- “Bom dia.” –Louis diz, juntando-se a mim e aos outros na paragem.
Ele dá-me um pequeno beijo nos lábios e eu sorrio ligeiramente, enquanto Danielle continua a dormitar ao colo de Liam, com a cabeça sob o seu ombro.
- “Tu estás bem?” –o meu namorado sussurra, puxando-me para fora da rodinha.- “Sobre ontem.”
- “Sim.”
- “Estás a dizer a verdade?”
- “Sim.” –eu repito e ele levanta uma sobrancelha.
- “Tu sabes que tu não és a primeira rapariga a quem eu tirei a virgindade, certo? Eu sei como são essas coisas e…”
Ele interrompe-se a si próprio quando se apercebe do que disse e eu reviro os olhos, dando um suspiro irritado em seguida.
- “Desculpa.”
Quando ele tenta olhar para os meus olhos, eu desvio a cabeça para o lado o que o faz suspirar levemente.
- “Savannah, foi sem intenção.”
- “Bom, tu magoaste-me. Portanto podes divertir-te com as outras raparigas a quem tiraste a virgindade, visto que tu tens uma lista enorme.”
- “Não comeces.”
- “Eu não estou a começar nada.” –eu encolho os ombros.
- “Tu ontem entregaste-te a mim e eu tive o melhor dia da minha vida.” –ele confessa e eu olho para ele.- “Vá, não amues comigo.”
- “Não sei.”
- “Por favor?” –ele meio que pergunta e eu reviro os olhos quando ele me dá um beijo na bochecha.
- “A Rose notou nos lençóis de ontem?” –eu sussurro, envergonhada.
- “Não, livrei-me deles e fiz a cama de lavado.”
Eu assinto levemente, aliviada. Eu nem quero imaginar o que seria a empregada de Louis encontrar os lençóis onde nós fizemos amor, cheios de sangue.
- “Livraste-te mesmo? Não há nenhuma possibilidade de alguém os encontrar e perceber que…”
- “Hey, calma.” –ele relaxa-me e eu suspiro.
- “A Dani não sangrou quando fez com o Liam.” –eu murmuro, relembrando-me quando ela me contou no dia em que perdeu a virgindade.
- “É normal isso acontecer, pode não acontecer com todas, mas é normal.”
- “Tu que o digas.” –eu provoco, com irritação na minha voz.
- “Tu estás insuportável hoje.”
- “Para de refilar, eu estou toda partida portanto exijo que me leves a almoçar a um bom lado hoje.”
Louis dá uma gargalhada e eu fecho os olhos. Estou cansada e esgotada, não só por aquilo que aconteceu ontem, mas também porque não dormi nada bem.
- “Talvez tu me possas almoçar a mim.”
- “Ótimo namorado.”
- “Notei uma ironia nessa frase, Horan, e não gostei.” –ele avisa num tom divertido.- “Agora a sério, onde queres ir? Eu levo-te onde quiseres.”
- “Eu estava a brincar, Lou. Acho que vou para casa descansar, não dormi nada hoje.”
- “Já percebi de onde vem o teu mau humor todo.”
Eu dou-lhe um pequeno murro no ombro com a sua gozação, enquanto ele ri de novo. O autocarro chega à paragem e toda a gente vai entrando. Eu sento-me ao lado de Louis e pouso a cabeça no ombro dele, enquanto ele vê o seu instagram pelo telemóvel.
***
O resto da semana passou depressa. Custa pensar que as aulas só começaram a semana passada e que eu esta semana já tenho de começar a estudar para os testes. Isto para não falar do facto de ter de fazer um trabalho de Literatura com a Eleanor, o que me põe cheia de nervos sempre que me lembro.
A escola vai ser o meu fim.
Relembro-me que Daisy e Phoebe fazem anos na quinta-feira e Louis convidou-me para depois das aulas almoçar ir lanchar com eles. Tenho de passar na quarta-feira pelo centro comercial para lhes comprar algo, e acho que vou convidar o Liam.
A Madison é a única que sabe sobre o facto de ter perdido a virgindade recentemente. Eu apenas senti-me à vontade de lhe contar porque eu não sou experiente neste tipo de coisas, e falar sobre elas com o Louis não é o mais indicado. Ela aconselhou-me a começar a tomar a pílula, mesmo que Louis use o preservativo, e é isso que vou fazer. Tenho de marcar uma consulta no ginecologista, e agradeço o facto da minha mãe já ter tocado no assunto mais que uma vez, porque não sei como lhe dizer que comecei a minha vida sexual.
Neste momento eu estou a caminho da editora de livros da família do Louis. Ele prometeu-me fazer uma visita guiada visto que eu não o paro de chatear para tal. Sempre tive interesse em conhecer uma editora e o modo de trabalho nelas.
Vamos aproveitar para ir lanchar a um café ao pé da editora, que Louis diz que tem uma vista fantástica para Londres. Fico realmente contente pelo facto de nos estarmos a dar tão bem e nem termos discutido nos últimos dias.
