[14] Ataque de pânico.

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Após o teste de história, peço para ir ao banheiro. Caminho em direção pelo corredor e passa pela minha cabeça permanecer lá por algum tempo para aliviar a tensão de não saber se me saí bem.

Passo pela sala de Nina e, através da janela transparente na porta, não a vejo. Sim, olhei os horários dela essa manhã por um motivo que me é desconhecido e agora ela tem aula de artes, mas não está na aula. Será que houve algo? Estranho, o que me faz querer saber onde diabos ela está. Talvez ela esteja no banheiro, mas não consigo enxergar sua mochila na sala, então fico um pouco preocupado.

Bato na porta da sala e o professor Harry, um homem alto e esguio, olha para mim.

— Sim, sr. Collins? — Ele diz, claramente confuso.

Toda a atenção da turma é voltada para mim. Sinto-me desconfortável.

— Estou procurando a Nina. Nina Davis. — Comento, desviando meu olhar dos alunos para ele.

— A muda de olhos verdes? — Ele arqueia as sobrancelhas.

Ele usa a palavra de uma maneira pejorativa. Um docente fazendo isso me parece ridículo.

— É uma garota de olhos verdes. — Reviro os olhos discretamente.

— Ela foi a enfermaria. Não se sentia bem. — Ele dá os ombros. — Está atrapalhando minha aula, sr. Collins.

— Perdão, já estou saindo. — Digo, soltando um suspiro e três garotas acenam para mim, mas não as conheço.

Desço as escadas em direção a enfermaria e ouço barulho de respiração irregular do seguinte lance de escadas. Quando chego para ver, preocupado, enxergo Nina. Ela está sentada na parte plana que da para o segundo lance de escadas, encostada na parede, com suas pernas cobertas por uma meia-calça preta, ligeiramente flexionadas, agarrando sua mochila amarela com força e... porra, ela está chorando. Limpa seus rosto com a manga do seu casaco cinza e seus olhos verdes — que se encontram vermelhos — são direcionados a mim. Suas mãos tremem e sua respiração está irregular. Eu não sei o que fazer, mas sei que ela está tendo um aparente ataque de pânico e é assustador. Tinha dessas quando eu era pequeno quando o professor mandava falar para a turma, mas não tenho mais.

— Nina... — Seu nome sai como um sussurro e abaixo-me em sua frente.

Ela me olha nos olhos e eu vejo pavor. Tento fazer como minha mãe fazia e pego ambas as suas pequeninas mãos e acaricio. Minha mãe fazia isso pra esquentar minhas mãos e elas pararem de tremer, e sempre funcionou. Aparentemente está funcionando, porque suas mãos tremem menos. Ela está se distraindo do que a apavora e focando em como eu seguro suas mãos.

Inclino-me e solto minhas mãos para pôr o cabelo atrás da sua orelha. Em seguida, passo meus dedos por debaixo dos seus olho, lipando a área úmida. Sua respiração está voltando a ser regular.

— Quando eu era pequeno, minha mãe fazia essas coisas quando eu tinha ataques de pânico e eu melhorava rápido. No final, ela me dava um abraço. Você se importa? — Pergunto com um pequeno sorriso.

Minhas mãos ainda seguram seu rosto pálido com um olhar ainda assustado.

Nina nega com a cabeça, permitindo. Sento-me ao seu lado e passo meu braço pelo seu ombro. Puxo seu corpo pra mais perto do meu e ela treme como se ninguém nunca a tivesse tocado. Nina respira fundo por uns instantes e suas unhas embatem contra seu joelho coberto pela meia calça.

— Podemos conversar? — Questiono, tentando olhar pra ela. Nina assente.

Tudo o que for possível ser feito para distraí-la do medo.

O Silêncio Entre Nós Onde as histórias ganham vida. Descobre agora