43 | Sick.

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| N i n a |
 
 
 
⠀⠀— Você está quente. — Adam suspira, pondo as costas da mão na minha testa.

⠀⠀— Estou bem. — Digo, segura. Entretanto, a tosse que segue à afirmação, denúncia que não estou tão bem quanto alegava.

⠀⠀— Acho melhor voltarmos para casa. — Adam suspira, virando meu corpo para si.

⠀⠀— Estou em casa. — Aconchego-me em seus braços quentinhos. — Você tem cheiro, gosto, jeito de casa. Tudo em você remete à casa.

⠀⠀— Ok, minha poetiza. Agora, vamos. Eu vou arrumar as nossas coisas. — Adam beija a minha testa docemente. — Quer água? Quer alguma coisa?

⠀⠀— Quero ficar aqui. — Enrolo-me na manta quentinha em que habito.

⠀⠀— Não vou discutir. — Adam se levanta e eu sinto certo vazio que, ironicamente, me preenche.

⠀⠀— Chato. — Reviro os olhos.
 
 
Talvez, termos ficado nadando na praia à noite, não tenha sido uma boa ideia. Ainda mais numa noite fria. Mas se ele não tivesse dito que seria melhor nos aquecermos, eu não teria saído. Acontece que eu não sentia frio; eu me sentia aquecida pelo calor do momento.

Eu observo enquanto Adam pega as roupas largadas pelo quarto. Ele junta os livros e os põe de volta na estante, pois após eu tê-los lido, os deixei espalhados. Adam organiza todos os moveis ligeiramente fora do lugar e arruma o tapete. Ele arruma nossas malas, organiza mais algumas coisas bagunçadas pelo local, troca de blusa para uma preta, arruma o cabelo e finalmente olha pra mim. Adam põe as mãos na cintura e suspira enquanto pensa em algo. Sorrio pra ele. Um sorriso fraco. Adam sorri de volta. Não é a coisa mais linda do mundo?
 
 
⠀⠀— Vamos? — Ele volta a se deitar ao meu lado.

⠀⠀— Não quero voltar à realidade merda que a gente vive. Ao menos eu vivo.

⠀⠀— Nem eu, mas temos aula. E você está doente, pequena. — Adam fica por cima. — Você fica linda assim.

⠀⠀— Como? — Murmuro com um pequeno sorriso.
 
⠀⠀— Sabe, com o pequeno feiche de luz que sai pela frecha da cortina aberta, iluminando seus olhos verdes e seu rosto corado pela vergonha de estar assim, sabe, intimamente. Seus lábios rosados, inchados, seu cabelo bagunçado pelo travesseiro, seu sorriso, o qual você não consegue conter. Eu amo olhar para você e te ver tão feliz, mesmo que meio doente. — Digo e ele pisca os olhos freneticamente.
 
 
A acaricio o rosto à minha frest com uma das minhas mãos trêmulas. Adam abre um sorriso ainda maior. Não consigo me conter quando ele sorri. Eu preciso beijá-lo mais e mais e mais e mais, mas por estar doente, não faço nada. Os lábios dele são leves e bons. São a melhor coisa que eu já tive para mim. Para poder desfrutar.
Minhas mãos pousam na sua nuca, levemente, mas as mãos frias de Adam tocam minhas ancas nuas pelo moletom estar um pouco acima, deixando minha barriga exposta. Eu sinto todo o meu corpo se arrepiar e uma sensação muito boa, como uma corrente elétrica, correr meu corpo. Eu me sinto infinitamente bem com essa sensação nova.
 
 
⠀⠀— O que foi isso? — Afasto-me, arregalando os olhos.
 
⠀⠀— O quê?— Ele franze o cenho.
 
⠀⠀— Isso. — Digo, pondo minha mão sobre a dele. — Choque.
 
⠀⠀— Ah, desculpa. Está gelada? — Meu menino diz, afastando sua mão da área e a cobrindo pela minha blusa novamente.
 
 
Rio.

Nós não estabelecemos limites, mas nós sabiamos quais eram. Só beijar, abraçar, contemplar, tocar e poder termos um ao outro. Ao menos para mim, isso já era o suficiente. Eu não precisava de mais com ele. Ele era o suficiente. As coisas avançariam conforme os passos de ambos e eu não tinha nenhum problema com isso. Secretamente, tinha medo, mas eu não dizia nada. Adam extinguia meu medo. O levava ao pó. Eu o respeitava e pouco me importava. Como eu já disse, o que tinha era o suficiente. Para ser sincera, eu só lembro que há algo além, quando ele fica excitado. É estranho, engraçado e constrangedor. Não tenho coragem de fazer nada sobre isso. São uma grande quantidade de vezes, e eu não sei bem por que. Mas é bom saber que eu causo algum efeito nele, assim como ele causa em mim.
   
 
⠀⠀— É bom. — Digo calmamente. — Sabe, é como uma pequena dor boa.
 
⠀⠀— Gosta que eu toque na sua pele? Sabe, por debaixo da roupa? — Adam franze o cenho.
 
 
O máximo que tocamos em pele, foram rostos, mãos, braços, seus pés, pescoço e áreas seguras das pernas. E, bem, nuca, e por vezes mínimas, cintura e quadril, mas nenhuma dessas vezes, houve malícia. Isso não era novo pra ele, mas completamente para isso.
 
 
⠀⠀— Sim. É bom. — Digo com um sorriso tímido.
 
⠀⠀— Posso fazer de novo? — Adam diz? como se estivesse falando com uma criança. Ele é um idiota. Um lindo idiota. — E eu não ligo se está doente. Eu vou te beijar, ok?
 
⠀⠀— Sim. — Assinto calmamente, fechando meus olhos.
 
 
Ele volte a unir nossos lábios e suas mãos fazem o caminho de volta para as minhas ancas e ele sobe meu moletom. Eu gosto da confiança que tenho com seu corpo. Tenho um corpo perfeito à minha forma e amo a imperfeição. Não ligo muito se importa se sou gorda demais ou magra demais ou se estou no meio termo. Ela não me importo com um espaço entre as pernas ou braços devidamente finos. Gosta do meu corpo e essa pequena confiança me deixa feliz. Fico feliz por eu saber que meu corpo não é a coisa mais importante do mundo; talvez eu gostar dele, seja. Estética e essas coisas são passageiras; tenro cultivar o que tem dentro, mesmo que, as vezes, o que há fora me deixe triste, pois as pessoas fazem com que eu me sinta mal sobre essa parte em mim. Tenho muito o que consertar em mim e meu corpo não está nessa lista. Único lugar que a minha baixestima não atingiu.

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