- “Eu vou buscar algo para bebermos.” –Louis avisa-me e eu assinto.
O meu namorado levanta-se, deixando-me sozinha sentada numa das mesas do Ron’s. São quatro da manhã e eu estou cansada de dançar, portanto viemos sentarmo-nos um pouco. Alex e Madison já saíram do bar há algum tempo e Liam e Danielle ainda andam por aí.
- “Olá.”
Eu olho para cima e avisto Sandy. Engulo em seco e ele senta-se na cadeira onde estava Louis.
- “Eu pensei que já tivesses ido embora.” –eu admito, nervosa.
- “Ainda não.” –ele responde e eu assinto.- “Estás aqui sozinha?”
- “Não propriamente.”
- “Deixa-me adivinhar, os teus amigos estão na pista de dança?” –ele pergunta e eu assinto de novo.- “Como vai a escola?”
- “Bem. E tu, galeria em Liverpool?”
- “Sim, aquilo é fantástico.”
- “Fico contente.” –dou um sorriso forçado.
- “Não, tu não ficas.” –ele riposta e eu olho-o confusa.- “Tu és amiga do Alex, deves odiar-me neste momento.”
- “Eu não te odeio, Sandy. Eu nem sequer tenho a ver com as vossas zangas. Eu apenas achei que tiveste uma má atitude, mas são coisas entre vocês.”
- “Ainda bem, tu és uma rapariga cinco estrelas.”
Eu assinto com um pequeno sorriso e ele dá um gole no seu copo.
- “Estou a interromper algo?”
Quando avisto Louis, mexo-me desconfortavelmente na cadeira e ele puxa outra, de modo a se juntar a nós na mesa.
- “Olá, Louis. Estava só a falar com a Savannah.”
- “Posso saber o assunto?”
- “Nada de mais, contar as novidades.” –Sandy encolhe os ombros enquanto me sorri.
- “Oh sim, conta-me sobre Liverpool. Namoradas?”
- “Não.” –Sandy responde rapidamente e volta a olhar para mim.- “Eu não consegui tirar certos momentos da minha cabeça, nestes três meses.”
Eu engulo em seco e o meu coração acelera, assim como o meu corpo começa a tremer ligeiramente.
- “Desculpa?” –Louis mete-se.- “Não estou a entender.”
- “Até estou a estranhar o Alex não ter contado o que viu a toda a gente e gozar, ele adora fazê-lo.”
- “Sandy.” –eu aviso-o calmamente, eu acho que ele não está a perceber que é o único a brincar.
- “Foi só um beijo, Savannah, não dramatizes.”
- “Que caralho?” –Louis explode e levanta-se da cadeira.
- “Meu, calma.” –Sandy levanta os braços.- “Eu sei que gostas dela, já gostavas dela antes, e mesmo assim ela beijou-me, portanto.”
- “Do que raio ele está a falar?” –Louis pergunta-me e eu engulo em seco.
- “Eu…”
- “Wow, não a trates assim.” –Sandy interrompe-me e eu suspiro.
- “Desculpa? Tu não podes voltar da merda da tua galeria a pensar que podes inventar mentiras sobre ti e a minha namorada.”
- “Namorada?” –Sandy olha para mim e eu assinto.- “Vocês namoravam quando nós…?”
- “Não.” –eu apresso-me a responder.
- “Calma, quando vocês o quê?”
- “Eu e a Savannah beijámo-nos. Vocês não tinham nada, portanto não armas escândalo.”
- “Tu beijaste-a?” –Louis rosna e eu levanto-me, assegurando a distância entre eles.
- “Ela beijou-me de volta. São precisos dois para o fazer.”
Louis tenta aproximar-se e eu impeço-o com o meu braço.
- “Louis.” –eu aviso.
- “Diz-me que ele está a mentir.” –ele olha para mim e eu baixo a cabeça.
- “Porque não perguntas ao Alex? Ele é capaz de te dizer o quanto ela gostou daquilo, visto que ele nos interrompeu.”
