Um plano para nós (PAUSADO)

By MihBrandao

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Após ter sua família irrevogavelmente desestabilizada por um infeliz acontecimento que resultou na separação... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11 - Parte I
Capítulo 11 - Parte II
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Palavras de uma autora esgotada
Capítulo 37 part. I
Capítulo 37 part. II
Capítulo 37 part. III
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64 - Parte I
Capítulo 64 - Parte II
Capítulo 65
Capítulo 66 - Parte I
Capítulo 66 - Parte II
Capítulo 67
Capítulo 68 - Parte I
Capítulo 68 - Parte II
Capítulo 69
Capítulo 70
Capitulo 71

Capítulo 20

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By MihBrandao

Thomas narrando:

- Com licença, senhor... - George disse abrindo a porta do meu escritório. - Vim avisar que estou me recolhendo. Deseja mais alguma coisa?

Eu estava fazendo semi-círculos em torno de mim mesmo na cadeira giratória, mas parei e o olhei.

- Todos os empregados já foram?

- Sim, senhor. Bem, exceto a Angie. Ela está estudando na biblioteca.

Senti minha respiração ficar presa na garganta por um segundo.

- Tudo bem. Boa noite, George.

Ele assentiu, hesitante.

- Boa noite, senhor.

George fechou a porta e eu voltei para meus pensamentos, mas eles logo foram interrompidos outra vez quando o mordomo voltou.

- Senhor... - Disse com a mão na maçaneta.

Eu o olhei.

- Eu gostaria de te pedir... - Ele parou e pensou por um momento, antes de tentar por outro caminho: - Bem, eu percebi que o senhor tem agido... - Parou novamente, me olhou por alguns segundos e finalmente decidiu ir direto ao ponto, respirando fundo: - Angie é uma boa menina, senhor. Muito boa, na verdade. Ela não merece ser magoada.

Ele permaneceu me olhando esperando uma resposta, mas eu não saberia o que responder nem se essa fosse a última coisa que precisasse fazer na vida. Então George completou:

- Por favor, não a magoe.

Se eu já não sabia o que dizer antes, agora piorou.

Com certeza isso estava claro. Angeline é como uma ovelhinha, delicada, inocente, pura. Eu sou como o lobo, com todas as características destrutivas possíveis. Estava absolutamente visível o estrago que eu poderia fazer se não me mantivesse longe, mas isso era algo que eu não conseguia mais controlar.

Tentei me convencer de que estava preso àquela atração simplesmente porque ela me lembrava Alice, e assim que eu me desse conta realmente de que ela não era a Alice, logo meu interesse por ela se tornaria inexistente. Mas a cada dia que se passava, ficava cada vez mais nítido que essa não era bem a verdade. Eu jamais imaginei Alice levantando a voz para alguém, ela sempre pareceu tão pequena e delicada... mas a cada vez que Angeline me enfrentava, a cada vez que ela me dizia palavras que me faziam rever minha vida completa, mais fascinado eu me sentia.

Aos poucos, bem lentamente, eu percebia que as diferenças que elas possuíam eram mais numerosas que as semelhanças. E aos poucos, eu descobria que eram as diferenças que me faziam incapaz de ficar longe de Angeline.

George inclinou a cabeça em reverência quando percebeu que eu não diria nada.

- Tenha uma boa noite, senhor. - Disse antes de fechar a porta e finalmente se recolher.

Sentado na poltrona, eu podia sentir meu coração pouco a pouco mais agitado. Eu queria vê-la, mas sabia que não podia. Ela tem namorado e eu estou de casamento marcado, o que pode existir entre a gente? E isso nem é tudo o que nos separa.

Ela é cristã, Thomas. O tipo de pessoa que você mais detesta.

Mas isso também estava perdendo a importância. Sua fé, seu namoro, o fato de que ela é minha empregada e todo o resto da lista parecia estar se tornando gradativamente mais insignificante, e eu não era tão tosco a ponto de não saber o porquê.

