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LYDIA

Estava totalmente entorpecida enquanto observava o aparelho tocar repetidas vezes. Agora seria questão de tempo para que Jonah contasse a todos o que acabará de descobrir e logo viriam atrás de mim. As consequências seriam inúmeras e grandiosas, quero dizer, eu havia cometido um crime ao forjar meu próprio desaparecimento, certamente isso implicaria fortemente na lei, fora o choque que eu causaria aos meus familiares e ao Andrew... De certo, nunca iriam me perdoar.

O que eu poderia fazer para me salvar? Eu não havia pensando nessa possiblidade. Não existia um plano B. Se eu caísse naquele momento indiretamente levaria comigo todos ao chão, como em um castelo de cartas. Tudo tornou-se frágil como uma peça de cristal, eu havia ido muito longe com minhas atitudes para que simplesmente pudesse ou quisesse voltar atrás.

-O que faço? -Murmurei pela milésima vez ao deitar minha cabeça na cama enquanto sentia as lágrimas quentes descerem pela minha face em um choro silencioso e pesado. Meu coração estava acelerado enquanto várias possiblidades e situações apareciam em minha mente, no entanto, nenhuma possuía lógica.

Eu só queria que um grande buraco surgisse no chão para que eu pudesse entrar e não sair nunca mais.

-Eu preciso ir embora daqui... -Falei ao erguer meu corpo enquanto olhava em volta em busca de uma solução mais enérgica, mas obviamente não existia tal bênção, eu não a merecia.

[...]

-O que você está fazendo? -Jason questionou ao surgir do meu lado, fazendo com que eu levasse um grande susto.

-Jason... -Minha voz saiu num tom baixo, quase que em um lamento.

-O que você está fazendo, Aretha? -Insistiu ao apontar para a mochila que estava em minhas mãos. Suspeitei pesadamente ao tentar segurar os soluços presos em minha garganta. -O que houve? -Jason estava com um semblante alarmado e seu tom de voz era controlado.

-Estou indo embora. -Murmurei ao desviar o olhar. Não queria encara-lo, estava com misto vergonha e medo.

-Embora? Como assim? -Falou incrédulo ao puxar meu corpo em sua direção fazendo com que eu olhasse para ele, mas minha cabeça estava baixa enquanto eu colocava algumas peças de roupa na mochila. -Olha pra mim e me explica o que está acontecendo... -Pediu ainda controlado ao segurar meu rosto entre suas mãos. -Estava tudo bem até hoje de manhã e agora você está dizendo que vai embora. -Proferiu ao tentar buscar respostas em "meu olhar".

-Eu... Eu sinto muito, Jason. -Falei ao fechar meus olhos. Naquele momento permiti que o choro preso desde o momento que Jason havia chegado pudesse sair com pesar. Eu realmente não queria perdê-lo, especialmente naquele momento. -Espero que um dia possa me perdoar. -Falei ao abraça-lo fortemente. Em um primeiro momento ele se manteve imóvel, eu conseguia ouvir sua respiração arrastada e era notável que ele estava aborrecido por não entender o motivo de toda aquela situação, mas conforme a intensidade do meu choro prolongava-se, Jason acabou cedendo e envolveu meu corpo em seus braços de maneira protetora.

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