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LYDIA

-Você não fez nada de errado, pare de pedir desculpas. –Falou num tom ríspido ao me encarar. Apenas assenti sentindo meu rosto queimar, sensação característica de quando algo me deixava sem graça, fazendo com que eu ruborizasse. –Está tudo bem?

-Sim.

-Certo. –Ficamos nos encarando por alguns longos segundos, que em minha opinião pareciam horas. Ele definitivamente era bipolar ou simplesmente um grande mal educado. –Vou entrar. –Ele apontou para a porta da lanchonete e eu apenas assenti ao me afastar sem ao menos dirigir palavra alguma de adeus ou qualquer afeição do gênero.

Ousei olhar para trás assim que tomei certa distancia, Jason continuava parado no mesmo lugar olhando para mim com uma expressão que eu não conseguia distinguir.

-Maluco... –Resmunguei ao olhar para frente. Assim que virei a esquina senti meu corpo ficar menos tenso, finalmente eu poderia desfrutar da minha tão “pesada e culpada solidão”.

Continuei caminhando em passos lentos, não tinha pressa alguma para chegar em casa, nem mesmo compromisso ou alguém me esperando. Eram apenas eu e as quatro paredes que formavam meu novo lar, precisaria me acostumar a viver sozinha. Quando estava prestes a virar a rua que dava acesso ao meu novo endereço, ouvi um barulho atrás de mim e percebi que era um carro preto, com a velocidade reduzida, ao perceber que eu havia notado sua presença ali, rapidamente parou ao meu lado e abaixaram os vidros, só então percebi que se tratava do Jason.

–O que houve?

-Você esqueceu algumas sacolas na lanchonete, Eva pediu para que eu as devolvesse. –Explicou ao apontar para o banco de carona onde as sacolas estavam.

-Porcaria! –Bati em minha testa. –Sou muito lerda, vivem dizendo isso. –Falei de maneira espontânea e pela primeira vez vi um sorriso se formar em seus lábios, sorriso esse que sumiu em segundos.

-Entra, eu te deixo em casa. –Ofereceu ao destravar as portas.

-Não precisa, já estou praticamente na rua de casa. –Falei ao dar com os ombros. –Não precisa se incomodar.

-Minha avó praticamente me intimou para ser simpático com você, Eva fez o mesmo e... –Ele passou as mãos em seu rosto. –Bem, vamos logo. Não estou tentando te levar para o outro lado da cidade, é só uma carona.

-Muito sutil e convincente. –Falei com certa implicância ao cruzar meus braços. –Tais qualidades se agrupam em sua personalidade juntamente com a bipolaridade e o mal humor constante? –Questionei ao encará-lo. Jason franziu o cenho ao ouvir minha crítica e gargalhou, deixando-me surpresa com tal gesto.

-Você tem personalidade forte pelo visto, Aretha. –Indagou ao balançar a cabeça. –Vai aceitar a carona ou vai agir de maneira errônea igual a mim? –Zombou.

Abri a boca algumas vezes na tentativa de dizer algo, mas as palavras não saiam da minha boca, por fim apenas circulei o carro e embarguei no mesmo.

Eu nem posso chamar aqueles quarenta metros de um percurso, eu o faria em dois minutos, mas me restava apenas agradecê-lo assim que paramos diante do meu endereço de número "duzentos".

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