6 de outubro de 2012
*Savannah Horan*
Estou a fazer skype com Madison e Danielle há quase uma hora. O frango do jantar ainda me está a encher a barriga e pergunto-me porque não comi apenas uma sopa, porque tinha ficado melhor.
- "Vocês estão livres amanhã?" –Madison pergunta, através do computador.
- "Não."
- "Sim." –Danielle responde ao mesmo tempo que eu. - "Porquê? Precisas de alguma coisa?"
- "Sim, amanhã a empresa da minha mãe vai fazer um evento para crianças no London Eye, e precisam de monitores. Eu tenho de ir, se quiseres podes vir comigo."
- "Está bem. Vai ser divertido." –Danielle responde e Madison sorri. - "Porque não vais estar livre amanhã, Savannah?"
- "Vou sair com o Louis." –murmuro e preparo-me para ouvir os gritos delas.
- "Com o Louis?" –gritam em simultâneo.
- "Sim. Ele hoje de manhã veio cá a casa e convidou-me. Houve uma confusão enorme porque, como é óbvio, o meu irmão meteu-se no meio. Acabei por aceitar."
- "Acho que fizeste bem." –Madison comenta.
Tanto eu como Danielle ficamos admiradas com a sua confissão. Não era suposto ela ser a do contra por já ter sido enganada pelo Harry?
- "O que foi? Eu acho que vocês se dão bem. E ele parece ser boa pessoa, o teu irmão e os amigos é que não o deixam mostrar-te."
Eu ainda fico um pouco admirada por a sua mudança de opinião tão repentina, mas prefiro não falar sobre isso. Ainda hoje, quando estava com o Liam, pensei que só queria ter uma pessoa que me apoiasse. E como já tenho, só tenho de aproveitar e nem questionar isso.
- "E se não te perguntássemos, não nos ias contar?" –Danielle pergunta-me.
- "Nada disso. Eu apenas estou... A tentar evitar falar do Louis." –encolho os ombros.
- "Porquê?" –Madison pergunta, levantando uma sobrancelha e tirando os olhos das unhas, que está a limar há não sei quanto tempo.
- "Não sei." –suspiro. - "Mas desde que conheci o Louis só tenho discussões com o meu irmão e até o Liam não o acha boa pessoa. E eu e ele nem nos podemos considerar conhecidos, imagina se fôssemos amigos sequer."
- "Bom, desde que conheceste o Louis que fizeste frente ao teu irmão e aos amigos, e eles já estavam a merecer isso." –Danielle vê o lado positivo da situação, como sempre. - "Eu concordo com a Madison. Mesmo que o Louis seja boa pessoa, o teu irmão e os amigos nunca o vão deixar mostrar-te. Ou ao Liam, que só te quer proteger."
- "Exato! Vais sair com ele amanhã. Se te sentires bem, avanças. Se não, explicas-lhe a situação. Tens de parar de te importar com o que os outros pensam de ti e do que fazes. Também tens de ser feliz."
- "Então e o Niall?"
- "Nenhum irmão mais velho gosta de ver a irmã a crescer. A arranjar namorado, a sair com um rapaz, a ficar mais íntima com ele... principalmente quando ele não gosta desse rapaz. O teu irmão só está a passar por uma fase protetora, isso passa-lhe."
- "O Niall não é assim." –eu discordo.
- "Bom, todos os irmãos têm esse instinto, na minha opinião. E o teu não é exceção, mesmo que vocês não tenham a melhor relação do mundo." –Danielle intervém. - "Ele só tem medo que o Louis te magoe."
- "Eu não quero falar mais disto, de qualquer das maneiras. Então e tu, Dani?"
- "Eu o quê?"
- "O Liam..." -eu digo com um pequeno sorriso.
As bochechas dela começam a ficar vermelhas e Madison atira a lima cor-de-rosa para cima da cama.
- "Porque raio é que vocês não me contam nada da vossa vida amorosa?"
- "Vida amorosa? Wow, eu e o Liam somos só amigos! Nem pretendo mais que uma amizade com ele."
- "Porquê? Ele é tão querido." –Madison comenta. - "Eu não o desperdiçava."
- "Bom, podes ficar com ele."
- "Acredita, eu vou."
Rio-me, vendo-as a falar do meu melhor amigo. Sei que Madison está apenas a provocar a Danielle para que ela admita que quer ter algo mais com o Liam, mas não está a conseguir. A Danielle consegue ser muito casmurra e, tal como eu, não gosta de admitir este tipo de coisas aos outros.