Quando Louis se volta a tentar aproximar, eu empurro-o para longe. Ele arregala os olhos e eu pego-lhe no braço, puxando-o para fora do bar.
- “Tu não podes arranjar confusão sempre que cá vens!” –eu repreendo-o, quando chegamos à rua.
- “Tu beijaste-o?” –ele grita comigo.
- “Desculpa.” –eu sussurro.
- “Tu beijaste o caralho do Sandy! Como queres que te desculpe?”
- “Nós não tínhamos nada na altura.”
- “Tu prometeste-me que não ias sair com ele, e beijaste-o, que é mil vezes pior. E na passagem de ano tu garantiste-me que ele não tinha tentado nada, achas que eu te iria beijar sabendo que ele o fez dias antes?”
- “Isso não interessa, eu não senti nada por ele e nós nunca mais nos falámos.”
- “Eu não quero saber disso, tu mentiste-me.”
- “Ele beijou-me e eu estava frágil e deixei-me levar pelo momento.” –tento defender-me.
- “Tu deixaste levar-te pelo momento? Então se agora uma rapariga me beijasse, eu podia apenas levá-la para a cama que não fazia mal, certo Savannah? Afinal eu estou só a deixar-me levar pelo momento!” –ele grita, ironia evidente na sua voz.
- “Para de trazer outras pessoas para a conversa!”
- “Lamento tu não aguentares o facto de usar outra rapariga numa estúpida comparação. Eu tenho de aguentar o facto que tu tenhas beijado o Sandy.”
Ele vira-me costas e começa a caminhar em direção à mota, fazendo-me segui-lo. Eu estou quase a correr para conseguir apanhar os seus passos rápidos e o sentimento de culpa por ter correspondido ao beijo de Sandy cresce no meu corpo cada vez mais.
- “Louis, tu estás a ser estúpido.” –eu repreendo, quando chegamos à mota.
- “Senta-te, eu vou levar-te a casa.”
- “Vais apenas ignorar-me?”
- “Sim, porque se eu não o fizer tu vais ouvir coisas que não queres!” –ele grita e eu calo-me, engolindo em seco.
- “Eu gosto de ti.” –sussurro.
Louis não me responde, o que faz com que eu comece a sentir as lágrimas a formarem-se nos meus olhos. Eu odeio ser sensível e chorar por tudo e por nada. Ele senta-se na mota e eu atrás dele, rodeando a sua cintura, eu aperto-o e ele arranca.
O caminho até minha casa é silencioso e eu odeio estar assim com ele. Quando chegamos, eu saio da mota e Louis olha para mim.
- “Eu só beijei o Sandy de volta porque naquela altura eu gostava de ti e pensava que tu não querias nada comigo. Não sei o que me deu, apenas…” –calo-me, sem saber o que dizer, e ele suspira.
- “Não tentes arranjar desculpas para o que fizeste.”
Assinto levemente e ele suspira novamente. Odeio isto.
- “Quando saí a correr do bar depois, eu só conseguia bater-me interiormente por causa do que fiz e eu só conseguia desejar para que tivesses sido tu, a beijar-me.”
- “De todos os rapazes do mundo, tu fizeste-o com o Sandy. Pior que ele só com o Harry ou o Zayn. Tu sabias perfeitamente o que eu achava dele, eu até te disse para não saíres com ele.”
- “Eu sei, desculpa.”
- “Eu sei que não tenho motivos para estar chateado contigo, visto que nós não tínhamos nada na altura. Mas eu estou em choque.”
- “Eu sei, eu compreendo.”
Ele assente levemente e eu dou-lhe um beijo no canto do lábio.
- “Eu amo-te.” –digo e ele dá um sorriso fraco e forçado.
Viro costas e caminho até à porta de minha casa. Tiro as chaves da mala e abro-a. Quando entro, aceno a Louis e ele arranca. Suspiro e fecho a porta de casa. Caminho até ao meu quarto e fecho a porta. Retiro os meus sapatos, e mando-me para cima da cama. O dia não me podia correr pior.
