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- Não me expressei bem. Imagino a que meio pertence e onde vive. Ora, toda a nobreza de Olisipo está no baile, nenhum nobre me contou que tinha o filho doente e a Aurora morava na fronteira de Olisipo, onde se localiza vários fazendeiros que fizeram fortuna...
- Ah... – soltou a rainha, acompanhando o raciocínio do marido. – Tem razão, querido!
- O pai poderia elucidar-me.
- Claro que sim. O mais provável é o Filipe ser filho de um fazendeiro. – Fez uma pausa. – O que é ser rico para ti, Aurora?
- As madrinhas ensinaram-me bem as classes socias – disse Aurora, com aborrecimento. – Neste momento, ele já não é rico em relação a mim, mas também não há ninguém mais rico do que eu em Olisipo, à excepção dos pais. O que interessa é que o Filipe quer casar comigo, mesmo pensando que eu sou uma plebeia e isso só demonstra os bons sentimentos que tem por mim. Não será o amor o mais importante?
O rei Dinis calou-se. O semblante do seu rosto estava sério, direccionou o olhar para os papéis que repousavam sobre a mesa, pegou na pena e colocou-a ao lado do tinteiro. A sua atitude parecia-me estranha. Estaria ele a fugir ao assunto? Talvez estivesse a ser cauteloso para não assustar a filha. Confesso que estava curioso, porque queria saber se ele partilhava a opinião do meu pai de que as princesas nascem para os príncipes. Será que o rei Dinis dava valor ao amor?
O silêncio instalou-se, pois todos esperavam pela resposta do rei. A rainha pousou a mão no ombro do marido para lhe transmitir algo.
- Tu precisas de um marido que zele pela tua segurança e te protega caso seja necessário – respondeu ele, ao fim de um bom tempo.
- O Filipe irá sempre zelar pelo meu bem estar. A prova é que ele me quer dar o melhor pensando que nada tenho.
- Ele não pode, Aurora, acredita em mim.
- Como pode ter tanta certeza? O pai nem o conhece.
- Sê racional, pensa com a cabeça e ignora o coração. Tens uma inimiga, a Malévola, que te lançou uma maldição, mas felizmente não se concretizou. A Malévola não deve estar nada contente com esta situação e nada nos garante que ela não volte a fazer das suas. Precisas de alguém forte ao teu lado.
- O Filipe – insistia ela . – Ele é jovem, forte e corajoso.
- Será que não ouviste nada do que eu disse, filha?
- Percebi muito bem o que o pai disse.
- Então, julgas que um camponês te pode proteger de uma bruxa?
- Agora, chama-o de camponês?
O rei fingiu que não a ouviu e continuou:
- Como é que ele te vai defender de uma bruxa? Atira-lhe ovos, tomates, batatas... Não! Atira-lhe galinhas sempre é um ataque mais agressivo. Tu precisas de fadas e de exércitos ao teu dispor, Aurora. Só os reis e os príncipes é que dispõem de fadas. E os camponeses não dispõem de homens, nem de armas como deve ser para a guerra.
- Vai com calma, Dinis – murmurou a rainha no seu papel de conselheira.
- Eu estou calmo, querida. Aurora, é a tua vida que está em causa. Eu estou apenas a proteger-te!
- Mas, eu não gosto do Príncipe Ricardo. Afinal, mesmo sendo uma princesa tenho que me casar por interesse.
- Bem... hã...
O rei ficou sem palavras com observação da filha.
- É para o teu bem, Aurora.
- Porquê é que a Malévola me deseja fazer mal?
- Porque é uma bruxa. As bruxas só são felizes a provocar o mal, o sofrimento...
- Prefiro arriscar a minha vida do que ser infeliz para sempre – falou baixinho.
- Não digas isso! – manifestou-se a rainha com aflição.
- Queres morrer, Aurora? – inquiriu o rei, enganosamente calmo.
- Não.
- Nem eu o ia permitir. Vou entregar a tua mão ao Príncipe Ricardo de Olivais, porque é o melhor para ti. Está decidido, porque eu sou o teu pai e o rei de Olisipo!
Os olhos de Aurora encheram-se de lágrimas e começaram a correr pelo seu lindo rosto.
