63 | Shower.

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Ligo a água morna para encher a banheira enquanto dispo-a. Nina está sentada sobre o vaso, observando-me arrumar o banheiro com os grandes olhos verdes atentos.
Tomo muito cuidado com o seu braço, que por mais que já esteja curado, ainda tenho medo. Nina me ajuda a tirar a sua blusa com cuidado, enquanto não para de olhar pra mim com aquele olhar que não consigo entender.
Prendo seu cabelo num rabo de cavalo e arrumo os fios para não molhar.
Eu ainda não entendo o seu olhar atento, mas não digo nada, só tomo cuidado para não machucá-la mais. Tiro seu sutiã e puxo as alças pelos braços com calma e cautela, olhando para o seu rosto.

⠀⠀— Segure-se no meu ombro, ok? — Falo baixo, para que só ela ouça. Ela assente, olhando-me.

Nina se apoia em meu corpo, mantendo-se firme sobre uma perna só. Tiro seu short e calcinha. Ela fica nua e eu respiro fundo, tentando não pensar muito no seu lindo corpo nu bem na minha frente. Nunca, em toda a minha vida, vi algo mais bonito que o corpo e a alma dessa garota.
Ajudo-a a adentrar à banheira sem molhar a sua bota, que fica sobre a beirada da banheira.
Sento-me em um banco do lado de fora, bem perto da banheira para conseguir ajudá-la melhor no banho. Ela não conseguiria fazer isso sozinha com as limitações que tem agora

Tori viajou para Tókio com o meu pai e Margot está fazendo o almoço com a Abby. Ela nem queria que eu ficasse cuidando dela e arranjou milhares de desculpas para eu não gastar as minhas férias com a minha namorada, mas nada me impediria de ficar com ela esse tempo que ela precisa das pessoas aqui. Quero que ela se sinta a pessoa mais amada do universo, porque ela é.

Nina deita a sua cabeça levemente na borda da banheira, olhando-me. Seu corpo está imerso na água com pouca espuma. Não consigo ver muito além dos seus ombros, rosto e a perna para fora da banheira. É a visão do paraíso.

Pego a esponja e passo levemente em seu braço, com toda a cautela do mundo, temendo magoá-la de alguma forma. Nina parece simplesmente entregue e sem nenhuma vergonha enquanto minha mãos percorrem absolutamente todas as esquinas do seu corpo, deixando-a limpa. Ela, em nenhum momento, tira os olhos dos meus e isso me deixa louco. Ela acompanha cada pormenor e seu corpo se arrepia com pequenos toques na sua pele; toques inocentes, juro.
Passo água em seu rosto e meu toque faz com que ela feche seu solhos e entreabra seus lábios rachados e rosados. Eu não consigo lidar com os olhos verdes me olhando como se eu fosse a coisa mais importante do mundo; não consigo lidar com os olhos dela fechados porque que que ela está sentindo como se fosse a coisa mais importante do mundo. E é.

⠀⠀— Você me toca como... — Ela sussurra, mas para.

⠀⠀— Como o quê? — Acaricio seu rosto.

⠀⠀— Como se qualquer toque forte fosse me quebrar. — Ela abre os olhos. É o verde mais intenso que já vi em toda a minha vida.

⠀⠀— Você... seu corpo, é uma obra de arte. Como duas pessoas malucas conseguiram fazer algo tão extraordinário? — Aproximo meu rosto do seu.

⠀⠀— Seus pais devem saber. — Ela aproxima mais o rosto do meu. — Continua, por favor. Eu gosto das suas mãos em mim.

⠀⠀— Já é hora de sair. Está limpa. — Beijo a sua testa.

Nina se levanta com a minha ajuda. Seu corpo nu, delineado, perfeito está pingando no azulejo do banheiro iluminado pela luz do dia. Eu consigo ver cada pequeno detalhe que me passou despercebido nas ultimas vezes que a vi sem nada e todos esse detalhes são fascinantes. Simplesmente lindos. O corpo dela me deixa sem fôlego.

Seco seus braços com cuidado, seu tronco sem intensificar nenhum toque, suas pernas e partes íntimas sem querer demonstrar segundas intenções no momento.
Visto-a com toda a calma que posuo, como se tivéssemos todo o tempo do mundo. E ainda acho que temos, e eu gosto de ir devagar e tocar sua pele lentamente, como uma dança que é boa de se dançar.

Quando Nina está vestida apenas de calcinha e com uma blusa minha, coloco a tipoia novamente. Solto seu cabelo longo assim que a sento na sua cama. O penteio até as pontas estarem completamente desembaraçadas e que ela esteja livre de incômodos. Como sei que Nina gosta de passar hidratante, enquanto ela passa o desodorante, eu passo o creme nas suas pernas.

⠀⠀— Eu realmente não consigo lidar com você com as mãos sobre mim o tempo inteiro. — Sua voz é rouca. Eu rio por saber da reação que tenho sobre o seu corpo.

⠀⠀— Não vou fazer nada com você enquanto estiver assim. Posso te machucar mais e eu não quero isso. — Puxo a sua blusa um pouco para cima para passar na sua barriga. Gosto de apertá-la; gosto dessa sensação dos meus dedos pressionando a carne quente e sensível dela.

Eu não sei se já disse, mas eu me perco no corpo dela. É espetacular

⠀⠀— É um castigo por eu ter feito o que fiz? — Deixo a blusa cair sigo para o braço.

⠀⠀— Sim, pervertida. — Sorrio. — Não quero que use isso como escapatória para se distrair disso ou me distrair disso. — Acaricio o pele. — Isso... Esse amor que fazemos, é especial e é para que você me tenha o mais perto de você e para que eu te tenha o mais perto de mim. Não para fingir que nada aconteceu. Aconteceu, Nina.

⠀⠀— Eu sei. — Ela murmura.

⠀⠀— Quando você quiser falar sobre isso, eu estarei aqui. — Beijo a sua testa novamente. — Como eu sempre vou estar.

⠀⠀— Eu te amo.

⠀⠀— Eu te amo. — Beijo seus lábios levemente. — Vamos assistir um filme no meu quarto? O que acha?

⠀⠀— Vamos. — Ele abre um sorriso fraco.
 
 
Levo Nina para o meu quarto e nós passamos a tarde assistindo netflix na tv. Ela parece menos chateada e menos triste com os dias. Eu só não sei bem o que fazer.

O Silêncio Entre Nós Onde as histórias ganham vida. Descobre agora