Tiro o meu telemóvel da mala e vejo duas chamadas não atendidas de Sandy. Decido ignorar e abro uma mensagem em limpo para Louis.
*Quando quiseres falar comigo, liga. Não quero ser chata ou assim… Desculpa.*
Suspiro e ponho o telemóvel a carregar. Tenho de dormir para ver se esqueço isto tudo.
***
Eu suspiro quando a campainha de minha casa toca. É o primeiro dia de férias que passo em casa sozinha, visto que Niall foi para casa de Zayn, e não posso estar descansada. Ainda por cima, estou de extremamente mau humor porque Louis ainda não me disse nada desde ontem e eu tenho medo do que ele possa estar a fazer neste momento.
O meu medo vai embora, quando eu abro a porta e o vejo. Um suspiro sai dos meus lábios e quando ele levanta a cabeça, eu engulo em seco. Os seus olhos estão vermelhos e ele tem um aspeto péssimo.
- “Louis?”
- “Nós temos… De falar.” –ele tenta aguentar-se em pé e eu reviro os olhos.
Ajudo-o a entrar e fecho a porta de casa, caminho junto a ele para o sofá e sento-o, enquanto ele olha para mim.
- “Eu odeio o The Notebook e eu odeio as vezes que me obrigas a ver.” –ele refila, quando vê o filme que estava a ver.
- “Tu estiveste a beber?”
- “Talvez.” –ele encolhe os ombros e eu reviro os olhos novamente.
Vou até à cozinha e encho um copo com água. Volto à sala e entrego-lhe, o que o faz levantar uma sobrancelha.
- “Para que é que quero isso?”
- “É melhor do que estares nesse estado.”
- “Bom, a bebida é melhor do que tu.” –ele riposta e pega no copo, bebendo-o.
Ele pousa-o na mesa e eu sento-me ao seu lado no sofá, o que o faz olhar para mim.
- “Eu odeio-te.” –ele choraminga, caindo para cima de mim.
- “Louis.”
- “Neste momento nós podíamos estar a foder neste mesmo sofá e estamos chateados porque tu beijaste o Sandy.”
- “Tu és terrível bêbado.” –eu reviro os olhos.
- “Atura-me.” –ele ordena, enquanto olha para mim.- “Por favor. Atura-me.”
Eu arregalo os olhos quando ele se encosta ao meu ombro, e me dá um beijo no pescoço. Ele é bipolar ou assim?
- “Ok, acalma-te.” –eu digo, afastando-o.- “Porque raio foste beber às quatro da tarde?”
- “Porque eu não conseguia tirar da cabeça a imagem do estupido do Sandy a sorrir enquanto me contava que te tinha beijado e que tu tinhas gostado.”
- “Isso é estúpido.”
- “Eu quero ficar aqui contigo.” –ele pede, deitando-se no sofá, com a cabeça no meu colo.
- “Tu tens sorte que a minha mãe e o Niall não jantam hoje.”
- “Tu vais tomar conta de mim?”
- “Tenho remédio?”
- “Tu és a namorada perfeita.” –ele dá um sorriso.- “Exceto o facto de teres beijado aquele caralho.”
- “Louis.” –eu suspiro.
- “Eu beijo melhor do que ele?”
- “Tu e a tua estúpida bebedeira estão a irritar-me.”
- “Se não me tivesses magoado eu não teria ido beber.” –ele riposta e eu bufo.
- “Tenta dormir.”
- “Eu não vou adormecer.”
- “Ok, eu vou apenas continuar a ver o filme.”
Ele suspira e eu clico no play. Não chegam a passar dez minutos quando ele adormece com a cabeça no meu colo e eu suspiro, continuando a ver o filme.
***
- “Savannah?” –eu ouço a voz do Louis e ele entra na cozinha.
- “Já acordaste?”
- “Mais ou menos. Que horas são?”