Quando o meu namorado estaciona a mota no parque de estacionamento do edifício, eu apresso-me a sair e ajeito a minha camisa branca. Louis faz sinal para eu o seguir e rapidamente nos encontramos num elevador, com mais duas pessoas. Um homem e uma mulher. Ele está vestido de fato e está a falar ao telemóvel, visivelmente irritado. A mulher está com um vestido até ao joelhos rosa e uns sapatos de salto alto pretos, ignorando completamente a atitude do homem ao seu lado, aos gritos no telemóvel. Não sei se isto é normal acontecer, mas eu só consigo ter pena da pessoa que está a falar com ele do outro lado da linha.
Quando as portas do elevador se abrem, Louis puxa-me para fora dele e a mulher também sai. Ela passa um cartão por uma máquina, que lhe dá acesso à entrada da empresa. Louis dirige-se à secretaria e sorri a um homem, que se levanta para lhe dar um aperto de mão.
- “É um prazer ter-te aqui, Louis.”
- “É verdade Tom, decidi fazer uma visita.”
- “Já não era sem tempo!” –o homem fardado diz, com um sorriso.- “Guardo os vossos capacetes?”
- “Por favor.”
Louis passa-lhe o seu capacete e eu rapidamente tenho a mesma atitude. O homem faz um sinal a uma mulher com os seus cinquenta anos, que está num computador. Ela começa a teclar e Louis faz-me uma careta, enquanto esperamos. A senhora levanta-se e entrega a cada um de nós um cartão de visitante.
Passamos pela mesma máquina que a mulher do elevador passou, e eu vejo um longo corredor branco, enfeitado com quadros e sofás. Há pessoas a falar e algumas comentam baixinho quando se apercebem de quem Louis é.
Ele puxa-me rapidamente para outro elevador e clica no botão quatro quando as portas se fecham. Desta vez estamos sozinhos e eu tremo ligeiramente.
- “O que me vais mostrar?”
- “Eu vou começar por te mostrar o meu gabinete.”
- “Tu tens um gabinete para ti?” –eu pergunto admirada.
- “Sim, o meu pai insistiu em eu ter um para me habituar a isto, apesar de eu quase nunca cá vir.”
Eu assinto levemente, ainda desconfortável com o nível de vida do meu namorado e da família dele. No entanto, eu sei perfeitamente que fui eu que quis isto. E eu continuo a querer.
- “Anda.”
Quando dou por mim, já estamos a andar por um corredor. Observo alguns sofás, umas máquinas de snacks ou café. Há várias divisões com trabalhadores. Passamos por isso tudo e Louis entra por outro corredor. Este já é mais calmo, não tem quase movimento e quando leio as placas das portas, percebo que é onde se encontram os gabinetes das pessoas mais importantes.
Louis para em frente a uma porta e eu leio a placa vermelha a dizer Louis Tomlinson. Ele mete a mão no bolso e retira um molho de chaves.
- “Louis?”
Nós olhamos ambos para o fundo do corredor e eu avisto Mark. Ele sorri-nos, com uma sobrancelha levantada, e um corpo sai por detrás dele. Um corpo de uma mulher. De uma mulher loira com um vestido curto e justo. Spencer.
- “Pai?” –Louis pergunta, confuso com a situação.
- “O que fazes aqui?”
- “Eu vim mostrar a editora à Savannah, eu avisei-te no outro dia.”
- “Ah, sim, claro. Esqueci-me.” –Mark corrige-se.- “Olá, querida.”
- “Hey, Mark.” –eu cumprimento-o e rapidamente volto para o pé de Louis.
- “Olá Lou.” –a voz da loira ouve-se.
- “Ahm, olá Spencer.” –Louis cumprimenta-a e eu engulo em seco.- “O que fazes aqui?”
- “Bom, o ringue de patinagem não me dá o dinheiro que eu preciso.”
- “A Spencer voltou a trabalhar para nós.” –Mark conclui.
- “Oh, a sério? Isso é bom.”
- “Pois é. De volta às origens. Como nos velhos tempos.”
Eu quase a mato com os olhos com o sorriso que ela dá para cima do meu namorado, que sorri forçadamente de volta. Eu fico contente por Louis não estar a corresponder à sua ex-namorada, que está a comê-lo com os olhos. E eu não gosto de usar este tipo de linguagem, mas é a verdade.
Imagens do Louis e da Spencer no verão passado, trancados no gabinete dela, em cima da secretária, aparecem na minha mente e eu engulo em seco, enquanto as afasto.
- “Eu tenho de ir, acabaram de me marcar uma reunião de última hora.” –Mark informa, enquanto olha para o seu telemóvel.- “Spencer, começas amanhã. Divirtam-se, meninos.”
- “Obrigada, Mark.” –eu e Spencer dizemos ao mesmo tempo.
O pai de Louis rapidamente desaparece pelo corredor e eu volto a olhar para a rapariga loira, que olha para o contacto entre mim e Louis, que estamos de mãos dadas.
- “Vocês namoram há quanto tempo?” –ela pergunta com um sorriso falso.
