37 | Day 2.

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Eu ouço gritos e pulo da cama no exato momento. Engasgo e saio para o corredor, seguindo até o quarto de Nina, de onde os gritos provém. Assustado, empurro a porta e eu a vejo se debatendo na cama, ainda dormindo. Eu ando até ela e tento acalmá-la, mas seu corpo ainda se remexe violentamente e ela está chorando e gritando.
Eu fico por cima dela, tentando acalmar seu corpo, acariciando seu rosto. Entrelaço nossos dedos e seu corpo para de se remexer tanto. Seus olhos se abrem e eu saio de cima dela.
 
 
⠀⠀— Ei, calma. Está tudo bem. Viu? Foi só um sonho. — Eu me sento ao seu lado e ela faz o mesmo. Puxo-a para se sentar em meu colo para que eu possa abraçá-la.
 
 
Nina chora muito. Ela chora com a cabeça apoiada em meu ombro. Eu só a abraço forte e beijo o topo da sua cabeça várias vezes. Acaricio suas costas até ela se acalmar.
Prefiro que ela chore. Demonstra que ela sente; mas que não sente tanto quanto quando permanece inerte e distante.
 
 
⠀⠀— Teve o pesadelo de novo? — Eu pergunto, erguendo sua cabeça.

⠀⠀— Sim. — Ela sussurra, com a voz fraca.

⠀⠀— Quer falar sobre isso? — Eu passo a mão pelo seu rosto para limpar suas lágrimas.

⠀⠀— Não. — Ela pede.

⠀⠀— Tudo bem." Eu beijo sua testa. — Quer água? Quer que eu fique aqui?

⠀⠀— Não. Sim.

⠀⠀— Eu posso dormir no chão ou na poltrona. Ou posso ficar acordado. — Eu afirmo, mexendo em seu cabelo.

⠀⠀— Não. Pode... dormir aqui. — Ela diz, ainda tremendo. — Por favor.

⠀⠀— Ok, tudo bem. —  Eu sorrio, compreensivo.
 
 
Nina chega um pouco para o lado e puxa o cobertor. Eu me deito ao seu lado e puxo sua colcha branca sem graça para me cobrir. Ela devia, definitivamente, colorir esse quarto. É tão melancolico; depressivo. Sem cor. Tão fora da real personalidade dela.
Eu fico de lado, olhando para ela. O quarto está absolutamente escuro, mas eu consigo ver o brilho dos seus olhos. Ela se deita de lado, também e permanece olhando. Eu tenho vontade de perguntar sobre o que ela sonhou, mas não quero que ela se lembre disso. Também quero dizer coisas à ela, que não sei o que são, mas que eu sinto que preciso.
Cubro sua bochecha com a minha mão. Eu a acaricio e Nina se move um pouco. Eu me movo mais para perto dela, em silêncio. Só consigo ouvir as respirações e as batidas rápidas dos nossos corações. Como podem estar tão audíveis assim? Desço minha mão até as costas de Nina e a puxo um pouco mais para perto de mim. Ela não reluta, só se aninha ao meu peito, assim como eu acho que queria. Talvez fosse isso o que eu queria, mas não sabia ao certo.
A mão de Nina sobe para a minha bochecha e ela esfrega levemente a mesma. Meu corpo se aquece com a sua presença; ela é uma faísca que mantem a chama doce entre nós, acesa. Ela é quente; seu corpo é quente e pequeno. Passo meu braço ao redor dela e meus dedos insistem em passear pelo seu braço. Nina soluça um pouco e eu beijo o topo da sua cabeça. Sua cabeça está bem apoiada sobre meu peito nu; sobre meu coração. E sua mão ainda aquece gentilmente a minha bochecha. Não sei, mas acho que é o mais próximo fisicamente que já estive de Nina; intimamente, eu acho. Se bem, que ela quando agimos um com o outro, nem nos damos conta. Existe uma linha tênue entre nós, que delimita o espaço entre a amizade e, possivelmente, algo como gostar dela. E eu sei bem que eu gosto dela, mas eu não sei se Nina gosta de mim. Além do mais, meu término com a Natalie, mesmo que há um mês e pouco, pode ser considerado recente. Não considero sentir mais nada com ela, já que eu sinto tanto com Nina. E eu sei por que gosto dela... bem, as vezes parece que não, mas acho que sei. E eu gosto de gostar dela; de sentir esse frio na barriga com a proximidade, de sentir meu corpo quente com o seu tão perto do meu assim, de poder segurá-la. Eu me sinto protegido perto de Nina, como se nada no mundo pudesse me atingir e eu queria muito que fosse o mesmo com ela. Espero que seja, de verdade.
 
 
⠀⠀— Você está bem? — Eu murmuro.

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