Olá, olá! 😍😉
Preparados para mais um capítulo? Boa leitura!
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Correu tudo mal! Pousei as mãos na cintura numa postura de espera e olhei tristemente para a janela vazia. Preparava-me para me ir embora quando o chio de uma porta de madeira me deteve e fiquei no mesmo sítio sem me mover como uma estátua. A porta abriu-se e uma figura de estatura média apareceu, mas a escuridão escondia as feições do seu rosto. Mas eu sabia que era ela. Quem mais poderia ser?! Fiquei perdido de felicidade e num reflexo instintivo olhei para o céu escuro para agradecer a minha sorte.
- Que bom que vieste, Rosa - desabafei eu, quando ficamos frente a frente.
Ela inclinou-se para mim para me abraçar e pousou a cabeça no meu peito. Fui apanhado de surpresa pelo seu carinho, porque pensei que ela estivesse extremamente zangada comigo.
- Hoje, tive receio de que nunca mais te voltasse a ver - sussurrou Rosa.
Não consegui evitar um sorriso de orelha a orelha. Aquela confissão era uma prova de que ela desejava tanto estar comigo como eu com ela.
- Porquê é que pensaste que nunca mais me voltarias a ver? - separei-me dela, porque queria estudar o seu rosto. Às vezes era tão difícil saber o que ela pensava!
Iluminada pela luz da lua via como nunca a tinha visto, durante toda a minha vida. Vestia uma camisa de dormir branca de um tecido pobre, que de tão gasto que estava tinha sido necessário remenda-lo. Deus, era preciso mantê-la em tamanha pobreza? Quando ela fosse morar provisoriamente para o castelo de Monforte iria livra-la daquela camisa maltrapilha. Por cima dos ombros trazia um xaile simples para se proteger da brisa fresca da noite ou para se compor enquanto estivesse na minha presença. Sim, uma dama não se apresentava em trajes de noite a um pretendente.
- Nunca faltaste... Pensei que tinhas desistido - baixou o olhar e aconchegou-se ao xaile como estivesse à procura de conforto.
- Desistido de ti? - interroguei-a, incrédulo. - A sério, Rosa, que pensaste isso?
Ela encolheu os ombros, na dúvida.
- Porquê é que eu havia de desistir de ti?
Nem foi preciso responder-me, porque naquele instante através do seuolhar percebi de imediato. Rosa mirava discretamente as minhas roupas. Talvez,ela nunca me tivesse visto tão ricamente vestido. Como o príncipe que era, andava sempre bem vestido. Mas nesta noite trajava uma indumentária mais rica do que a diurna. Aperaltei-me para ir jantar com os meus pais como era costume. E ela estava tão pobre com aquela camisa remendada. Fingi que não percebi, porque não queria falar da riqueza que me separava dela. Acreditei que ela naquele instante sentisse mais essa diferença. Mudei de assunto, porque apenas queria aproveitar o pouco tempo que tinha para estar com ela, bem e feliz.
- Tens frio? - tirei a minha capa.
- Não. A noite não está fria.
Mesmo assim embrulhei-a e puxei-a para mim.
- Estás zangada comigo? Diz-me que não estás zangada comigo e que estamos bem - peguei-lhe na mão e levei-a aos lábios.
- Eu não estou zangada - disse ela, com um sorriso bonito que me deixava sempre ainda mais perdido de amores.
Inclinei-me para o seu rosto e ela levantou o seu. O seu beijo era tão leve como o roçar de uma pena. Senti os seus lábios macios. E de repente, separou-se de mim:
- Não está certo estar aqui contigo a esta hora. Tenho de ir - tirou a capa e entregou-ma.
- Não! - agarrei-a pelo braço com delicadeza. - Não vás já. Fica um pouco comigo, estou cheio de saudades.
Ela mostrou-se hesitante.
Estendi a minha capa no chão, sentei-me, estendi-lhe a mão e pedi:
- Senta-te comigo. Vamos ver as estrelas juntos.
Rosa aceitou a minha mão, sentou-se ao meu lado e pousou a sua cabeça no meu ombro.
- Amanhã, virás ver-me? - perguntou ela, docemente.
- Claro que sim, meu amor. O que hoje aconteceu pode voltar acontecer: faltar ao nosso encontro. Não é que eu queria... Eu estou muito ocupado com problemas...hã... Nada é mais importante do que tu. Não te trocaria por nada! Mas são assuntos muito importantes que influenciam a minha vida. Vivemos tempos complicados, Rosa. Um dia perceberás.
- Um dia?
- Sim. Quando casares comigo saberás tudo sobre a minha vida.
