35 | Fliperama.

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Levanto-me da carteira após o professor de química confirmar que posso beber água. Saio da sala e sinto os olhos de Natalie em mim. Temos a maioria das aulas juntos e eu odeio ter de ficar olhando para ela flertando com outros garotos propositalmente. E esse é mais um momento em que saio da sala para não ter de ficar olhando para ela afirmo como uma cabeça dura. Estou conhecendo uma nova Natalie; uma que não era assim.
Suspiro e fecho a porta ao sair, mas assim que olho para o final do corredor, vejo a professora Emery, de inglês e literatura, com Nina, que chora. Suas mãos estão tremendo e ela consegue usá-las para por seus oculos ma cabeça, puxando seu cabelo para trás. Meu coração afunda e meu instinto automático é me aproximar.


⠀⠀- Adam! - A srta. Hale chama por mim e eu não hesito em correr até elas e focar no nervosismo de Nina.

⠀⠀- O que houve? - Pergunto, abraçando Nina com força.

⠀⠀- Anna passou mal e acho que ela ficou nervosa demais por conta da amiga. Se importa em cuidar dela? - Srta. Hale afaga meu ombro.

⠀⠀- Não, tudo bem. - Eu acaricio o cabelo de Nina enquanto ela chora em meu moletom preto. - Obrigado. - Suspiro.

⠀⠀- Eu quem agradeço. - Ela sorri. - Fique bem, querida. - Emery beija o topo da cabeça de Nina e se afasta de nós.


Eu ainda a abraço forte antes de dizer algo. Alguns minutos depois, o sinal toca e Nina respira fundo e sobe seus olhos para olhar para mim. Eu beijo a sua testa e afago suas costas calmamente.


⠀⠀- Você quer conversar sobre a Anna? Ela está bem? - Eu digo com a voz terna.

⠀⠀- Não. Sim. - Ela responde e eu assinto.

⠀⠀- Quer fazer alguma coisa hoje? Para te distrair? - Indago calmamente. Ela hesita, porque eu aposto que quer dizer que não.

⠀⠀- Sim. - Ela responde e eu sorrio, surpreso. - O quê?

⠀⠀- Bem, eu soube que um fliperama que meu pai me levava quando eu era moleque reabriu essa semana. Que tal? - Eu sugiro, ainda sorrindo.


Não sei por quê, mas ainda a estou abraçando, com os braços ao redor do seu corpo pequeno e suas mãos ainda estão pousadas em meu peito, sobre meu moletom preto. Eu estou incondicionalmente confortável. Como jamais estive


⠀⠀- Tudo bem. - Ela assente. Uma das minhas mãos se move para limpar seu rosto imerso em lágrimas.

⠀⠀- Vou pegar a minha mochila e você pega a sua. Eu aviso à Margot.


(...)


⠀⠀- Tem tanta coisa aqui. - Eu suspiro, adentrando à loja. - Ainda é a mesma coisa.

⠀⠀- Sabe... jogar? - Ela pergunta com a voz baixa. É difícil de ouvir, porque o local é barulhento, mas muito reconfortante.

⠀⠀- Não bem. Não é porque sou um garoto, que sou bom e vídeogames, certo? - Eu rio e ela concorda assentindo. - Você sabe?

⠀⠀- Um pouco. - Nina afirma, divertida. Ao menos ela está se distraindo.

⠀⠀- O que quer jogar? - Eu balanço a cabeça.

⠀⠀- Luta! - Ela semicerra os olhos ao olhar para mim.

⠀⠀- Tem muito disso aqui. - Sorrio


Pego a mão de Nina para irmos ao destido de algum jogo de luta. Eu gosto de pegar a mão dela. É macia e pequena; se encaixa demasiado bem na mim, como se fossem peças de quebra-cabeça. E sempre que eu a toco, eu sinto a familiar corrente elétrica por todo o meu corpo. E eu me sinto bem quando acontece. Mas eu só peguei para não nos perdermos um do outro.
Compramos bastantes fichas na bilheteria e eu ponho todas no bolso do meu moletom, que fica puxado para baixo. Observo Nina prender o cabelo em um coque ao se sentar em uma das máquinas de fliperama que é de luta. Ela puxa as mangas do seu grande moletom até seus cotovelos e se inclina para frente. Ponho uma ficha na máquina e Nina se prepara para jogar. Eu a observo dar uma surra no outro lutador, fascinado. Seus olhos estão focados; ela nem olha para os botões, dos quais só retira as mãos para arrumar os óculos. Quando ela disse que jogava só um pouco, estava sendo modesta. Ela é simplesmente foda nisso.


⠀⠀- Você só sabe jogar "um pouco"? - Eu arqueio as sobrancelhas quando ela puxa todas as fichas que saem da máquina e se vira para mim, ainda sentada.

O Silêncio Entre Nós Onde as histórias ganham vida. Descobre agora