- “Quase oito.”
- “O que é que eu vim para aqui fazer?” –ele pergunta baixinho.
- “Tu vieste recordar-me do mal que fiz em beijar o Sandy.” –eu respondo.- “Toma.” –eu digo, enquanto lhe passo um comprimido e um copo de água.
- “Obrigado.” –ele toma e devolve-me o copo.- “E desculpa, eu não me lembro mas tenho a certeza que fui um cabrão.”
- “Não foste. Tu não disseste mentira nenhuma, de qualquer das maneiras.”
- “Disse algo que te magoou?”
- “Não. Aliás, tu és bastante divertido quando estás bêbado.” –eu comento e ele solta uma gargalhada.
- “Sou?” –ele sorri de lado.
- “Sim, és irritante e bipolar, mas divertido. Eu adorei a experiencia.”
- “Eu fui muito vergonhoso?” –ele pergunta, com medo da resposta, e eu rio.
- “Tu disseste várias coisas gays.”
- “Foda-se.” –ele suspira e eu rio de novo.
- “Eu não vou gozar com elas.”
- “Obrigado então.” –ele sorri.- “Eu ainda estou chateado.”
- “Eu sei.” –concordo e ele assente.- “Tu queres comer alguma coisa?”
- “Eu posso comer uma sandes ou assim?”
- “Claro, há sopa, queres?”
- “Pode ser.”
Eu assinto e retiro o tacho da sopa do frigorífico, pondo numa tigela mais pequena e ponho a aquecer.
- “Não voltes a beber a meio da tarde.” –eu peço calmamente.
- “Nem sei o que me deu, para ser sincero.”
- “Nem eu, tu não és assim.”
- “Eu sei, estava apenas passado.”
- “O que eu e o Sandy tivemos, se é que tivemos algo, nunca significou nada para mim. Eu sempre gostei de ti.”
O micro-ondas apita e eu retiro a tigela, entregando-a a Louis, enquanto ele se senta a comer.
- “Eu sei que tu gostavas de mim na altura, não é por isso que estou chateado.” –ele volta ao assunto.- “Estou chateado porque me mentiste. Durante estes meses todos tu fizeste-me acreditar que tinhas posto o Sandy na linha, e no entanto andavas a beijá-lo nas minhas costas.”
- “Quem te ouvir falar parece que foram muitas vezes.”
- “Eu não quero saber de quantas vezes foram.”
Eu suspiro e assinto levemente. O meu telemóvel toca e eu desligo ao ver o nome de Sandy. Reparo que Louis reparou e eu suspiro, pior altura para ele ligar.
- “Ele tem-te ligado?”
- “Ele não ligou durante os três meses que foi para Liverpool, mas desde ontem que me está a ligar, e eu estou a recusar sempre.”
- “Porque não atendes e vês o que ele quer?”
- “Não me interessa o que ele quer, não há nada do que ele possa dizer que me interesse.”
- “Ok então.” –ele assente e leva outra colher de sopa à boca.
O meu telemóvel toca mais uma vez e Louis retira-o da minha mãe, atendendo.
- “Estou?” –ele começa a falar.- “Sim… É o Louis, não percebes?... Não, não posso… É bom que te afastes dela, se não vamos ter problemas… Bom, eu sou o namorado… Porque não voltas para a tua merda de galeria e a deixas em paz? É que nem o Alex te quer aqui portanto…” –eu engulo em seco quando ele fala do Alex e continuo a ouvir a chamada.- “Parece que não amigo, se tu reparares a miúda que tu beijaste é agora minha namorada e o teu melhor amigo é agora meu. Parece que não fui eu quem saiu a perder… Claro, adeus.”
Louis entrega-me o telemóvel e eu engulo em seco, olhando para ele.
- “O Sandy está a caminho de Liverpool, e não te vai chatear mais.” –ele informa e eu assinto.
- “O que fizeste?”
- “Meti-o na linha, alguém tem de o fazer.”