Para mim, penso: "Quando acabar com a maldição e a Bruxa, podemos ficar juntos e saberás a verdade, meu amor".
- Oh... - quis esconder o espanto, mas não conseguiu.
Ela virou o rosto para o lado oposto ao meu. Não a via, mas sabia que deveria estar vermelha como um morango maduro. Sorri para mim próprio e para não a deixar constrangida, disse:
- Está uma noite linda. O céu está limpo e cheio de estrelas.
Rosa voltou a erguer o rosto, mas em direcção ao céu. Vi uma das faces coradas como eu suspeitava. Mas manteve-se calada, por alguns instantes. Havia algo que ela me queria dizer ou estaria pensativa? Esperei, não a queria pressionar.
- Sabemos tão pouco a respeito um do outro - desabafou ela.
- É normal não sabermos muito da vida um do outro, porque nos conhecemos há pouco tempo, Rosa. O mais importante é o que sentimos um pelo outro. O amor que eu sinto por ti é o mais importante, Rosa, e nunca duvides disso.
Entreolhamos-mos. O seu olhar azulado era tão profundo que me deixava estonteado. Levei a minha mão aos seus cabelos dourados como o ouro e penteia-os com os meus dedos, e depois afundei mais os meus dedos para chegar ao seu pescoço e puxei o seu rosto para o meu.
- Eu amo-te, Rosa - confessei-lhe, num murmúrio. - Amo-te e só Deus sabe o quanto doloroso é para mim quando estou longe de ti. Não sei viver sem ti.
Ela emudeceu.
- Rosa?
- Tenho medo, Filipe - falou baixinho.
- Medo? Tens medo do quê? - perguntei, confuso.
- Medo do que sinto por ti.
Sorri-lhe como um rapazito apaixonado. O que sentimos um pelo outro era tão grande! Eu próprio senti medo tantas vezes. Tive medo que ela me deixasse pela diferença da nossa classe social e tive medo de a perder se o meu pai não aceitasse para minha esposa, num outro passado. Tive medo que ela se cassasse com outro príncipe e me esquecesse, quando envelheci.
- Não tens que ter medo. Nunca me vais perder, porque o meu coração será sempre teu.
Se tudo correr bem, pensei.
- Sabes mais sobre mim do que eu sobre ti, Filipe. Sabes onde eu vivo,sabes que a minha família são as minhas tias e sabes que vivemos do nosso trabalho de costureiras. Não sei nada sobre ti, Filipe - constatou ela, com um ar sério.
Emudeci. Bolas! No passado, ela nunca me tinha dito algo do género. Eu também nunca tinha faltado a nenhum encontro, nunca lhe disse que tinha assuntos sérios para resolver e que vivamos em tempos perigosos.
- Já é tarde, Rosa. Amanhã, falamos melhor - levantei-me e estendi-lhe a mão para a ajudar a erguer-se.
Enquanto, apanhava a minha capa e a sacudia, ela mirava-me talvez com alguma desconfiança. Aproximei-me dela para me despedir, mas ela insistiu em continuar a conversa.
- Fala-me um pouco de ti, Filipe?
- Amanhã, meu amor - depositei-lhe um beijo na testa e coloquei a minha capa. - Eu acompanho-te até à porta.
- Não é preciso. Eu prefiro ficar aqui ver-te partir.
Assenti. A verdade é que estava a fugir. Ela nunca me tinha questionado desta maneira e não sabia o que responder. Não lhe queria mentir. Precisava ser prudente e pensar bem sobre este assunto. Fui até ao Vendaval, afaguei-lhe o pescoço e montei-o com grande agilidade. Olhei ao meu redor e não havia sinal do Justiceiro.
- Então, até amanhã - despedi-me. Estava apoquentado com as suas palavras, mas não queria que ela percebesse.
Rosa aproximou-se do cavalo e pousou a mão no meu joelho.
- Até amanhã, meu amor. Faz uma boa viagem de regresso - disse ela, tranquilizadoramente e sorridente.
Debrucei-me da sela para lhe dar um último beijo. Ela enlaçou-me pelo pescoço e pôs-se em bicos de pés para me dar um beijo nos lábios e disse, baixinho como se fosse um segredo:
- Não me vou esquecer de acabar a conversa desta noite.
Sorri de nervosismo. Sabia que se tentasse dizer algo iria gaguejar, então ergui uma mão em despedida. Ela recuou, trocamos um último olhar e sorriso. Fiz o cavalo voltar-se e parti.
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Parabéns @Clara_Noami, porque adivinhaste a primeira parte deste capítulo! Eu estou sempre atenta aos vossos comentários. 😉
E agora o que é que acham que vai acontecer?
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beijinhoooooooooooos 😘