[13] Aula de inglês.

6.6K 880 137
                                    

O caminho para o colégio foi normal, mas eu não conseguia parar de pensar em Nina dançando. Eu não conseguia parar de pensar na forma como ela estava se expressando tão bem. Foi simplesmente a coisa mais incrível que eu já vi. E não foi só durante o caminho até o colégio, até agora penso nisso.
 
— Está me ouvindo, Adam? — Natalie diz assim que adentramos à sala de aula.
 
— Desculpe, não ouvi. — Balanço a cabeça e sento-me.
 
— Já estou espalhando sobre a festa no meu aniversário. Você sabe, falta pouco. — Ela se senta na cadeira ao meu lado.
 
— Sim, eu sei. — Dou os ombros.
 
— Vou fazer uma festa à fantasia. —  Natalie abre um generoso sorriso.
 
— É uma boa ideia. — Digo simplesmente.

Não ligo tanto para festas, mesmo que as vezes eu vá. Acontece que não gosto muito de beber e nem do tumulto.
 
O professor de história, sr. Bennet, entra à sala e eu não entendo, visto que a primeira aula é de inglês.
 
— Oi, pessoal. — Ele diz, esfregando as mãos.
 
As garotas babam sobre ele, como se o cara fosse um modelo. Ok, ele é bonito e é o nosso segundo professor mais novo. A primeira é a outra professora de matemática, Ariel.
 
— A professora de inglês está atrasada, então eu vim passar a lista de quem vai entrar na aula extra de literatura. — Ele entrega uma prancheta para Dorothy, da primeira fileira no canto direito. Ela escreve seu nome e passa para trás. — Aliás, eu espero que vocês não sejam maus com a nova professora. É a primeira aula dela, não só aqui, mas a primeira de sempre. Vão passar muito tempo com ela, então, se eu souber que estão sendo maus, vou ficar bem decepcionado. — Ele suspira.
 
— Somos bonzinhos. — Derek diz e todos riem.
 
— Eu sei quão bonzinhos vocês são. — Sr. Bennet revira os olhos. — Olha, só não sejam maus e não deem em cima dela.
 
— Ela é gata? — Harry abre um sorriso malicioso.
 
— Não sei, só sei que ela é professora de vocês. —  Matt diz num tom de repreensão.
 
Quando a prancheta chega a mim, hesito em passar para trás, mas vejo o nome de Nina. Nina Davis. Talvez, passar mais um tempo com ela não seja de todo mal, certo? Deve ser legal aprender mais sobre livros, poesias, essas coisas e vai que a Nina fala alguma coisa? Boa! É isso o que vou fazer: Me inscrever na aula extra de literatura. Posso conhecer a Nina melhor, dessa forma.
Escrevo meu nome e passo a prancheta para Natalie, que ignora e a passa para o lado.
 
— Vai se inscrever em literatura extra? — Ela franze o cenho. — Desde quando você gosta de literatura?
 
— Desde agora. — Sorrio.
 
Uma mulher loura invade a sala calmamente, deixando alguns papéis em suas mãos caírem. Isso é tão, mas tão clichê. Matthew tenta ajudá-la, mas quando ela olha pra ele, murmura algo e sai da sala correndo. Todos nós nos entreolhamos, sem conseguir entender. Ela volta para a sala segundos depois e dá bom dia à turma; todos respondem em uníssono.
 
— O que faz aqui? Você é a nova professora? — Sr. Bennet diz para ela, franzindo o cenho.

— Eu mesma, srta. Hale. Desculpa, mas tenho que dar aula. — A mulher dá os ombros.

— Está atrasada. — Ele diz, sério. — Então, pessoal, era isso. Até mais. — Ele sorri. — Adeus, Emery. — Ele diz antes de sair.

A mulher tem o cabelo louro não muito longo, olhos de um azul claro e a pele branca corada. Ela é bem bonita.
 
