maneira possível, e ainda assim ela permitiu.

Definitivamente, a confiança que elas têm em Deus as cega para o mundo real.

Assenti devagar e Sarah soltou um suspiro.

- Obrigada, senhor. Tenham uma boa noite.

E, sem olhar para trás nem esperar minha resposta que de qualquer forma não viria, ela se foi fechando a porta ao passar.

Então é oficial. Amanhã levarei Angeline ao lugar onde jurei nunca levar ninguém.

#-#

Gente, me perdoem por não ter postado ontem, como prometi. Eu não pude. E me desculpem por fazer a ansiedade de vcs perdurar por um tempo maior. Em breve nós saberemos qual é o lugar secreto do Thomas, então aguardem.

Beijos da Mih ❤ Amo vocês.

Continue Reading

You'll Also Like

71.6K 12.8K 117
Rebecca Armstrong, é apaixonada por Hanna Marín, mas não sabe se a mesma tem os mesmos sentimentos, então Rebecca ver com a volta de sua melhor amiga...
209K 12.5K 92
Eu sempre fico atrás de um imagine que consiga prender a minha atenção na madrugada, então eu decidi ajudar os que também querem se iludir um pouquin...
159K 19.7K 95
A famosa cantora, Dua Lipa, é uma das convidadas mais esperadas para o Met Gala. Em meio a flashes e tapete vermelho, seu olhar é atraído por uma da...
112K 8.7K 41
"𝖠𝗆𝗈𝗋, 𝗏𝗈𝖼𝖾̂ 𝗇𝖺̃𝗈 𝖾́ 𝖻𝗈𝗆 𝗉𝗋𝖺 𝗆𝗂𝗆, 𝗆𝖺𝗌 𝖾𝗎 𝗊𝗎𝖾𝗋𝗈 𝗏𝗈𝖼𝖾̂." Stella Asthen sente uma raiva inexplicável por Heydan Willi...