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Após alguns minutos num breve martírio em um mar de questionamentos, bati algumas vezes em meu rosto e decidi que era hora de um longo banho, eu pensaria ainda melhor após tirar todo aquele suor e cansaço do meu corpo e após uma longa noite de sono tudo pareceria melhor, Andrea vivia dizendo isso: “o dia sempre trás com ele uma pagina em branco pronta para ser preenchida conforme nossas idéias.” Poxa, como eu sentiria falta dela, da minha segunda mãe.

Fiquei um longo tempo de baixo d’água, quando finalmente decidi sair dali eu já sentia meu corpo mais leve.

Abri minha única mala e comecei a procurar por uma peça confortável e naquele gesto mecânico de tirar, empurrar as roupas, ouvi um pequeno som metálico ecoar e foi como se o objeto rolasse brevemente, parei por um instante e vi do que se tratava: a minha aliança de noivado.

Eu havia tirado do meu dedo durante a viagem, mas faltou coragem para me livrar dela, afinal, eram anos e anos de convivência e lembranças que nem mesmo o tempo seria capaz de apagar, por mais que eu quisesse.

Novamente tomei a decisão de guardá-la, e assim fiz, abri a nécessaire de maquiagem e a guardei ali dentro até providenciar um esconderijo mais adequado.

Tantas decisões e planos eu teria que formular, o dinheiro que eu carregava comigo estava na mochila ao lado, a quantia não era absurda, no entanto, era considerável e eu conseguiria viver por algum tempo sem me preocupar, fiz pequenas retiradas da minha conta por vários meses, vendi algumas jóias que minha mãe não faria idéia se caso procurasse por pistas, pois sempre ganhei mais coisas do que precisava e com isso muitas vezes não tínhamos noção do que possuíamos.

Por outro lado eu não poderia simplesmente mobiliar minha casa de uma hora para outra, pois levantaria inúmeras suspeitas e com isso entraria numa zona de perigo, pois surgiriam dezenas de comentários do tipo: “de onde essa garota veio?” ou até mesmo “de onde ela tirou tanto dinheiro?”, com essas especulações surgiriam ainda mais riscos e chances de tudo acabar mal para mim.

Eu teria que viver fora do radar, comprar apenas o necessário, ou até menos que isso.

Depois disso, em poucos meses eu teria que começar a me preocupar com o dinheiro, algo que jamais parei para pensar, pois sempre tive quem se preocupasse por mim, apenas passava o cartão e a fatura iria direto para o contador da família que controlava nossas contas.

Luz;
Água;
Roupas;
Aluguel;
Lazer;
Remédios;
Mantimentos;

Aquela seria apenas o inicio de uma imensa lista que acompanhava aquela nova fase.

-Bem vinda à vida real, Aretha! –Falei ao sorrir com certa melancolia.

Declínio Where stories live. Discover now