- Eu odeio ser a Aurora! – silvou ela, para depois abandonar a sala a correr e a chorar.
- Devíamos dar-lhe tempo, Dinis. Fomos depressa demais – afirmou a rainha, preocupada.
Ela começou a andar de um lado para outro, nervosa.
- Nós não estamos a pedir-lhe para se casar amanhã, apenas estamos a prometer a sua mão. Helena, estamos a fazer o correcto, porque estamos a zelar pelo bem da nossa filha.
- Ela disse que odiava ser a Aurora, Dinis. É melhor não...
- Calma, querida! Ela disse aquilo da boca para fora e é muito jovem para saber o que é melhor para ela.
- Não deveríamos, primeiro, saber o que se passou com o Príncipe Filipe de Aragão? – sugeriu Dulce.
- Nós sabemos o que se passou, Dulce – resmungou o rei, revirando os olhos.
- Pode ter-lhe acontecido alguma coisa grave, Dinis – atalhou a fada. – Aliás, como tua conselheira aconselho-te seriamente a repensares a tua atitude. Imagina o quanto negativo pode ser se Olisipo e Aragão se tornarem inimigos?
- Não quero falar sobre isso, agora. Mas algo te garanto, Filipe de Aragão nunca irá ficar com a Aurora depois de quebrar a sua palavra. Jamais o permitirei!
- Temos de descobrir quem é o Filipe por quem a nossa filha se apaixonou. Pode ser que seja algum príncipe - disse a rainha, caminhando pensativa pela sala.
- Concordo! – exclamou a fada.
- É só Filipes – resmungou o rei, atirando umas folhas para a ponta da mesa. – Onde é que tu estavas Dulce quando a minha filha namoriscava com o camponês?
- Provavelmente, a ajudar-te a resolver problemas do reino.
- Três fadas e nenhuma sabe o que se passava na vida da minha filha?
- Eu dei o melhor de mim à tua filha como te dei a ti. E se bem me recordo, ela é igualzinha a ti no que diz respeito ao amor. Lembraste?
Ele arregalou os olhos de espanto, mas depressa se recompôs e ordenou:
- Helena, vai falar com a Aurora. Talvez, ela te ouça e compreenda. Que inferno!
- Sim. Vou tentar.
A passo apressado, ela abandonou a sala. Provavelmente, mais do que convence-la queria dar-lhe carinho e tê-la nos seus braços.
Dulce e o rei miravam-se. Parecia que conversavam através do olhar. O silêncio foi absoluto por alguns minutos.
- Queres perder a tua filha?
- Estás a recriminar-me por querer fazer tudo o que está ao meu alcance para proteger a minha filha, Dulce?
- A Aurora é mais forte do que tu pensas, Dinis! Ela viveu uma vida simples e por mais bonita que seja a vida de uma princesa, ela pode nem pensar duas vezes para trocar a coroa pelo amor. Tem cuidado! Se esse Filipe aparece, não sei...
O rei olhou-a pensativo. Passados uns segundos, falou:
- Não – abanou a cabeça incrédulo. – Ela nunca nos abandonará.
- Ela é tão parecida contigo, Dinis – sentou-se na cadeira que Aurora ocupara. – Teimosa, teimosa...
- Eu não sou teimoso.
A fada deu-lhe um sorriso e disse:
- Ela sente-se deslocada nesta nova vida. Ela não vai ter medo de perder aquilo que nunca teve: a riqueza, o poder... Ao contrário de ti – murmurou a última declaração.
- CHEGA! – bateu fortemente com o punho na mesa.
Ele ficou enfurecido.
- Dinis...
- Dinis não. Eu para ti sou Vossa Majestade! Eu sou o teu rei reconhecido e abençoado por Deus. A Aurora é minha filha e eu entrego a mão dela a quem eu entender e enquanto, eu for rei de Olisipo não há nada, nem ninguém que possa interferir na minha decisão. Farei sempre o melhor para impedir que a Malévola volte a ter uma oportunidade de lançar uma maldição à minha filha ou a algum de nós.
Ele levantou-se graciosamente da cadeira e caminhou a passo largo para a saída e bateu fortemente com a porta.
- Teimoso – desabafou Dulce, com um encolher de ombros e um suspiro.
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