- "De qualquer das maneiras, de que cor pinto as unhas?" –Madison começa com os seus dilemas habituais.
***
Estou deitada na cama a ler Dear John, o livro que comprei há 3 dias atrás. Estou a sentir frio com meu pijama de calções e uma camisola larga, e chego à conclusão que tenho de começar a usar os meus pijamas de inverno, porque mesmo com o aquecimento ligado, tenho de andar mais agasalhada.
"Não importa onde ela esteja no céu, ou onde tu estejas no mundo, se levantares a mão e fechares um dos olhos, a lua nunca é maior que o teu polegar." –eu leio atentamente as palavras que John diz a Savannah, tão bem escritas por Nicholas Sparks.
Sei que sou apenas mais uma rapariga lamechas a ler este tipo de livros, mas eu gosto de romances e acho que este escritor tem grandes histórias.
Ouço o meu telemóvel a vibrar em cima da secretária, fazendo com que retire a atenção da minha leitura. Pouso o livro em cima da cama e levanto-me. Quando pego nele, vejo que é de um número desconhecido e não hesito em abrir a mensagem.
"Só te quero mesmo desejar uma boa noite. Até amanhã. Um beijo, Louis."
Dou por mim a sorrir para o telemóvel e repreendo-me por ter esta atitude. Nem estou importada como é que o Louis conseguiu o meu número, só fico contente por, mais uma vez, ele mostrar que quer saber de mim. Decido não responder e pouso gentilmente o telemóvel na mesa-de-cabeceira, pondo-o a carregar. Sento-me na cama.
A conversa com Madison e Danielle ainda não me saiu da cabeça. Pensamentos de se Niall estiver mesmo preocupado comigo não saem da minha cabeça, mas rapidamente o meu subconsciente me atira o quão parva sou por pensar isto. Eu e o Niall nunca iremos ter uma boa relação, pelo menos eu duvido muito, e o meu maior erro foi não me ter mentalizado disto mais cedo. Mas mais vale tarde do que nunca, e agora só tenho de seguir em frente sem ele. A Madison tem razão, eu também tenho de ser feliz. Durante sete anos não pude praticamente viver a minha vida porque estava sempre com receio do que o meu irmão iria achar e, para mim, isso acabou. O Niall teve as oportunidades dele, e não as aproveitou. Ele não tem simplesmente o direito a decidir as minhas escolhas e meter-se na minha vida desta maneira.
Para além disto, o Louis também tem razão. Se eu quero sair com ele, não faz qualquer sentido não o fazer só por causa do meu irmão, tendo em conta que ele odeia toda a gente à face da terra.
Desisto completamente da leitura, guardando o livro. Desligo a luz do candeeiro e fecho os olhos, tentando afastar os meus pensamentos horríveis.
7 de outubro de 2012
Acordo e a primeira coisa que faço é abrir os estores. Para meu espanto, está um dia de sol. Olho para o ecrã do meu telemóvel e vejo que são onze horas, o que me faz entrar em pânico porque apenas tenho uma hora para me preparar antes de Louis chegar. Corro para a banheira e, após tomar um duche rápido, saio e visto a minha roupa interior. Espalho creme pelo meu corpo e abro o armário. Decido vestir umas calças pretas, dobradas acima dos tornozelos, uma camisola branca e um casaco vermelho e azul-escuro aos quadrados. Calço as minhas botas pretas.
Depois de secar o meu cabelo loiro e muito pensar no que deva ou não fazer com ele, acabo por esticá-lo. Ponho a minha maquilhagem habitual.
- "Savannah, tens visitas!" –a minha mãe grita da sala.
- "Sim, desço já!"
Arrumo as coisas essenciais numa mala preta e desço. Observo Louis sentado num cadeirão. A minha mãe está no sofá e o Niall sentado no braço do sofá, a falarem. Bom, a minha mãe e o Louis a falarem, porque o Niall apenas se limita a mandar os seus olhares habituais.
- "Olá Louis, desculpa o atraso."
O rapaz moreno levanta-se do cadeirão onde está sentado e cumprimenta-me.
- "Não há problema nenhum. Estávamos a ter uma conversa divertida."
- "Sim, o teu amigo é muito simpático." –a minha mãe elogia e quero esconder-me com tanta vergonha que estou a sentir.
- "Por amor de Deus." –Niall revira os olhos.
- "Niall." –a minha mãe dá-lhe uma cotovelada. - "Porque não vens ajudar-me no almoço?"
