[73] Aguente firme, Nina.

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| A d a m |

Quando acordo já é noite. Nina não está mais ao meu lado e não há barulho algum. Margot já deve ter ido embora e Tori e Cody não chegaram.
Levanto-me e vejo que ela deixou seus óculos sobre a mesa de cabeceira. Chamo seu nome, mas ninguém responde.
Olho no seu banheiro e está vazio. Subo até a Torre, mas ela também não está lá. Entretanto, vejo as sapatilhas jogadas perto do piano e as ponteiras no centro da sala. Ela tentou usá-las.
Desço as escadas apressado até o corredor e quando passo pela porta do banheiro que fica de frente para o meu quarto, e a porta está fechada.

- Nina? - Chamo enquanto bato na madeira. - Nina? Amor, está tudo bem? - Silêncio.

Giro a maçaneta, mas a porta está trancada. Esmurro-a tentando fazer com que Nina fale. Afasto-me e arranco com o ombro sobre ela. A porta se abre num estrondo e tudo o que vejo é Nina caída no chão.
Meus olhos se arregalam e tudo o que consigo fazer é correr até ela. Balanço seu corpo em busca de alguma reação, porém Nina não move um músculo. Verifico sua respiração; esta fraca. Tento ao máximo reanimá-la.

- Nina, por favor. Nina, acorda. Acorda. - Balanço-a, chorando. - Nina... Não me deixa.

Ela não responde. Não acorda. Mal respira. O nó na minha garganta só cresce e minha visão fica turva de tanto chorar.
Pego seu corpo frágil no colo e corro pela casa até sair para o meu carro. Dirijo sem pensar até o hospital mais próximo. Tiro Nina do carro e a levo para dentro. A colocam em uma maca e a levam para longe de mim. Não percebi que estava tremendo e chorando mais que antes até uma enfermeira me colocar em uma sala com algum calmante na veia. Ela tenta buscar informações sobre mim e Nina, mas a voz não sai. Agora sei como é estar dentro da Nina por um instante.

- Nós vamos te dar um remédio para você ficar mais calmo. Seus batimentos estão preocupantes. - Diz ela.

- E-eu... eu preciso vê-vê-la. - Sussurro. A voz quase não sai.

- Nós vamos cuidar dela, querido. Prometo que ela vai ficar bem. - Ela passa a mão no meu ombro.

- Nina. Nina Davis. - Consigo dizer. - E-eu sou A-Adam Co-Collins. Namorado.

- Tudo bem, Adam. Precisamos do número dos seus responsáveis. Ou são maiores de idade? - Indaga.

- E-empresa... Da-davis. Go-ogle. - Murmuro.

O remédio está fazendo efeito. Minha respiração voltando ao normal, os músculos relaxando e meus olhos ficando pesados.

- A deixe viva. - É a última coisa que consigo dizer antes de adormecer na cadeira.

Quando acordo, Tori está acariciando meu cabelo com o rosto vermelho e molhado. Sento-me em busca de recuperar os sentidos e seu semblante se converte em um borrão aliviado.

- Como se sente? - Questiona.

- Bem. Onde está a Nina? Ela está bem? - Levanto-me subitamente.

- Estão cuidando dela. - Puxa-me de volta.

- Como te encontraram?

- A recepcionista nos ligou. Procurou a Davis no google e falou com a minha recepcionista. Cody não está na cidade. - Acaricia meu cabelo. - Quero saber se você está bem.

- Estarei se ela estiver. - Respiro fundo. - Prometi que iria cuidar dela. Eu sinto muito, Tori. Me desculpa. E-eu...

Ela me abraça antes que eu consiga terminar. Nós dois choramos juntos envolvidos pelo medo do incerto. Imagino como deve ser ter que passar por isso pela terceira vez: quando Mark morreu, quando Nina tentou suicídio pela primeira vez e agora.

O Silêncio Entre Nós Onde as histórias ganham vida. Descobre agora