62 | Back home.

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| A d a m |
 
 
Faz um tempo que Nina não fala comigo. Ou com ninguém. Tori, Margot, meu pai, Anna e Max. Ninguém, além da Abby, é claro, conseguiu tirar uma sequer palavra de Nina.
Ela fica deitada, inerte, olhando para o teto, ou para a as portas da que dão para a sacada. Ela só se levanta para tomar banho, que é com a ajuda da Margot. Acho que ela não quer que eu a toque de forma alguma.
Eu estou dormindo no meu quarto, já que percebi que encostar nela é como encostar nos espinhos de uma rosa. Ela se retrai e se afasta de qualquer toque. Eu sei que provavelmente não quer que eu a veja assim, mas o que tem de errado?
Faz duas semanas que voltamos de Londres e a médica de Nina daqui disse que o seu braço já estava bom. Ela tomou os remédios direitinho, não se moveu muito, então estava tudo bem.

⠀⠀— Eu sinto falta dela. — Suspiro.

Eu, Anna e Max estamos sentados em uma lanchoneye esperando a sessão de Nina com a dra. James acabar para almoçarmos. Eu a trouxe, pois a Margot estava ocupada organizando a pasta com as informações dos remédios.
Ela ficou calada o caminho todo. Nem pediu para colocar música. Silêncio.

⠀⠀— Eu estou tentando pensar que ela vai ficar bem, mas não acredito tanto nisso. — Anna balança a cabeça.

⠀⠀— Acho que ela só está cansada. Muito cansada. Se eu estivesse no lugar dela, estaria exausto. Eu também não tenho pai. — Ele dá os ombros.

⠀⠀— Eu dei sorte dos meus pais estarem juntos e dei mais sorte por eles se amarem de verdade. — Diz Ann. — Eu não sei como é, mas imagino que seja infernal. — Ela pega a mão de Max.
 
Eu tentei pegar a mão de Nina. Eu tentei entrelaçar os nossos dedos, ela ela tirou a mão. Todas as vezes.
Eu tentei arrumar seu cabelo atrás da orelha, mas ela recuou. Eu tentei ajudá-la a sair do carro, oferecer meu casaco, contar alguma piada, ler para ela, mas parece que eu não estou lá. Que sou invisível para ela. Nada que eu faça a faz reagir positivamente. E depois disso, eu quem preciso de psicólogo.
 
A porta da lanchonete faz o barulho ao ser aberta e, para a minha infelicidade, é Natalie acompanhada pelo... Chris? Eles estão de mãos dadas, sorrindo um para o outro como um casal apaixonado. Wow!
Eles me veem, mas passam direito, ignorando-me. Ainda bem.

⠀⠀— Pela sua cara, você não sabia. — Anna diz.

⠀⠀— Sabia o quê? — Franzo o cenho.

⠀⠀— Que eles estão namorando desde o inicio das férias. — Ela comenta. — Deve ser estranho.

⠀⠀— Minha ex-namora e meu ex-melhor amigo namorando? Sendo que são exs porque foram estúpidos com a Nina, que está sendo estúpida comigo? Não, não é nem um pouco estranho.

⠀⠀— Eu sinto, Adam. Acho que ela precisa de um tempo.

⠀⠀— Eu só odeio vê-la assim. Parece que ela está morta, Anna. Parece que só está apodrecendo na cama, sem levantar para nada. É horrível ver alguém que você ama assim. O que espera que eu sinta? Eu me sinto um lixo por não poder fazer nada, já que ela só me empurra para longe.

⠀⠀— Eu sinto muito. — Ela afaga as minhas costas. — Eu entendo a Nina. Parece mais fácil afastar todo mundo.

⠀⠀— Só parece. Para mim, é como passar pelo inferno. — Bufo.

Meu celular toca no bolso e é uma ligação de Nina. Eu pedi que ela me ligasse quando a sessão chegasse ao fim para que eu fosse buscá-la.

⠀⠀— Eu volto já. — Levanto-me.
 
Caminho até o final da rua, onde fica o consultório da dra. James. Vejo Nina sentada na sala de espera assim que chego. Beijo a sua testa e, estranhamente, ela não faz nada.

O Silêncio Entre Nós Onde as histórias ganham vida. Descobre agora