- “Quase três meses.”
- “Não é há muito.”
- “Já gostamos um do outro há seis.” –eu interrompo o momento e os olhares são todos postos em mim, que me encolho ligeiramente com vergonha.
- “Bom, só conta mesmo o tempo a que vocês são namorados.”
- “Não necessariamente.” –eu riposto.
- “Para mim é.”
- “Mesmo assim, foi mais tempo que vocês os dois.” –eu digo e Louis arregala os olhos, enquanto Spencer engole em seco.
- “Savannah.” –o meu namorado range entre dentes.
- “Oh, deixa, Lou.” –Spencer sorri.- “A minha relação com o Louis foi há imenso tempo, não te precisas de preocupar.”
- “Eu não disse que me preocupava.” –eu riposto.- “E não foi assim há tanto tempo.”
- “Não precisas de ter ciúmes de mim.”
- “Eu não tenho ciúmes de ti, porque haveria de ter?”
- “Foi o que deste a entender.”
- “Eu não tenho. Caso não tenhas reparado, ele está comigo agora.”
- “Caso não tenhas reparado, ele está contigo porque nós já fizemos mais coisas que vocês.”
- “Ok, parem as duas. Savannah, vamos.” –Louis interrompe e puxa-me.
- “Não, a sério, eu vou ficar.” –eu largo-me do seu aperto.- “O que é que ele já fez mais contigo que não fez comigo? Deixa-me adivinhar, fodeu-te no gabinete dele? O que te garante que ele não me vai fazer o mesmo agora?”
O meu namorado engasga-se com o meu discurso e Spencer dá uma gargalhada.
- “Querida, se tu soubesses de tudo o que nós fazíamos no gabinete dele, de certeza que não te preocupavas com as nossas relações sexuais.”
Eu engulo em seco e ela dá-me um sorriso falso, enquanto ajeita o seu vestido e põe a sua mala preta ao ombro.
- “Foi um prazer ver-te, Lou.” –ela diz e afasta-se.
- “O nome dele é Louis.” –eu rosno-lhe ela continua o seu caminho.
Ela finalmente desaparece e o meu namorado olha para mim irritado, que encolho os ombros. Ele volta a pegar nas chaves e abre a porta branca, entrando e fazendo-me segui-lo.
- “O que raio te passou pela cabeça?” –ele pergunta, quando fecha a porta.
- “Ela provocou-me, eu apenas respondi.”
- “Ela não te provocou, tu provocaste-a.” –ele riposta, enquanto pousa as chaves na secretária.
- “Eu não provoquei!”
- “Provocaste, porque começaste com os teus ciúmes estúpidos!”
- “Eu não tenho ciúmes dela!” –eu grito.- “Ou devia ter?”
- “Não.” –ele suspira.- “Eu estou contigo, mas tu não podes apenas tratar assim a Spencer, ela não te fez mal nenhum.”
- “Ela é que mandou palpites sobre a nossa relação.”
- “Tu é que começaste. Aliás, tu podes ver o quão exageraste quando lhe atiraste à cara que eu ia fazer sexo contigo aqui. Isso não é uma coisa vinda de ti.”
Eu suspiro e ele aproxima-se, fazendo-me encostar a cabeça no seu peito.
- “Desculpa, mas ela irrita-me.”
- “Está tudo bem.”
- “O que é que vocês fizeram mais daquilo que me contaste?” –eu murmuro e ele suspira.
- “Eu não to vou contar.”
- “Porquê?”
- “Porque te vai magoar, e é preferível não saberes. Apenas esquece isto.”
- “Promete-me que vais fazer comigo tudo o que fizeste com as outras raparigas.” –eu digo, olhando para ele.- “Eu não suporto o facto de elas terem sempre algo para jogar contra mim.”
- “Eu não vou fazer isso.”
- “Porque não?”
- “Porque eu fiz-lhes coisas que era incapaz de te fazer. Eu amo-te, ok? Não interessa quantas raparigas eu tirei a virgindade ou quantas vezes eu fiz sexo com a Spencer neste gabinete. É de ti que eu gosto.”
- “Isto era tudo muito mais fácil se tu fosses novo nestas coisas, como eu.”
- “Não metia piada. Achas que se eu fosse novo, dar-te-ia um orgasmo na tua primeira vez?”
- “Ok, acabou a conversa.” –eu reclamo, envergonhada.
- “Fala quem atirou à cara da Spencer que ia ter sexo neste gabinete comigo.”
- “E eu vou ter. Não hoje, mas um dia.” –eu encolho os ombros e ele sorri.
- “Podes ter a certeza que vais.” –ele vira-me de costas para ele e agarra-me na cintura, enquanto baixa a sua boca até ao meu ouvido.- “Vamos começar por aquele sofá ali. E depois vamos para o chão, depois naquela cadeira. E por último, na secretária.”
- “Louis.” –eu mexo-me desconfortável.
- “Eu amo-te.” –ele diz, virando-me de frente para ele.- “E tu podes jogar isto na cara de qualquer outra rapariga.”