49 | Best friend.

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| N i n a |
 
 
Minha cabeça dói; ainda são dez da manhã e tenho tantas aulas, que não aguento mais. Estou cansada.
 
 
⠀⠀— Nina! — Meu nome é chamado no corredor. Quando me viro, vejo Max. Ele parece desesperado. — Anna... ela...

⠀⠀— Cadê a Anna? O que aconteceu, Max? — Eu digo. Em momentos de desespero, sou mais propensa às palavras.

⠀⠀— Ela... vem. — Ele me puxo até o banheiro feminino e quando a vejo, fico ainda mais desesperada que jamais estive. Me abaixo, e verifico o pulso. Está fraco. O que eu foi fazer? — Pode ir chamar alguém? Algum professor, o diretor. Sei lá. — Ele grita e meu corpo treme, quando eu volto a correr para o corredor para ver se encontro alguém para nos ajudar. Então eu vejo Emery.

⠀⠀— Em! — Grito-a. É o que sai. Eu estou chorando tanto, soluçando tanto
Todo o meu corpo dói, assim como a minha cabeça.

⠀⠀— O que houve? — Ela arregala os olhos e vem até mim.
 
 
Pego a sua mão e também a levo até o banheiro feminino, onde Max tenta reanimar Anna. Eu estou com medo.
Emery se abaixa e pega Anna no colo. Max parece em choque com a situação.
 
 
⠀⠀— Nina, você vai sair agora e procurar a Emma. – Ela bufa.

⠀⠀— Ela não sabe dirigir. – Ele pisca os olhos freneticamente. Não sei o que fazer.

⠀⠀— Meu Deus. Chame o Adam. Eu não sei. Vá de bicicleta. Pelo amor de Deus. – Ela sai do banheiro com Anna nos braços e nos a seguimos. Eu ainda não sei o que fazer, senão chorar. – Vamos, Nina! – Srta. Hale grita e meu corpo treme com o choque da sua voz alta.
 
 
Eu beijo a testa de Anna, desacordada e corro até a saída do colégio, onde encontro minha bicicleta. O consultórios da dra. James não é tão longe daqui, mas é difícil demais chegar até lá quando estou desesperada, tento um ataque de pânico, chorando, tremendo. Eu devia ter pedido ajuda ao Adam, mas não quero tirá-lo da aula.

Eu fui muito negligente com a saúde dela. Ela me prometeu que comeria e que não se cortaria de novo. Ela jurou por tudo o que era mais sagrado. Foi promessa de dedo mindinho. Ela comia perto de mim; mesmo que não tanto quanto eu, mas comia. E eu me certificava de que ela não ía vomitar quando fosse ao banheiro. Ela prometeu. Ela jurou que nunca mais se deixaria sem comer de novo e eu acreditei. Eu devia ter contado a alguém; eu sou uma péssima amiga.

Adentro ao prédio e corro até a sala da dra. James, ignorando completamente a recepcionista.
 
 
⠀⠀— Dra. James? — Digo, abrindo a porta depois de bater.

⠀⠀— Entre, querida. — Ela diz, se virando para mim.

⠀⠀—  O que houve? — Ela arregala os olhos.

⠀⠀— Anna... ela... — Tenta dizer, mas os soluços não permitem.

⠀⠀— O que ocorreu com Anna? — Dra. James diz e eu sinto seu desespero.

⠀⠀— Ela está no hospital. — Desato a chorar, caindo de joelhos contra o chão.
 
 
Seus olhos se enchem de lágrimas e ela ajoelha à minha frente, abraçando forte meu corpo frágil. Meu coração se desfaz com a ideia que a Anna esta assim, porque eu não fui uma amiga melhor. Porque eu não contei para alguém e tentei fazer tudo por mim mesma. Agora, olhe para ela. Dessa vez, ela não quis acordar.
 
 
⠀⠀— Por quê? Nina, preciso que me diga o que Anna está fazendo no hospital. — Ela respira fundo, tentando controlar sua voz embargada.

⠀⠀— E-ela desmaiou. Anna tem anorexia, dra. James.  — Finalmente diz ao olhar para ela.
 
 
Eu vejo o mundo da Emma parar. Os filhos dela são tudo para ela. Tudo o que ela mais ama no universo e ela cuida deles como se fossem tudo o que ela tem. Eu acho linda a forma como ela cuida da Anna e do Ben, porque é como a minha mãe cuida de mim. E estar aqui, olhando-a desmoronar bem na minha frente, me lembra de quando a minha mãe desmoronou da mesma forma por mim. E dói.
 
 
⠀⠀— E-ela se corta? — Ela deixa as lágrimas caírem e respira fundo. Seus olhos se fecham com força, e ela teme a resposta.

O Silêncio Entre Nós Onde as histórias ganham vida. Descobre agora