Me lembrei de quando Stephan conheceu Alexia. Eu ainda era muito novo, mas minha mente sempre amadureceu mais rápido que meu corpo. Me lembro do dia que lhe joguei algumas verdades na cara, sem que ele esperasse e sem eu sequer saber realmente o que estava fazendo.

Agora tudo o que eu queria era ter aquela mente novamente, apenas pra que eu dissesse a mim mesmo o que devia fazer. O garoto de oito anos saberia.

Passei as mãos na frente do rosto em um gesto frustrado.

Onde você está se metendo, Thomas?

George me pediu para não magoá-la, mas ele não sabia que eu já havia feito isso. Na noite de sábado, o olhar que ela me lançou é algo que nunca vou conseguir esquecer. Eu sei que poderia machucá-la ainda mais, merda, eu sei. É isso o que eu faço, eu sou como um maldito ímã para tudo o que é ruim. Eu sou ruim, e tenho plena consciência disso. Eu sou o mal.

Mas não posso contagiar Angeline.

Me lembro quando ela disse que não odiava, que sabia perdoar. Será que ela finalmente me odeia agora? Eu não ficaria surpreso, mas não quero que ela sustente o ódio. Esse sentimento é pesado demais para um coração como o dela, e se eu trouxer isso pra sua vida... não vou conseguir me perdoar.

Mas eu nunca vou saber se fiz isso se não for atrás para descobrir, e se por acaso tiver feito... eu peço desculpas. Talvez funcione. Eu posso fazer isso, com certeza é o que o menino de oito anos me mandaria fazer. E talvez, se eu seguir seus conselhos, de algum jeito posso fazer as coisas darem certo no final. Talvez.

Minha tentativa de mantê-la longe de mim nos últimos dois dias foram mais produtivas do que eu esperava, mas provavelmente estava na hora de aceitar a ideia de que eu não seria mais capaz de ficar longe dela.

Peguei um envelope na gaveta da mesa - porque 1. se algo desse errado, eu precisava de uma desculpa para ter ido procurá-la e 2. faziam alguns dias que eu queria entregar isso a ela - e, mantendo meus passos firmes, fiz meu caminho até à biblioteca.

Encontrei a porta entreaberta, então entrei sem fazer barulho. Sobre a mesa central, alguns livros cadernos e canetas estavam empilhados enquanto o computador atualizava a área de trabalho. Olhei em volta e não demorei a encontrar Angeline concentrada nas prateleiras de livros do segundo pavimento, procurando por algum específico.

Respirei lentamente fazendo meus passos até ela. Pelo caminho que percorri do meu quarto até ali, milhões de ideias de como começar o assunto haviam me passado pela cabeça, mas quanto mais eu me aproximava, mais inseguro eu ficava do que dizer.

Eu sempre tenho a resposta para tudo - sempre. Eu sou Thomas Strorck, fui treinado para saber o que fazer e como reagir mesmo nas situações mais improváveis. Mas Angeline tinha isso com ela, o poder de despertar em mim a sensação de que nada do que eu aprendi durante minha vida acadêmica era suficiente. Existia algo mais que eu precisava saber, e ela era a única professora capacitada para me ensinar.

Quando ela me olhou, senti meu estômago se contorcer em êxtase como um adolescente apaixonado. Não que eu tenha me apaixonado em qualquer momento da minha adolescência para saber a sensação, mas no momento, eu não tinha muitas outras ideias para comparar com minha reação.

Controle-se, Thomas. Maldição, controle-se!

- Como está o seu braço? - Perguntei por fim, olhando a gase enrolada em volta dele.

Angeline me encarou por um segundo como se tentando me entender, então voltou sua atenção para a prateleira que estava analisando e respondeu friamente:

- Está melhor.

Ótimo... que bom. O que eu digo agora?

- Está procurando algum livro específico? - Sério, Thomas?

Ela sorriu com sarcasmo.

- Que observador.

- O que está estudando?

Ela suspirou, encostando a mão em uma das prateleiras antes de finalmente me olhar.

- Anatomia.

Assenti.

- Frank Netter deve te interessar.