— Sou Emery Hale e não precisam da formalidade de me chamar de 'srta. Hale', pode ser só Emery. Eu estou aqui para, em inglês, ensinar o mais sobre o que a nossa língua é; Em redação, mostrar como se expressar diante de assustos importantes ou considerados banais; E, em literatura, fazê-los sentir o que é o real sentimento. A paixão, o amor, o ódio, a alegria, a raiva... Tudo isso vem de livros e o que eles nos transmitem. Não vou dar livros chatos para vocês, mas isso depende da percepção. — Ela sorri. — Perguntas?

Algumas pessoas fazem perguntas e ela é objetiva ao responder. Um tempo depois, prossegue:

— Vamos começar com um tema de redação incrível! — Emery diz. — Vocês. — Ela sorri.
 
— Nós? — Ava diz e arqueia as sobrancelhas.
 
— O que poderia ser mais incrível que nós mesmos? Por isso, escrevam sobre vocês. Podem criar uma narrativa, uma dissertação, um artigo de opinião, um texto opinativo ou até um expositivo-argumentativo. Espero que saibam o que são. Todos sabem, certo? — Todos assentem quando Emery profere. — Vocês podem escrever em qualquer pessoa, só quero saber mais sobre vocês. Também não me importo se forem metáforas, ok? Vocês têm o restante da aula para escrever ao menos 30 linhas sobre vocês. Espero que não haja auto-depreciação. Vocês são legais demais para pensarem menos de vocês. — Sorrio. — Você, querido, entrega essas folhas pra mim, por favor? — Assinto e vou até ela para pegar as folhas que ela põe sobre a mesa.
 
Ela diz mais algumas coisas, mas não presto atenção, visto que estou entregando as folhas calmamente. Mas ela põe uma música do Ed Sheeran para tocar.
 
"Sou o Adam. É a forma menos convencional e mais piegas de iniciar qualquer tipo de texto: dizendo meu nome. Enfim, sou o Adam. Eu nunca sei o que dizer de mim... acho que não me considero a pessoa mais interessante do planeta. Sou uma pessoa normal; nada demais, nada de menos. Mas talvez eu possa falar de algo que eu gosto... faz parte de mim. Tem uma garota; uma linda garota. Eu a acho a pessoa mais interessante do mundo e não a conheço há muito tempo. Ela tem um sorriso bonito, olhos bonitos, cabelo bonito, coração bonito, alma bonita. Não pude conhecer muito do seu coração e alma, mas o pouco que pude, achei a melhor coisa que eu já sequer pude imaginar. Ela me deixa meio confuso, intrigado e até mesmo alarmado. Eu não tenho nada de muito interessante pra dizer sobre mim, mas sobre ela... ela tem tudo de interessante. Eu sinto como se ela fosse um mundo a ser descoberto, mas que ninguém nunca teve a coragem ou a vontade de explorá-lo. Isso é tão confuso e excitante, que eu fico... Não sei, sinto-me bem perto dela. Ela nunca diz nada, mas tem tanto a dizer. Deus, ela é demais! Eu poderia comentar cada detalhe do rosto dela, das roupas estranhas que ela usa, do quão bonito o sorriso dela é e da voz.... ah, a voz dela. É semelhante a de um anjo, mesmo que meio desafinada. Eu poderia até dizer detalhes sobre ela, mas isso é sobre mim e eu estou dizendo como me sinto quanto à ela. Ela é o segundo ser humano mais puro, gentil e adorável que eu já conheci em toda a minha vida. Eu sei que é confuso e peço desculpas, mas é isso. O que tenho a dizer sobre mim, é eu a acho um ser humano esplêndido."
 
Não prestei atenção no que escrevi. Eu simplesmente escrevi e quando notei, tinha Natalie debruçada sobre a mesa tentando ler o que estava escrito na folha. Ela sorri para mim e beija meu rosto.
 
— Isso é tão querido... Obrigada, Adam. — Ela abre um sorriso ainda maior. — É fofo pensar assim sobre mim.
 
— Sim, claro... hum, é, você. — Assinto e beijo seu rosto. — Vou entregar. —  Suspiro e levanto-me para entregar para a professora, que assente com um sorriso e agradece assim que entrego a folha.
 
Ok, Adam. Sobre a Natalie. É sobre a Natalie. É bom ser sobre ela.

O Silêncio Entre Nós Onde as histórias ganham vida. Descobre agora