O Silêncio Entre Nós

46 | Insecurity.

As pessoas me olharam estranho o dia todo; Riam quando passavam por mim; Cochichavam coisas, entreolhando-me. Isso era normal antes, mas agora, parece mais intenso. Parece em maior quantidade, parece que de invisível irritante, eu fui para notável irritante. Talvez, Adam ter me beijado na frente de todo mundo após o jogo, tenha sido precipitado. Mas talvez, se ele tivesse feito isso em dez anos, a reação ainda fosse ser a mesma. Todo mundo viu e os aplausos cessaram da parte da maioria das pessoas ali. E até talvez, ele ter dispensado sair com os amigos para sair comigo, com a Anna e com o Max para ir ao Mc Donald's no alto da cidade, pode ter vindo a irritar um pouco o time de lacrosse e até o treinador. E agora, eu sou mais desprezada que antes. Eu tento não ligar, mesmo sendo um pouco difícil.

Ao final da aula, quando o sinal bate, srta. Hale pede para que eu fique mais uns minutinhos. A professora de matemática, srta. Morgan, não vai sentir falta.
 
 
⠀⠀— Eu estive corrigindo redações que eu pedi há algum tempo para algumas turmas do segundo ano. — Ela diz, sentando-se sobre a mesa. — E uma delas me chamou muito a atenção.

⠀⠀— Não... Não sou do... do se-segundo. — Tento dizer.

⠀⠀— Mas tem amigos que são, certo? Adam, por exemplo.

⠀⠀— Sim. — Assinto.

⠀⠀— Acho que vai ser bom se você ler essa redação que ele escreveu no início das aulas depois do natal. — Ela sorri. — Pode entregá-la ao Adam, srta. Davis?

⠀⠀— Sim, acho. — Suspiro.

⠀⠀— Obrigada. Não esqueça de ler. É uma boa produção de texto.
 
 
Quando saio da sala, adentro ao banheiro. Bebi muita água hoje.
Assim que entre em uma cabine, ouço meninas cochichando do lado de fora e mesmo que eu não seja de prestar atenção nessas coisas, eu ouço o nome do Adam no meio da conversa.
 
 
⠀⠀— Óbvio que é por pena, Saddie. — Uma menina murmura. — Ele é o capitão do time da lacrosse; um total gostoso, gato e popular. Todo mundo nessa escola ficaria com ele; e não só ficaria. Ele tem fama de ser bem dotado e tudo mais. Ele escolher ela, é, no mínimo, engraçado. É uma piada com a cara dela. Natalie tem razão.

⠀⠀— Não acha que ele pode se apaixonar pela Nina de verdade, Lou? — A tal Saddie diz. — Adam não é desse tipo de namorar alguém por pena ou pra zoar. Ele é uma pessoa boa.

⠀⠀— Já olhou pra ela? Cara, é a Nina Davis. Ela é toda esquisitona. Usa umas roupas desastrosas, não fala com ninguém além da outra esquisitona, fa James. Esquisita assim como a mãe era. — Ela diz e eu estou chorando. — Davis é de dar pena, Saddie. Ela é doente e todo mundo sabe que ela já tentou se matar. Devia mesmo. Eu não gostaria de viver como ela. Nem inteligente ela é. Ela é mediana. Ah, e gorda. Prefiro mil vezes a Natalie. Adam ficou louco em trocar a Natalie, que é maravilhosa, por Nina Davis. Só pode ser uma piada. — Lou afirma, com um tom óbvio. — Não é boato, é realidade. Adam só está com ela por pena. E haja pena. — A garota ri.

⠀⠀— Vamos logo. Esqueça isso. Não é da nossa conta. — Saddie afirma e o banheiro se torna silêncio quando elas saem.
  
 
Procuro Anna assim que saio do banheiro. Eu mal consigo respirar. Meu coração está disparado e dolorido; minha cabeça está a mil.
Quando a encontro, ela está procurando por mim. E quando vê meu semblante desesperado, me abraça forte. Força que eu não sabia que ela tinha.
 
 
⠀⠀— Você sabe que não é verdade. — Anna suspira. Ela está claramente preocupada.

⠀⠀— Mas e se for? E-eu não sei. — Choro como uma criança.

⠀⠀— Nina, o Adam te ama. Ele nunca faria uma coisa dessas e você sabe disso. Isso foi uma merda que a Natalie inventou porque ela está com inveja. — Anna tenta me confortar.