- "Já lá vou ter, primeiro queria dizer uma coisa à Savannah."
A minha mãe olha para mim e eu afirmo com a cabeça. Ela sorri para Louis e vai para a cozinha. Niall levanta-se do sítio onde está e vem até mim.
- "Ainda vais a tempo de recusar."
- "Para com isto, Niall." -eu murmuro, um pouco embaraçada por saber que Louis nos está a ouvir.
- "Tu sabes que eu tenho razão. Vá lá, Savannah."
- "Bom, vamos? Não podemos chegar atrasados." –Louis interrompe a nossa conversa.
Estou com raiva porque ele acabou de provocar o meu irmão. Sei perfeitamente que ele interrompeu a conversa de propósito porque está com medo que fique com Niall. E, na verdade, é o que devo fazer. Devo virar-me para o Louis e pedir-lhe que me deixe em paz, fico com o Niall a tentar reconstruir a nossa relação.
- "Bom..." –começo a dizer e vejo-os aos dois de olhos postos em mim. - "Podemos ir."
O meu subconsciente diz-me que sou estúpida por não o ter conseguido rejeitar, mas eu até que estou feliz por isso. Se eu quero sair com o Louis, é o que vou fazer. De qualquer das maneiras, o Niall não ia voltar a ser o mesmo, ia voltar a tratar-me mal e eu ia-me arrepender todos os dias por ter deixado Louis. Vejo o olhar de Niall e Louis a mandar-lhe um sorriso de vitória. Dou um encontrão ao rapaz moreno, que me olha confuso.
- "Sem provocações, por favor." –sussurro e ele assente. - "Até logo, Niall."
- "Vai para o caralho." –ele cospe. - "Aliás, vão os dois."
Suspiro e vejo-o a subir as escadas. Louis olha para mim e eu dou um sorriso forçado, enquanto nós saímos de casa. Andamos até à paragem de autocarros e ambos ficamos calados uns bons minutos. Quando este chega, entramos e sentamo-nos um ao lado do outro.
O facto de o ambiente estar estranho faz-me arrepender um pouco de ter vindo, porque se vamos ficar calados a tarde toda, isto vai ser horrível.
- "A tua mãe é simpática." –ele comenta minutos depois.
- "É, acho que sim. Do que falaram?"
- "Ela perguntou-me sobre a escola e como te tinha conhecido, essas coisas."
- "Apanhaste seca?"
- "Eu? Achas? Claro que não, ela é divertida."
Dou um sorriso e ele responde da mesma forma, instalando-se o silêncio de novo. Sinto-me na obrigação de ser eu a puxar conversa desta vez.
- "Onde vamos?"
- "Surpresa."
- "Tens de me dizer."
- "Assim deixava de ser surpresa, não achas?" –ele pergunta-me a sorrir e sinto finalmente o ambiente a melhorar.
- "Bom, eu não concordei em surpresas."
- "Mas concordaste em sair comigo, e sair comigo inclui a surpresa."
- "Então parece que não vou sair mais contigo." –encolho os ombros enquanto rio.
- "Não te julgo. Sou realmente uma pessoa horrível para se aturar."
- "E estás-me a dizer isso na nossa primeira saída?"
- "Claro, temos de nos conhecer bem!" –ele defende-se.
- "Bom, a contares esses pormenores afastas logo uma rapariga. É como dizeres que não sabes cozinhar uma única coisa."
Ele fica calado e eu olho para ele, confusa.
- "Tu não sabes cozinhar!" –eu quase grito e ele ri.
- "Bom... que eu saiba, não existe um manual de regras para sair contigo." -ele ri. - "E, em minha defesa, sempre tive quem o fizesse por mim."
- "A tua mãe?"
- "Sim, mas na maior parte a minha empregada."
- "Tu tens empregada?" –pergunto, não querendo parecer surpreendida, e ele concorda com a cabeça.
- "Algum problema com isso?"
- "Não, claro que não." –digo encolhendo os ombros e ele ri.
Louis olha pela janela no autocarro e toca no botão de stop, fazendo-me ver que vamos sair na próxima paragem. Quando o autocarro para e nós saímos, eu vejo que estamos fora de Londres.
- "Trouxeste-me à praia?"
- "Sim."
