[80] Término.

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Em junho.

Eu e Nina terminamos depois de termos os melhores meses juntos. Ela simplesmente se sentou ao meu lado e terminou comigo. Ela se sentou ao meu lado e disse palavras que argumentaram tão bem quanto a permanência do nosso relacionamento durante meu ano da faculdade, que eu não sabia fazer outra coisa, senão chorar. Em resumo, o que Nina disse fora que eu merecia a chance de ir para Verisya livre, sem que ela estivesse me amarrando à Gaya. Eu não concordei com nada, mas não havia o que fazer. Ela tomara sua decisão.

Agora, estou com o rosto molhado, os olhos inchados e o coração partido em mais pedaços que dá para contar. Natalie, sentada ao meu lado no primeiro degrau das escadas da varanda de sua casa, não sabe muito o que dizer, apenas concordar com a decisão de Nina.

— Eu sinto muito, Adam. — Ela afaga meu braço. — Sinto muito, mas eu faria o mesmo. Sendo insegura como ela, eu certamente faria o mesmo.

— Ela não entende, Nat. Não entende que eu quero ficar com ela. Que não há chance de eu conhecer ninguém na faculdade que me faça sentir como ela faz. Ninguém nesse mundo pode.

Natalie suspira.

— Eu sei, Adam, mas de nada irá adiantar tentar dizer isso a ela. — Diz. — Volte em um ano, decidindo se irá ficar lá ou voltar para Gaya e, bem, é só um ano.

Não é só um ano. É um ano inteiro. Todo ele sem os beijos, os abraços, o cheiro, os olhos, o amor, os toques... tudo. Tudo isso distante de Nina, o amor da minha vida.

— Eu posso ser um babaca e arranjar um pessoa ciente para fazer ciúmes nela.

— Ainda bem que sabe que isso é babaca e só irá aumentar a insegurança dela. Por isso não irá fazer essa merda.

— Não, não irei. — Suspiro. Óbvio que nunca faria nada que magoaria Nina. — Eu só queria que as coisas fossem mais fáceis, Natalie.

— Mas elas não são. As coisas não são fáceis e tudo o que nos resta é aceitá-las e enfrentá-las. Ou você pode só aceitá-las.

— Não, não posso. Não posso me conformar com isso quando tenho tudo o que mais amo em jogo. — Murmuro para Natalie. — Eu não posso.

— Então volte. Volte inteiro para ela. Só para ela.
 
 
Depois do que Natalie disse, voltei para casa para arrumar minhas malas. Precisaria ir para Verisya uns meses antes para resolver pendências sobre apartamento, a faculdade e outros.

Quando chego em casa, subo direto para o quarto, mas então vejo no corredor, Tori sentada ao lado da porta d'A Torre.

— O que faz aí?

— Nina se trancou lá dentro. Ela não irá fazer nada de errado, mas estou aqui por via das dúvidas. Consigo ouví-la chorar, então está viva.

Ah. Nina chorando um dos meus piores pesadelos.

Bato na porta da torre. O barulho de choro cessa por uns instantes.

— Mãe, eu já disse que quero ficar sozinha. — Sua voz embargada grita. Olho de soslaio para Tori, que suspira.

— É o Adam.

Ela fica em silêncio por alguns minutos antes de responder. Sua resposta é abrir a porta para mim e me puxar para dentro. Ouço Tori xingar do lado de fora, porém não rio, como habitualmente faria. Não consigo rir agora.

Subo as escadas atrás de Nina. Vejo uma manta ao lado de uma garrafa de vinho aberta, quase na metade.

— Não estou cem por cento sóbria. Talvez seja por isso que eu tenha me arrependido. — Murmura ela, voltando a se sentar e jogando a manta nas costas. Pega a garrafa e leva de volta aos lábios lindamente rosados, mas antes que beba, retiro dela.

— Ei! Retiro o que disse. — Bufa. Fofa.

— Você está bem?

— Acabamos de terminar. Não estou nada bem. — Diz com aspereza.

— Quer que eu vá embora? — Indago.

— Não, só que fique longe.

Levanto-me e caminho até o outro lado da sala, sentando de costas para o espelho.
Ela parece péssima. Triste, de coração partido. Quero chorar tanto quanto Nina chora agora.

— Eu te amo, Adam. Eu te amo tanto que quero que você seja tão livre, que me dói. — Murmura em lágrimas. — Dói muito.

— Você me deu um ano. Acredite em mim, em um ano eu estarei de volta para você. — Minha voz embarga, mas consigo controlá-la. — Só para você.

— Não precisa.

— Eu quero. Tivemos meses incríveis desde janeiro. Fizemos um ano de namoro transando contra aquele piano depois de beber uma garrafa inteira de vinho. Fomos à praia e construímos castelos de areia ridículos. Dançamos aqui, na rua, no parque, no baile da escola de novo. Nos beijamos em todo santo lugar dessa cidade. E tudo o que fizemos foi mágico, extraordinário. — Digo. — Nada, Nina. Absolutamente nada supera o sentimento que eu tenho quando estou com você. Então tudo bem se você quer que eu vá para a faculdade, conheça outras pessoas e tente ver se alguém consegue me fazer sentir metade do que você faz, mas acredite em mim, não vou achar nada disso em nenhum lugar no mundo, senão aqui.

Ela permanece em silêncio, chorando baixo com a manta pressionada contra a boca.

— Você pode ter certeza de que eu não conseguirei se eu decidir ficar os quatro anos e me formar em Verisya, ainda sim, a primeira coisa que eu farei quando pegar aquele diploma de merda será pegar o primeiro trem para Gaya para poder vir aqui e te beijar. Te beijar e fazer amor com você até você dizer para mim que não aguenta mais eu beijando você e te tocando.

Nina continua ali, inerte.

— Respeito sua decisão e a entendo. A minha decisão é fazer o que você quer sabendo que, no final, terei você de volta. Meu único medo é que você encontre alguém.

Ela finalmente muda a expressão e gargalha. Uma gargalhada bêbada gentil.

— Que merda você tá falando? Eu?

— Sim, você.

— Eu te amo, Collins. Amo de um jeito incompreensível, insano. Ninguém conseguiria me tirar de você nem que isso acabasse requerendo qualquer feitiço proibido do mundo ou intervenção divina. Eu sou sua, Adam. Somente sua. Desde sempre e para sempre.

— E eu sou seu, Nina. Somente seu. Desde sempre e para sempre.
 

*


Oi, gente. Penúltimo capítulo do primeiro livro. Espero que já tenham adicionado o segundo, "A Distância Entre Nós" à biblioteca para não perderem nada. A introdução já está postada, então já podem ir até lá.

Ah, mais uma coisa! Iniciei uma nova história chamada "Onde o Oceano Não Nos Alcança", que em muito se assemelha a essa aqui. Então deem uma olhada para experimentarem coisas novas e velhas.

Um beijo!

L.

O Silêncio Entre Nós Onde as histórias ganham vida. Descobre agora