Ela não desviou os olhos imediatamente. Ainda permaneceu me encarando por segundos que pareceram horas até que, sem nem sombra de sorriso, desviar os olhos e seguir para a próxima prateleira onde encontraria os autores com iniciais dos nomes F.

Eu continuei a observando em silêncio enquanto ela estudava calmamente os livros nas prateleiras, e quando finalmente ergueu os olhos para encontrar um exemplar de Netter na última repartição de cima, eu quase sorri.

Angeline soltou um suspiro irritado e percebi uma leve ruga em sua testa quando se deu conta de que não conseguiria alcançá-lo. Ela fechou os olhos com raiva antes de me olhar novamente.

- O que o senhor está fazendo aqui? - Perguntou.

Ora... talvez a frase "Por favor, pegue aquele livro pra mim" fosse mais conveniente agora.

Eu sorri, encolhendo os ombros.

- A biblioteca é minha.

Ela expirou o ar exasperada antes de olhar para o livro novamente. Em seguida, esticou-se o máximo que pôde para alcançá-lo, apoiando a mão do braço machucado na prateleira e apenas as pontas dos pés no chão, como uma bailarina. Ela precisaria ser no mínimo quinze centímetros maior para conseguir pegá-lo.

Angeline resmungou insatisfeita e subiu na primeira prateleira de baixo para ficar mais alta, mas ainda precisaria de pelo menos cinco centímetros a mais.

Eu apertei os lábios para conter o sorriso. Isso é tão adorável...

Me aproximei das costas dela e não pude evitar. Minha mão viajou quase automaticamente para sua cintura, enquanto eu pegava o livro com a outra sem esforço algum.

Angeline desceu da prateleira e se afastou de mim fazendo uma careta, me privando da ideia de sentir o cheiro do seu cabelo por um tempo maior. Ela me olhou de cara fechada e tudo o que eu queria era sorrir como um idiota, mas usando todo o meu esforço, me controlei e estendi para ela o exemplar.

Ela respirou fundo, sua expressão se tornando quase imperceptivelmente mais leve, então pegou o livro da minha mão e passou por mim em direção à escada com passos firmes, seu cabelo preso num rabo de cavalo dançando suavemente com seus movimentos.

- É educado agradecer. - Falei antes de seguí-la.

- Oh, olha só quem resolveu ligar pra educação.

- Você já foi mais agradável.

Ela parou antes de chegar até a mesa do computador e se voltou pra mim, falando como se sem pensar:

- O senhor tem algum distúrbio mental?

Eu pisquei, igualmente interrompendo meus passos.

Ela acabou de me perguntar se eu tenho problema de cabeça?

Meu primeiro instinto foi ficar irritado com sua audácia, mas o segundo foi rir, porque se eu fosse qualquer outra pessoa me observando em segundo plano, isso seria o que eu imaginaria também.

- Não, Angeline. Eu não tenho.

Ela estreitou os olhos suavemente enquanto me encarava, mas acabou desistindo de tentar me ler e voltou a caminhar até a mesa central.

Respirei fundo, indo até ela.

- Agora você me odeia?

Ela já estava sentada abrindo os livros e cadernos, mas parou, suspirou e me olhou.

- Não, senhor. Mas também não te entendo.

Assenti. Isso já é um começo.

Arrastando a outra cadeira que descansava na extremidade oposta da mesa, eu a girei e me sentei, afastando as pernas para descansar cada uma ao lado de cada lado do encosto.

- Eu só acho... - Engoli, tentando me fazer entender. - Acho que devemos ficar afastados.

Ela ergueu as sobrancelhas.

- Finalmente algo em que concordamos.

- Não, Angeline, eu... - Fui interrompido pelo toque do seu celular.

Ela conferiu a tela e deslizou o dedo sobre ela, levando o aparelho ao ouvido.

- Oi, Ty. - Disse olhando os cadernos, o braço ferido descansando sobre eles.

Ty. Tyler. O namorado dela.

Que maravilha! Por que esse babaca precisa existir?

