Olá, minhas queridas leitoras! BONÚS, porque vocês merecem! 😉
Será que esta coisa linda aqui em cima, que está para nascer, vai ser entregue à Margarida? Sim ou não? Querem adivinhar antes de ler?
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- Oooooh – soltaram os soldados, num murmuro de espanto.
Era horrível o que acabava de ouvir. Só uma bruxa poderia fazer tal proposta! Eu estava completamento certo ao pensar que não se podia confiar nestas criaturas. Não consegui dizer nem mais uma palavra. Vislumbrei o rosto do meu pai que estava boquiaberto e pálido como a parede branca. E não era para menos! A minha madrinha foi a única que conseguiu reagir de imediato e estava com cara de poucos amigos. Enfrentou-a:
- Como ousas pedir tal pagamento?
Margarida simplesmente ignorou-a e continuou a mirar-me, à espera de uma resposta. Esta era a segunda atitude de bruxa que reconhecia nela. Era uma afronta e uma falta de educação ignorar a fada, o braço direito do rei, uma criatura de bem, amada e respeitada por qualquer um e por qualquer reino. Violeta era tudo aquilo que ela não era! Observei-a, mais uma vez. Tudo nela era falso: o seu sorriso, o seu ar inocente e a sua aparência de rapariguinha. Quantos anos realmente ela teria? As fadas e as bruxas não envelheciam. Pobre de quem a julgava uma jovem inocente e dócil!
- Se quer voltar a ser um jovem príncipe terá que prometer que me entregará o seu primeiro filho varão quando a sua esposa o der à luz. Se a sua esposa der à luz uma menina primeiro não a quero. Quero um menino, o primeiro menino – esclareceu ela.
Era como se fosse um sonho misturado com um pesadelo. Imagino o dia em que terei um filho, um filho com a Aurora. Será lindo como a mãe! Com os cabelos louros, os olhos azuis e o rosto pequenino como se tratasse de um botão de rosa. Será um menino de ouro e de prata, porque será príncipe de dois reinos, Olispo e Aragão, herdeiro de dois tronos. Mas o mais importante de tudo é que ele será um pedaço de mim e um pedaço de Aurora, o triunfo do nosso amor. Como pode uma bruxa pedir-me um filho que nem sequer sei se vai existir? A Bruxa, a Malévola, tirou-me tanto... E agora esta bruxa que se diz chamar Margarida quer-me tirar algo que ainda nem tenho. Mas é para isto que estas criaturas vêm ao mundo? Para tirar seja o que for desde que provoque infelicidade, desgosto e sofrimento?
Sem eu querer imaginar tal cenário, vi um berço real a balançar sozinho como estivesse a embalar um bebé adormecido, mas na realidade estava vazio. A mãe, Aurora, cai ao chão de joelhos, o seu vestido preto cobre o chão e parece mais um vestido de luto, e agarra-se desesperadamente ao berço a chorar e a chamar pelo seu bebé desaparecido.
Uma fúria nasceu dentro de mim e o ódio que sinto pela Malévola estende-se agora para a Margarida.
- NUNCA! – declarei eu, zangado. – Como é que te atreves a pedir-me tal coisa, sua bruxa?
- Não o quero ofender, Príncipe, mas tudo tem um preço na vida – disse ela, calma e sorridente.
Nem se sentiu ofendida de a chamar de bruxa! A atitude dela enerva-me mais, era extramente provocadora. Parecia que nada a afectava. Tinha que me controlar, porque não queria demonstra-lhe que tinha capacidade para me levar ao limite. Continuei com a cabeça erguida, fingi que estava calmo como no instante em que a recebi e cerrei os punhos que repousavam nos braços do trono para conter a minha vontade de lhe gritar.
- Eu devia era mandar-te para a forca – ameacei-a, mas sem perder a compostura.
- Calma, Filipe. Deixa-me tratar deste assunto. Se ela souber mesmo o segredo da juventude, precisaremos dela – disse o meu pai tão baixo que só eu o poderia ouvir.
- Eu nunca permitirei que ela fique com um filho meu – aviso-o, irritado.
- Nem eu! Mais depressa coloco a cabeça dela no cepo. Confia em mim.
Assenti. Nunca gostei, nem sou a favor das sentenças de morte, mas estas criaturas são tão malignas que merecem o pior de nós, porque nos dão o pior delas.
- Margarida, dar-te-ei tudo, menos isso. Já te estou a oferecer uma pequena fortuna! Mas diz-me o que desejavas ter? Jóias, vestidos novos, um castelo? Posso dar-te uma vida de princesa – ofereceu o meu pai, mas com o sobrolho erguido. Estava pensativo e desconfiado.
- Lamento, Vossa Graça, mas não é negociável – responde ela, com um ar de inocência.
- Vives há muito tempo em Aragão? – perguntou o rei, com alguma simpatia.
- É revelante saber onde vivo, Vossa Graça? – contrapõe ela.
- Claro que sim! Que eu saiba não me pediste autorização para viveres no meu reino. Margarida, aqui há leis e são para ser cumpridas. Portanto, ao viveres aqui, sem a minha autorização, estás a cometer um crime e a desfiar-me. Sabes perfeitamente que são raros os reinos que aceitam bruxas.