Reparo que nunca vim a esta praia antes e, enquanto caminhamos até ao restaurante que Louis me indicou, eu vejo o mar e sorrio com a imagem. Quando lá chegamos, um empregado dirige-se a nós e Louis diz-lhe o seu nome, dando-me a entender que ele reservou uma mesa. O empregado indica-nos a nossa mesa e traz-nos as ementas, enquanto nós ficamos a escolher.
- "Então, já decidiste?" –ele pergunta-me, fechando a sua ementa.
- "Louis, eu não percebo nada destes pratos." –murmuro envergonhada e ele ri. - "Não te rias de mim! Isto apenas é tudo... muito esquisito."
- "Já escolheram?" –o empregado pergunta e eu fico nervosa com a vergonha que vou passar.
- "Sim. Vou querer picanha com arroz. E para ela pode ser o caril."
- "Para beber?"
- "Quero um sumo de laranja natural, por favor." –eu peço.
- "Dois." –Louis diz.
O empregado assente e afasta-se de nós. Fico contente por Louis ter escolhido o que queria comer antes que eu dissesse ao empregado e ele se risse de mim por não saber o que são metade das comidas escritas na ementa.
- "Eu nunca te tinha visto na escola antes." –Louis comenta.
- "Entrei este ano, vim com o Liam."
- "Ah sim, já sei quem ele é."
- "E tu, já lá andavas?" -eu pergunto curiosa.
- "Sim."
- "Já reprovaste de ano alguma vez?"
- "Não, porque perguntas?" –ele diz enquanto o empregado nos dá as bebidas e agradecemos.
- "Tu tens uma mota, portanto ou tiraste a carta de mota em poucos meses ou és um ano mais velho."
- "Temos alguém atento por aqui?" -ele pergunta a rir e eu dou um pequeno sorriso. – "Mas sim, sou um ano mais velho. No entanto, não reprovei. Apenas entrei mais tarde do que o normal na escola por causa de problemas familiares."
- "Ah, percebido."
- "Tu queres tirar a carta?" -ele pergunta curioso e eu encolho os ombros.
- "Não é propriamente o meu sonho ou objetivo, mas gostava. Não de mota, claro."
- "Eu adoro carros e motas. Tenho montes de carros feitos em legos no meu quarto de quando era pequeno. Adorava aquilo."
- "Isso parece interessante."
- "Um dia posso mostrar-tos."
- "Iria adorar."
Ele sorri e eu não hesito em sorrir de volta. Estamos realmente a divertirmo-nos e estou contente por isso, porque me prova que fiz bem em aceitar o seu convite. Louis está a provar-me ser exatamente o rapaz que eu esperava que ele fosse.
O empregado traz a comida e vejo o prato que Louis mandou vir para mim. Tem bom aspeto e ele incentiva-me a provar com o olhar. Pego num garfo e levo o comer à boca. O sabor a gambas misturado com um sabor esquisito, é simplesmente fantástico.
- "É bom." -eu digo com um sorriso e ele fica contente por eu ter gostado, o que nos faz continuar a nossa refeição. - "Louis?"
- "Diz."
- "Tu já conhecias o Niall?"
Noto que ele não está à espera da pergunta quando ele quase se engasga com o sumo que acabou de levar à boca. Ele fica calado a olhar para mim e eu engulo em seco.
- "Sim, já o conhecia." –ele responde finalmente e continua a comer.
Sei que acabei de estragar o ambiente e estou um pouco arrependida por não ter ficado calada. Ele é um rapaz incrível e estávamos a ter uma conversa maravilhosa, e eu acabei de arruinar isso pela minha estúpida curiosidade.
Dou por mim a pensar se era mesmo isto que Niall queria, ao não me contar nada sobre Louis. Penso se ele saberia perfeitamente que Louis não estaria à vontade para falar disto, e eu não conseguiria ficar calada. Penso se ele soubesse que isto iria estragar alguma coisa. Não só o ambiente que estávamos a ter há dois minutos atrás, como também algo que eu e o Louis poderíamos vir a ter mais tarde.
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Bom, olá meninas! Hoje, para meu espanto, consegui arranjar um tempinho para vir atualizar a fic! Estou-me a esforçar para vir fazendo mais capítulos e serem longos.
Obrigada a todas as que lêem, e quero pedir-vos que deixem as vossas opiniões e comentários! Podem escrever o que acham que vai acontecer, perguntar coisas sobre a fic, tudo o que quiserem, que eu respondo!
Queria também pedir-vos para partilharem a fic com amigas vossas (e, eventualmente, amigos), que gostem. Porque quanto mais leitoras, melhor!
Obrigada, a sério! ♡♡♡