- Sim, mas agora vou estudar. - Ela disse usando um tom totalmente diferente do que usava para falar comigo, e tudo o que eu queria era ter acesso ao meu saco de pancadas agora.

Concentre-se, Thomas. Não deixe o babaca te fazer esquecer o motivo de ter vindo aqui.

Angeline deixou escapar um sorriso, desviando os olhos.

- Não, você não está atrapalhando. Eu ainda nem comecei.

Um inferno que ele não está atrapalhando! Ele interrompeu o que eu ia dizer!

- Eu sei. Eu vou, assim que terminar aqui... - Outro sorriso seguido por um leve suspiro. - Eu sei... pode me ligar... tudo bem, até amanhã.

Ela desligou e me olhou.

- O senhor deseja mais alguma coisa?

Eu não sabia exatamente que olhar eu tinha no rosto, mas seja qual fosse, não consegui mudá-lo.

Percebendo que nosso assunto anterior havia perdido o sentido, enfiei a mão no paletó e tirei o envelope que havia trazido para ela. Angeline o olhou na minha mão e franziu levemente a testa.

- O que é isso?

- Abra.

Ela pensou por um momento, mas acabou largando a caneta sobre o caderno por fim e pegou o que eu estava lhe estendendo. Assim que ergueu a aba superior do envelope dourado e tirou a folha de papel endurecido de dentro lendo as primeiras palavras, ela riu.

- O senhor está brincando, certo?

- Por que eu estaria?

Ela balançou a cabeça, voltando a guardar o papel no envelope.

- Seus empregados não precisam de convites para estarem na sua festa, senhor. Nós faremos parte da equipe de garçons.

Ela me estendeu o convite de volta, mas eu não o peguei.

- Não quero você como garçonete. Quero como convidada.

Ela inclinou a cabeça, confusa.

- Pra quê? Pra depois me tratar como lixo outra vez?

Aquilo me causou um desconforto maior do que imaginei ser possível.

- Eu não vou fazer isso.

- Não, o senhor não vai. Porque eu não vou mais ser sua marionete.

Ela soltou o envelope, que caiu no chão. Angeline pareceu não ter se importado, porque pegou os cadernos novamente decidindo me ignorar.

Levei algum tempo até saber como reagir a isso. Ela sempre sabe como me deixar sem reação.

Desculpa... eu preciso pedir desculpas...

Sim, eu precisava, mas não conseguia. Há nove anos as únicas pessoas para quem eu mostrava respeito era minha família, e mesmo sabendo que seria o certo a se fazer agora, eu travei. Droga, droga, droga... é apenas uma maldita palavra, qual a dificuldade disso?

Mas essa única palavra era meu tormento. Eu não consigo simplesmente deixá-la vir. Não agora.

Mas eu preciso que Angeline aceite meu convite. Se ela não vier, minha festa será cinza como minha vida era antes dela. Que não venha nenhum outro convidado, se ela estiver aqui, será o suficiente pra mim.

Apertei os dentes para convencê-la do jeito que eu sabia:

- Se você não vier como convidada, não quero que venha de jeito nenhum.

Ela me olhou.

- Como...?

- Eu te quero como convidada. Se rejeitar meu convite, quero que saia das dependências dessa casa enquanto durar a festa aqui.

Eu desejava, do fundo do meu coração, que ela não tivesse para onde ir durante a festa - nem mesmo para a casa de seu namorado. Então ela não teria outra escolha.

Peguei o convite do chão e o bati sobre a mesa.

- E isso é uma ordem.

Então me levantei e a deixei sozinha, me olhando em choque enquanto eu fazia meu caminho para fora.

#-#

Bom dia amorecos!

E então, Angie deve ou não aceitar o pedido do nosso garoto extremamente inconstante? Me digam, eu amo ver a opinião de vcs (eu já tenho a minha 😆)

Amanhã teremos uma surpresinha no capítulo, acho que vcs irão amar 😍

Então até amanhã 09:00, minhas razões. E bom trabalho para quem, assim como eu, volta a trabalhar hoje.

A Mih ama vocês mais do que ela possa explicar ❤

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