- Não é essa a minha intenção. Irei embora de imediato, Vossa Graça, se o desejar – mostrou um ar arrependido.
Ela enerva-me, definitivamente!
- Posso abrir uma excepção para ti... Além de um vida de princesa, posso autorizar-te a viver em Aragão.
- Agradeço a oferta, mas não estou interessada. Não gosto de viver durante muito tempo no mesmo sítio. Se quiserem o segredo da juventude, terão que aceitar a minha proposta!
Não consigo conter mais a minha raiva, levanto-me um pouco desajeitado e enfrento-a cara a cara:
- Porquê é que queres um filho meu?
A minha madrinha vem ao meu encontro, passa-me a mão pelo braço e pede-me calma.
- Sempre sonhei ser mãe de um menino.
Mentirosa! Era isto que se podia esperar das bruxas: mentiras. Se desejasse tanto ter um filho já o teria conseguido. Recorrendo à magia já teria conseguido roubar um bebé a qualquer mãe. Fixei o meu olhar furioso nela. O que é que esta bruxa pretendia? Quais seriam os seus planos maquiavélicos?
"Se a sua esposa der à luz uma menina primeiro não a quero. Quero um menino, o primeiro menino", soou nos meus pensamentos. Oh, meu Deus! Como é que eu não percebi logo? Ela quer o primeiro menino, porque será o príncipe herdeiro, será o futuro rei. As bruxas são todas iguais!
- Eu posso arranjar-lhe um bebé, porque nem sabemos se o Filipe será pai – sugeriu o meu pai.
Olhei duas vezes para o meu pai, incrédulo. Ninguém merece ser criado por uma bruxa!
Ela abanou a cabeça negativamente para recusar mais uma oferta. Maldita!
- Podes ir, Margarida. Não estou interessado na tua proposta – declarei eu, em alto e bom som e voltei a sentar-me no trono. – Não és a única bruxa no mundo. Há muitas por aí!
Ela não se mostrou afectada, nem o seu sorriso esmoreceu. Era completamente o oposto da Malévola. Não era teatral, nunca perdia a compostura, nem era directamente provocadora, nem tinha um sorriso maléfico. Mas aquele sorriso dócil não era mais do que uma máscara de falsidade.
- Se o Príncipe mudar de ideias procure-me – disse a bruxa e seguidamente faz uma vénia de despedida.
- Nunca na vida! – garanti.
- Devia manda-la prender – murmurou o meu pai, com raiva.
- Não vale a pena criarmos problemas, Vossa Graça. Pense bem. Já temos a Malévola como inimiga. Nós estamos à procura de bruxas. É uma questão de tempo – aconselhou a minha madrinha, em tom baixo.
O rei acabou por se resignar.
Escoltada pelos soldados, Margarida caminhava a passo calmo para a saída. O meu olhar foi cativado pelo seu vestido verde que afinal não era da cor da esperança. Maldição!
- És muito estúpida, Margarida, se pensaste por algum momento, que poderias governar Aragão através de um filho meu. As bruxas não nasceram para ser rainhas! – gritei-lhe.
Ela deteve-se e voltou ligeiramente rosto na minha direcção. Mais uma vez, não perdeu o sorriso gentil e voltou a fazer-me uma reverência. Falsa e fingida até ao último momento! Ela não podia estar tão calma como aparentava. Mal as portas se fecharam atrás de si, amaldiçoei-a, sem ter poderes para tal.
- Violeta, manda alguns homens vigia-la discretamente. Quero saber tudo sobre ela – ordenou o meu pai.
A minha madrinha abanou a cabeça afirmativamente, transformou-se em miniatura e saiu a voar pela janela.
- Será que ela sabe mesmo o segredo da juventude? – perguntou o meu pai, com um enorme suspiro.
- Essa é uma resposta que nunca saberemos – respondi, mal humorado.
A sobrancelha erguida do meu pai e o seu ar pesado não deixava dúvidas: estava pensativo.
Sentia-me sufocado, sentia-me irritado, sentia-me enervado... Parecia que estava tão perto do meu sonho.
- Julgo que as bruxas agora querem seguir o exemplo da Malévola. Agora pensam que podem desvincular-se dos seus reinos e soberanos e conquistar um reino para governar – comentou o meu pai, com alguma ironia na voz.
Assenti com a cabeça, como se nada disso tivesse grande importância. Não quero saber o que as bruxas pensam ou desejam. Apenas quero recuperar o que perdi... Será pedir muito? Afundo-me no trono para repousar a cabeça nas costas almofadas.
- Não fiques triste, Filipe. Nada está perdido - consolou-me o meu pai.
- E se a Margarida for a única bruxa a quem pudermos recorrer ? – nem me atrevo a falar muito alto, apenas murmuro. – Não posso aceitar a proposta dela. Nunca seria feliz, mesmo recuperando a juventude.
- Se ela for a nossa única esperança teremos que chegar a um acordo, a bem ou mal. Um rei tem sempre fadas ao seu lado e é tão inteligente ou mais do que elas! – piscou-me o olho. - Descansa e não penses mais nisto, por enquanto. Não te quero ver triste.
Continua....
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Não se esqueçam de deixar um estrelinha se gostarem!!!!
O que é que acharam desta bruxa? Gostam mais da maneira de ser desta ou da Malévola?